Capítulo Trinta e Sete - Parte Um

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Podia ouvir as batidas do próprio coração, forte, resistente, porque não dizer... contente com o que via. A brasa que sua revolta se tornou nos últimos anos se acendeu novamente com simples sopro, virando uma fogueira tão alta que lhe queimava as entranhas.

Eduardo estava parado há cerca de dois metros do casal, vestido de forma elegante, com as mãos nos bolsos da calça, olhava diretamente para Toni com os olhos brilhando... de medo.

— Podemos conversar?

Toni fixou seus olhos pretos endiabrados no semblante cansado e temeroso do homem por um momento que pareceu eterno. Aquela voz era tão perturbadora que seus ouvidos até zuniram e não conseguiu ouvir mais nada, nem o barulho dos carros, nem o que César falava bem do seu lado.

Foi como ver um touro enfurecido, Toni foi na direção do homem com passos pesados e ritmados. Tudo aconteceu tão rápido que ninguém teve chance de reagir.

Foi uma pancada certeira direto no queixo e Eduardo estava cambaleando dois passos para trás, outra do outro lado e mais outro.

Toni estava pronto para quebrar o nariz do homem com um soco, mas quando foi acertá-lo César segurou seu braço. Num puxão bruto Toni se libertou da mão que o atrapalhava e empurrou César com força, quando virou já foi batendo em Eduardo outra vez.

— Para com isso! Toni! Caralho eu tô falando contigo!

As pessoas começaram a se afastar assustadas com a briga.

Mas nada chegava ao consciente do rapaz, estava literalmente cego de ódio, seguia batendo e batendo como se sua vida dependesse disso Eduardo não reagia, apenas tentava proteger a cabeça.

Foi quando Toni deu um pisão no peito do homem, o derrubando no chão que César viu uma brecha. Agarrou Toni por trás, numa chave de pescoço.

Mas César não tinha nenhuma técnica em luta, nem ao menos sabia usar a própria força adequadamente, por isso, mesmo sendo menor, Toni sempre vencia suas disputas.

— Tá ficando maluco porra! Para com essa merda agora! — esbravejou o enfermeiro, bem perto da sua orelha.

Toni nem se deu ao trabalho de responder, deu uma cotovelada forte nas costelas do companheiro, mas César não o soltou. Deu outra, aumentando ainda mais sua raiva por ter sido interrompido, deu três cotoveladas no mesmo lugar, a última arrancou um gemido dolorido do homem, que vacilou no aperto por um segundo, mas foi o suficiente para Toni se soltar.

O moreno virou de repente dando um soco potente na bochecha do companheiro e outro do outro lado, o terceiro no queixo, sem nenhuma hesitação ou consideração com o namorado.

Era como um aviso que não devia se intrometer.

Eduardo estava se pondo de pé ainda, quando Toni o pegou pela gola da camisa social com uma mão e foi massacrando o abdômen do homem com duas pancadas potentes e uma joelhada. Quando o soltou Eduardo foi caindo no chão outra vez. Mas foi erguendo uma das mãos, como se pedindo para Toni esperar e foi falando junto com medo de nem ser ouvido.

— Eu... só quero... conversar...

Toni o olhava sem nenhum vestígio de humanidade nos olhos.

— Já tamo conversando. Cê num lembra que é assim que gente conversa? Eu te avisei não avisei não seu porra! Avisei para tomar cuidado e não topar comigo na rua — falou com os dentes apertados de ódio.

— A Vivi me deixou — contou enquanto conseguia se colocar de pé.

A notícia não surtiu qualquer efeito no moreno. Mas agora que olhava bem, era evidente o abatimento do homem, os olhos fundos, a expressão cansada.

UnilateralWhere stories live. Discover now