Capítulo Quarenta e Quatro

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O Ícaro era... o Ícaro. Não existia uma forma melhor de descrevê-lo. O garoto de dezoito anos não era tímido e reservado como pareceu nos primeiros dias. Depois que Toni esclareceu todos os incertezas do rapaz sobre seu relacionamento com César, Ícaro finalmente ficou à vontade.

Era um rapaz muito sentimental de fato, mas não tinha nada de contido, era tagarela, alegre e muito sensível. Tinha se apegado à Toni de tal forma que até César sentia ciúme da atenção que o pequeno namorado dedicava ao amigo. Era como se Toni tivesse ganhado mais um irmão mais novo, só não era caçula porque Lucas era criança.

Justamente por esse apego que Toni planejava descontar toda sua raiva e frustração em César. Foi exatamente o fez assim que o enfermeiro deu o ar da graça já tarde da noite, Ícaro dormia na sua embriaguez.

— AGORA ME DIZ COMO É QUE EU VOU RESOLVER UMA MERDA DESSAS?! CARALHO?!

— Mas... você não tem que resolver nada, o namorado é meu... eu vou me entender com ele e...

— Não é disso que tô falando sua toupeira! O Samuel tava comigo! Ele veio aqui em casa! Assim que a gente entrou o seu namorado veio se jogando para mim, bêbado e completamente carente! Quase beijou minha boca! Como eu vou explicar isso para o Samuel agora?! Tem alguma noção do quanto eu sou maluco por esse cara? Sabe o quanto eu tô tentando chegar nele?!

— Como... Assim ele se atirou em você? Ele te beijou?... Que tipo de amizade é essa de vocês? — questionou César maus para si mesmo, quase em pânico. Até colocou a mão na cabeça, entrando em desespero.

Toni estreitou os olhos ameaçadoramente para César. O enfermeiro não estava nem prestando atenção no que estava falando. Num rompante deu um murro na mesa fazendo um copo que estava na beira cair e se espatifar no chão, os talheres pularam fazendo barulho.

— Não começa com essa merda! Eu não tô com saco paras essas tuas paranoias! Seu filho da puta! Faz ideia do problemão que tu me meteu?!

César cobriu o rosto com as mãos, completamente derrotado, estava quase chorando, cheio de culpa. Afinal conhecia toda a história do amor unilateral do ex-companheiro com o músico.

Toni simplesmente estava frustrado com a confusão toda, mas não conseguia realmente bater em César por causa disso.

— Mas afinal de contas o que tu fez com aquele moleque para ele ficar daquele jeito? O fedelho entornou toda a minha cerveja! — questionou se forma um pouco mais branda.

— Nós estávamos... Só nos curtindo, sabe? Você saiu para passar o dia fora então eu queria passar o dia de folga com ele e tal... Até levei o café para ele na cama. Aí já viu né? Beijo aqui, uma chupada ali... O Ícaro é tão gostoso... Você não faz ideia marrento... Ele é uma tentação. Nossa aquela boquinha no meu pau foi uma loucura... Fazer um...

— Me poupa dos detalhes. Isso daí não me interessa. Pula para a parte que tu chamou ele de garota e pulou fora — apressou sem muita consideração pelo outro, ainda estava zangado.

César voltou a olhar para o moreno, pousando as mãos na mesa, com os ombros muito caídos.

— Eu não disse isso. Você conhece o Ícaro, sabe como ele é, não escuta ninguém e ainda coloca palavras na boca da gente. Ele... Distorceu tudo que eu falei e começou a jogar coisas em mim... Você me conhece marrento... Sabe que eu não sou de negar fogo a ninguém, mas... Na hora que as coisas foram esquentando... Nossa! Eu quase pirei de tesão! Fiquei maluco para meter naquele cuzinho com gosto...

— E por que não fez isso então. Teria evitado essa confusão toda — argumentou, completamente calmo agora.

— Eu não consegui. Na hora eu não consegui — desabafou como se fosse um pecado horroroso, tão pesaroso que chegava a dar pena.

UnilateralWhere stories live. Discover now