Capítulo Quarenta e Um

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O que deu mais trabalho foi separar as caixas, a maioria estava identificada com o cômodo a qual pertencia, mas nem por isso ficaram mais leves. Para um homem do porte físico de Toni era até fácil, afinal levantava peso na academia, mas Samuel sofreu um pouco com as coisas do quarto, quase caiu da escada uma vez, foi o bastante para o moreno se encarregar de distribuir as caixas pela casa.

Enquanto desencaixotavam as coisas Toni foi observando Samuel discretamente, queria saber tudo sobre ele. O músico era calmo, a conversa entre os dois fluía normalmente, mas ainda existia uma distância esquisita e frustrante. Era evidente que não podia simplesmente passar alguma cantada barata em Samuel. Não se imaginava dizendo algo como "Ai cara, tu não é estrada esburacada, mas tá um pedaço de mal caminho". Essas cantadas idiotas de pedreiro certamente não funcionariam com alguém como o músico, tinha que pensar direito.

- Toni! Ei!

Samuel precisou tocar no ombro do homem para chamar sua atenção a mão macia irradiava um calor gostoso ali.

- Eu perguntei se você pode ir no supermercado. Eu não conheço quase nada por aqui.

- Ah! Tá... O que tu quer comprar?

Samuel riu tão natural que chegava ser encantador.

- Comida. Você está esquisito, tudo bem?

- É só umas paradas aí que eu tenho que resolver.

Samuel havia percebido a distração e o mau humor do moreno desde que ele havia chegado, era evidente que o rapaz estava preocupado com alguma coisa.

- Talvez não seja da minha conta, mas você sabe que pode contar comigo não é?

Toni gargalhou alto, se divertindo com essa possibilidade. De repente lhe ocorreu algo mirabolante, que com certeza funcionaria muito melhor do que qualquer cantada sem noção.

- Noite dos caras! Vamos fazer uma só nós dois! É disso que tô precisando!

- Como assim?

- Ué, uma noite só dos caras! Cê sabe, bebida, pizza, videogame, filme de ação, rock, ou qualquer outra música, sei lá. Nunca fez uma coisa assim com os teus amigos? - tentou não parecer tão interessado quanto realmente estava.

Samuel passou a mão na nuca, meio desconfortável.

- Eu não tenho amigos... Toni - contou como se fosse a maior das suas vergonhas.

- Hã? - escapuliu.

- As pessoas sempre me acharam chato, meio... frio.

Isso era surpreendente. Mas era óbvio que Samuel não estava vontade com tantas explicações.

- Então hoje vai ser a primeira vez!

Samuel estava um pouco sem graça, mas não rejeitou a ideia.

Arrumar a casa foi relativamente fácil com a ajuda do tatuado, Toni arrastava facilmente qualquer móvel, era de fazer cair o queixo. A geladeira, o fogão, os armários da cozinha, a mesa, as cadeiras, o sofá, o rack com a tv, a mesa de centro, as estantes, outra mesa, poltronas, a cama de casal, e por aí vai. Os móveis no andar de cima obviamente Samuel ajudou a carregar, mas foi apenas por uma questão de equilíbrio. Dividindo o peso de tudo o músico já sentia dores pelo corpo, afinal não era habituado a se mover tanto.

A medida que a casa foi ganhando as características do dono Toni percebeu que com exceção da cozinha, todos os outros cômodos tinham um lugar para descansar, no escritório tinha um divã, no quarto fora a cama, tinha uma poltrona enorme, na sala tinha aquele sofá gigante em forma de U que ocupava uma parede toda. Nas varandas tinha espreguiçadeiras, tanto na de baixo de como na de cima e no banheiro do quarto do músico tinha uma banheira, então tecnicamente também tinha um lugar para deitar. Era tão estranho que Toni acabou perguntando a respeito desse detalhe curioso.

UnilateralWhere stories live. Discover now