Capítulo Cinquenta e Sete

5.7K 536 160
                                    

Samuel simplesmente não falou mais nada. Se virou na cama, gentilmente se desfazendo do toque do namorado e levantou.

— Samy...

— Tudo bem. Hã... Não é a primeira vez e não certamente não será a última — falou nervosamente, cheios de ironia consigo mesmo.

Samuel não costumava ser irônico, era até um pouco estranho vê-lo assim.

Tono o viu entrar no banheiro e suspirou, se dando por vencido. Era evidente que seu namorado não estava bem e não queria falar sobre o ocorrido, não queria pressioná-lo, mas aquela última frase ficou se repetindo na sua mente. Nunca imaginou que Samuel teria broxado outras vezes, pelo pouco que falou sobre a curta vida sexual quase nem fez sexo direito, era no mínimo intrigante que tenha conseguido broxar com tão poucas oportunidades.

— Tá. Cê que sabe, mas vem aqui — chamou assim que o músico surgiu outra vez no quarto, nitidamente deslocado e fugindo do seu olhar.

— Hum?

Toni fechou a cara e falou com mais firmeza.

— Vem aqui Samuel.

O músico quase irrompeu em lágrimas com jeito meio grosso do namorado e isso fez Toni abrandar mais o olhar, quando ele obedeceu, deu a volta na cama e foi até onde Toni estava. O moreno se levantou pelado mesmo e o abraçou pela cintura, o beijou na boca, num ósculo carinhoso de pura compreensão. Mas Samuel parecia tremer, cheio de receios, mal correspondeu ao beijo e quando se separaram evitou olhar para o moreno.

— Bora sair e comprar alguma coisa para comer. Que tu acha? — concluiu falando no seu ouvido.

Samuel apenas concordou com aceno de cabeça, porque sentia que se abrisse a boca para falar, cairia no choro igual uma criança. As última vez que tentou transar com a ex lhe atormentava em pensamento.

Foram para a sala vestir as roupas que foram largadas pelo chão. Tudo no mais absoluto silêncio, sem dizer uma única palavra.

Samuel estava desolado, se vestiu de cabeça baixa, era uma vista de partir o coração, mas era nítido que não queria nenhum tipo de aproximação nesse momento.
Quando o músico pegou a bengala lembrou das últimas palavras da ex, quando romperam o relacionamento. Olhou para o joelho e apertou a bengala na mão.

"... BROXA ALEIJADO QUE NÃO SABE COMER NINGUÉM..."

— Não é que você estava certa? — falou mais consigo mesmo, bem baixinho.

Toni terminou de se vestir e pegou a carteira. Foi abraçando seu namorado por trás, beijando a nuca, adorava ver como ele se arrepiava. Samuel não o afastou, não reclamou, apenas fechou os olhos e sentiu a carícia, um pouco triste agora.

De repente Toni lhe deu um tapão na bunda, o assustando. Samuel se virou com os olhos arregalados. Toni lhe mostrou um sorriso malicioso.

— Tô só amaciando para mais tarde, amor. Vou te pegar de jeito.

Samuel corou até o último fio de cabelo. O que tirou outro sorriso do moreno, iria provocar o músico até espantar aquele ar triste que o rondava.

Ainda era cedo para almoçar então foram no mercado que tinha ali perto. Samuel ainda estava encabulado com o ocorrido e havia voltado ao seu estado educado/forçado/automático. Toni queria comprar macarrão instantâneo, porque não sabia fazer absolutamente nada a não ser café.

Mas Samuel interveio e se prontificou em cozinhar alguma coisa.

— Mas pra quê cozinhar Samy? No nosso único dia juntos tu vai para cozinha?

UnilateralWhere stories live. Discover now