Capítulo Dezesseis

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Levaram cerca de seis minutos depois que a ligação caiu para chegar na casa abandonada da Rua das Orquídeas. Toni saltou do carro antes que César tivesse parado completamente. Se adiantou para o casal que saía da propriedade, envoltos de mais numa discussão para notá-lo antes que já estivesse empurrando o homem contra o muro manchado pelo tempo.

Devia ter por volta dos quarenta anos, alguns fios de cabelo branco despontavam na cabeleira preta. Ficou realmente assustado com a abordagem abrupta.

— O que tava fazendo nessa casa? — interrogou, fuzilando o homem.

Desorientado ele olhou para os lados, buscando ajuda. A mulher que o acompanhava veio em cima do rapaz, batendo e puxando inutilmente no braço tatuado que prendia o outro ao muro. Gritava e xingava, ordenava que soltasse o irmão dela.

— Moço eu não tenho dinheiro não moço tem misericórdia por favor eu não tenho nada aqui comigo... — o homem suplicava.

— Eu falei em dinheiro por acaso? Quero saber o que tava fazendo na casa! — exigiu, já respirando forte como um touro bravo.

— Ooooohhh! Calma aí camarada! Pega leve marrento! — César veio ao auxílio de todos, tentando acalmar os ânimos. Consciente da linha tênue que mantinha a sanidade do namorado.

— RESPONDE PORRA! — esbravejou, ignorando o enfermeiro e assustando a mulher.

— Toni calma! Ele está parecendo um dos caras do Barata para você?

— O que estavam fazendo nessa casa? — repetiu, intimidando o homem com seu olhar feroz.

— A gente ouviu uns barulhos e viemos ver o que era — adiantou-se a mulher, ainda tentando libertar o irmão.

César ergueu as sobrancelhas quando ela estufou o peito de forma desafiadora. Ela era muito corajosa.

— Mas a gente não devia. Eu falei para chamar a polícia logo... mas... — balbuciou o homem, muito assustado com o olhar assassino do rapaz de olhos pretos.

A mulher cortou a fala hesitante do irmão, falando com mais convicção.

— Os malditos viciados usam esta bosta para usar drogas! Semana passada a filha da "cumade" Maria foi atacada aqui por um marginal desses!

— Os vizinhos aqui da rua ainda tão tudo muito revoltado — justificou o homem, tentando explicar a ousadia na voz da irmã.

— Moramos aqui do lado e ouvimos o barulho do portão...

— Tá bem, desculpe a confusão. Quer soltar logo ele! Não estão com o Barata! Não está vendo caralho! — repreendia César, tentando puxar o braço tatuado que prendia o homem contra o muro.

Na rua quase deserta passou um carro velho lentamente.

O ocupante do banco do passageiro era um rapazinho magro, negro, alto, o cabelo era comprido trabalhado em trancinhas que se colavam a cabeça. O rosto magro e a expressão languida sem graça mostrava que devia ter por volta de dezenove anos. O cotovelo apoiado na janela era ossudo e reafirmava sua magreza.

Quando César o avistou cutucou Toni e indicou o carro. O moreno virou a cabeça, acompanhando o trajeto do veículo barulhento, era um Chevette branco muito mau cuidado.

O rapazinho baixou o óculos escuro que usava, até o nariz e olhou-os seriamente. Cumprimentou os dois com um aceno de cabeça e o Chevette foi se afastando na mesma marcha lenta. Pelo vidro de trás ainda puderam ver quando o rapaz colocou um celular na orelha.

— Gente do Barata. Vai bater para ele que a gente apareceu — comentou o enfermeiro, explicando o óbvio.

Muito frustrado, se consumindo em ódio Toni soltou o homem e ficou olhando o Chevette sumir na esquina.

UnilateralUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum