Capítulo Quarenta e Dois

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Este capítulo recebeu comentários homofóbicos na primeira vez que foi postado aqui na plataforma, algo sobre os sentimentos do casal descrito abaixo ser algo errado, me lembro que fiquei muito magoada na época, então aos leitores que chegaram até aqui eu advirto que são cenas da primeira vez de Toni e Samuel, eles se amam, trocam palavras de amor no final do capítulo enfatizando essa enlace emocional, então leiam apenas se sentirem a vontade para isso. Só passei aqui para registrar como é símbolico para mim postar ele de novo.
Boa leitura gente.

***

— Isso não é brincadeira! Nunca pensou que eu posso ainda querer alguma coisa contigo? — questionou segurando a palheta entre os dedos, tocando também no pescoço do músico, ainda muito próximos.

Toni detestava ver os olhos cor de mel tão cheio de lágrimas, chegava lhe dar um mal estar terrível, como se fosse ele próprio. Que estivesse chorando.

— Você pode achar alguém melhor. — a última palavra saiu tão sofrida que mais pareceu um sussurro.

— Ei cara, para com isso! Não tem absolutamente nada de errado contigo, Samy. Para de falar desse jeito.

Toni estava se esforçando para moderar o tom da sua voz. Não quero que parecesse que estava brigando, mas com seu tamanho e sua fama de esquentadinho qualquer alteração na sua voz já passava a impressão errada.

Se encararam assim, de pertinho por um longo momento, enquanto Toni experimentava pela primeira vez na vida, as angústias de fazer uma declaração desse tipo. Acariciou o cabelo loiro com todo amor que sentia.

— Não vai dizer nada? — questionou, já prevendo o pior pelo jeito de "coelhinho assustado" que Samuel tinha nos seus braços.

— Eu não posso... me desculpe – falou num tom educado e um pouco frio de mais para situação.

— Não pode o que? — questionou baixinho, sem conseguir esconder seu sofrimento por estar levando outro for a da pessoa que mais amava.

— Te corresponder, eu não... consigo.

— Gosta de outra pessoa?

Samuel riu um pouco triste, se soltando dos seus braços, os dois foram sentando no chão.

— Quem me dera... não. Eu apenas não posso.

Toni se perguntou do que exatamente ele estava falando, Samuel tinha um jeito tão esquisito de se expressar as vezes. Afinal, ele dava todos os sinais de que o correspondia de alguma forma, então, o que aquela resposta queria dizer? Por um longo momento nenhum dos dois disse nada.

— Não iria dar certo Toni, eu sei do que estou falando.

— Ah é? Então me explica, porque eu não tô entendendo! Até um minuto atrás a gente tava quase trepando! — rebateu meio ríspido, já foi se levantando e vestindo a camiseta.

Samuel ficou constrangido.

— Ainda bem que não aconteceu então. Você se decepcionaria muito... Você merece alguém melhor.

Toni riu com amargura e balançou a cabeça numa negativa. Era evidente que não havia mais clima para romance, nem "noite dos caras" que não passou de uma desculpa para ficarem mais tempo juntos. Foi assim que levou um fora. Saiu de perto do músico antes que ele pudesse ver como estava afetado realmente, apenas foi embora. Já não tinha mais lágrimas para chorar por esse sentimento ridículo que nutriu por seu amigo.

Sozinho, sentado no chão frio Samuel tocou os lábios com a ponta dos dedos, e a primeira lágrima escorreu pelo seu rosto, silenciosa e dolorida, em seguida vieram outras e mais outras. Ainda podia sentir aquela sensação elétrica e carinhosa que sentiu apenas uma vez na vida. A primeira vez que beijou Toni lhe veio a mente, a sensação de estar completo foi tão sublime naquele beijo que a lembrança ainda o sufocava. Seu rosto se contorceu numa expressão de dor. Pensou em Toni, naquele beijo recente tão repentino, o que teria acontecido se não tivesse se afastado dele naquela hora? Até onde teriam ido?
Imediatamente lembrou da ex-namorada, da sua desastrosa primeira vez com ela. Queria muito poder esquecer aquilo, mas foi a sua primeira vez afinal de contas, nunca esqueceria, especialmente da reação dela quando viu suas cicatrizes, das palavras duras quando o namoro se findou.

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