Capítulo Vinte e Três

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— Por que mudou de ideia? Eu pedi isso para ti faz tanto tempo.

César estava um pouco surpreso, um pouco receoso e notavelmente tentando não parecer animado.

— Porque sim. Se não quiser mais fala logo...

Mas sua fala foi cortada, Toni foi comprimindo os lábios até formarem uma linha fina e um vinco surgiu entre suas sobrancelhas. César o invadia sem preparo nenhum, lentamente deslizava para dentro do seu corpo, abrindo espaço de forma constante e vagarosa até se enterrar todo no corpo alheio.

Suas respirações se misturavam ofegantes, seus corações batiam com violência no peito. Ficaram muito quietos, muito parados, se acomodando um ao outro. Toni abriu os olhos que nem tinha percebido que os havia fechado e encarou o namorado com a mesma chama rebelde que o consumia quando brigava na rua.

— Filho de uma puta — xingou com os dentes apertados.

César sorriu, seu corpo todo tremia suava e se aquecia em ansiedade, quase cedendo à vontade de se mover logo.

— Vai te...

Mas César o calou com um beijo feroz, faminto e desejoso. Toni não gostava muito de beijos, aceitava os do namorado, mas por pura vingança o mordeu até tirar sangue, César gemia e tentava pedir para soltar entre mil desculpas ao mesmo tempo.

O enfermeiro moveu os quadris num movimento bruto, Toni sentiu aquela dor lancinante que o fez soltá-lo da mordida e conter a voz na garganta. César gargalhou alto, passando a língua no machucado e olhou o rapaz com malícia.

— Cara... vai ser o bicho morar contigo meu marrentinho.

Toni o ignorou ainda curtindo a sensação dolorida no seu corpo, até sua respiração estava falha. César o envolveu nos braços, num abraço apertado e esperou o tempo que precisou até perceber o corpo do moreno relaxar.

— Desculpa amor... Foi maldade minha... — falou no seu ouvido.

Mas novamente Toni o ignorou, então apenas prosseguiu.

— É claro que eu vou adorar morar contigo.

Ouvir a aceitação livre de provocações ou ironias o afetou mais do que esperava. Mal podia acreditar que alguém o queria do jeito torto, emendado, cheio de rachaduras que era.

Pela primeira vez em anos Toni se deixou guiar pelo calor do momento e envolveu o namorado com os braços também, escondeu o rosto na curva do seu pescoço para que não visse como o havia abalado.

— Idiota — sussurrou baixinho.

César sorriu, procurou sua boca, num beijo ardido, com sangue, saliva, desejo e carinho de dois amigos que viraram amantes e agora praticamente noivos. Apesar do começo abrupto, naquela noite se amaram. Não com as malinações de sempre, fizeram amor a noite toda, comemorando a nova fase da vida que viria, sem palavras, sem brindes, sem testemunhas, sem conversas alongadas. Comemoraram apenas com gemidos e murmúrios de prazer. César tomou posse do seu corpo e novamente o fez esquecer o mundo fora daquele quarto.

Esses foram os dias mais divertidos.

O mais difícil foi contar para Magnólia, apesar do sentimento de perda na sua voz ela não conseguiu esconder o orgulho que sentia do filho mais velho.

Mas a maior surpresa veio através de Viviane. Há dias a garota andava abatida, com olheiras e olhos vermelhos e inchados. A princípio Toni não disse nada respeito, porque deduziu que a amiga estava tendo problemas com o noivo. Uma vez chegou a perguntar mas a moça foi evasiva e fingiu que não tinha problema nenhum.

UnilateralWhere stories live. Discover now