Capítulo Trinta e Três - Parte Dois

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— Eu estava brincando, acho melhor eu ir embora de verdade agora — falou bem pertinho do rosto alheio, olhando a boca avermelhada pelas mordidas que deu com olhos cobiçosos.

— Dorme comigo.

Samuel estava tão constrangido que chegava dar pena em quem via. Caio começava a compreender por que Otávio achou que devia intervir na situação do músico.

— Eu achei que não queria — argumentou.

— Eu... Estou me referindo a dormir mesmo... — falou mais sem graça ainda.

Foi assim que Caio se aprofundou na casa e conheceu o quarto do músico. Caíram na cama do jeito que estavam, a sensação de estar deitado assim com outra pessoa era estranha.

Caio deitou a cabeça no seu ombro, se aconchegando de forma inocente, ficaram em silêncio um longo tempo, Samuel não sabia o que dizer. O garoto de programa estava muito mais à vontade agora que tudo estava esclarecido.

— Então... Você é gay mesmo? — ouviu a voz do garoto de programa surgir no escuro.

Samuel sentiu os olhos lacrimejarem.

— É o que parece...

— Isso te incomoda? — o tom era cauteloso.

Samuel refletiu uma última vez, fechando os olhos e deixando a verdade lhe preencher totalmente de forma sufocante.

— Não.

— Então porque eu acho que você está chorando? — questionou baixinho.

— Não é por isso. É porque ainda sou eu... Sair com homens ou mulheres não faz diferença se ainda sou eu aqui dentro — se referia ao seu coração.

— Você não pode ser tão ruim assim.

Samuel riu um pouco amargurado.

— você não me conhece.

Depois dessa conversa totalmente sentimental houve mais um longo momento se silêncio.

— Posso fazer uma pergunta pessoal?

Samuel riu da pergunta.

— Você meteu a língua na minha boca, acho que já pode fazer qualquer pergunta.

— Você... É... Tipo... Mutilado ou algo assim?

— Mutilado? — estranhou o uso da palavra e ficou repetindo na sua mente.

— Uma vez eu saí com um cliente assim, ele sofreu um acidente anos atrás e teve que tirar os testículos.

— Não, eu tenho tudo no lugar — falou normalmente.

— É que você ficou tão nervoso lá no sofá... — prosseguiu, ainda baixinho com muita cautela.

Samuel absorveu a informação e pensou a respeito.

— São coisas da minha cabeça. Não é importante.

Caio se moveu, Samuel sentiu o garoto levantar e depois o corpo se colar ao seu corpo e a boca alheia procurou a sua.

O músico se deixou beijar, foi levado novamente por sensações há muito esquecidas. Mesmo excitados Caio respeitou seu jeito mais retraído e não insistiu em tirar a roupa do homem.

— Você nunca ficou com outro homem não é?

Samuel engoliu a saliva da boca, com um nó se formando na sua garganta.

— Não — sua voz já saiu rouca.

No escuro do quarto, mal podia ver Caio, mas sentiu quando ele se levantou, ouvia sua respiração de e sons de movimentos e panos. A voz baixa e cúmplice surgia do meio do escuro.

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