Original Sin

CAP-70

Alay e Pablo estavam dormindo de madrugada, quando o barulho de algo batendo no chão com força ecoou pelo andar de baixo. Os dois acordaram, de sobressalto. Luciana e Rafael, que dormiam de conchinha, também. Larra e Benjamin, que dormiam tranquilamente, idem. Stet, Théo e Diogo também. Só Dulce que nem se abalou, em seu sono calmo.

Alay: O que foi isso? - Perguntou, sonolenta.

Pablo: Eu não sei. - Respondeu, rouco de sono, se sentando. Alay viu ele pegar o relógio no criado-mudo da cama, e olhar as horas. Ia dar 4 da manhã. - Como tudo aqui quem tem que resolver sou eu, vou logo olhar o que foi. - Resmungou, esfregando o rosto.

Alay: Eu não quero ficar sozinha! - Disse, segurando o braço do marido, se sentando na cama, cobrindo o busto com o lençol. Pablo olhou ela e viu os dois olhos azuis da mulher assustados.

Pablo: Venha comigo, então. - Chamou, sorrindo de canto. Ele se aproximou e segurou o rosto dela de leve e a beijou carinhosamente. Ela sorriu com isso.

Alay: Eu gostava dessa. - Reclamou, pegando o frangalho de sua camisola nos pés da cama. Estava inutilizada - Sabe, tirar sem rasgar não faz tão mal. - Disse, erguendo a sobrancelha pra ele. Pablo riu gostosamente.

Pablo: Rasgar é mais rápido, - Ele deu um selinho nela - Mais fácil, - Deu outro selinho - E mais divertido. - Concluiu, malicioso. Alay deu um tapa nele - Já me acostumei. - Debochou, tranquilo, enquanto vestia a calça.

Alay: Vou começar a rasgar suas roupas também, pra você ver como é divertido. - Ameaçou, e viu ele parar, analisando o que ela tinha dito. Pablo se virou pra ela, erguendo a sobrancelha e sorrindo. Alay fez uma careta. - Esquece. - Ele riu e se levantou.

Pablo vestiu sua camisa, e o roupão. Ele deu uma camisola nova, do guarda-roupas a Alay, que vestiu. Ela se levantou, vestiu o hobbie, e terminou de soltar o cabelo, que anteriormente tinha prendido, mas agora estava quase solto. Ela foi até o berço da filha, verificou a menina, depois deu a mão a Pablo, seguindo-o. Encontraram os outros casais da casa no mesmo estado, no corredor, e assim todos seguiram pra ver o que era. Quando chegaram ao andar de baixo, ouviram o alvoroço vindo da cozinha. Com Pablo abrindo o cortejo, foram ver o que era.

Benjamin: Vamos lá, o que houve dessa vez? - Perguntou, olhando o estrago que ali estava.

Um armário tinha se desintegrado completamente. Haviam centenas de cacos de vidro no chão. O que era estranho, nunca nada havia quebrado na mansão Devie. Os donos trocavam as peças assim que elas começavam a ranger, ou perder a beleza, para evitar maiores problemas.

Rose: Eu não sei, senhor. Este armário não tinha um dano. - Explicou, e parecia confusa olhando a bagunça no chão. A empregada estava enrolada em um roupão, assim como todo mundo.

Rafael: Estranho. - Comentou, olhando a peça.

Pablo se aproximou, após soltar a mão da esposa, pra olhar a peça quebrada. Ele passou pelos cacos de vidro, e ergueu uma taboa do armário caído no chão. Estava em perfeito estado. Ele procurou a parte quebrada, que fez a peça ruir, mas não encontrou. Tinha ciência dos irmãos e da mulher o observando, mas se havia quebrado, tinha que haver algum dano. Mas não havia. Pablo olhou em um canto, perto dos vidros. Havia uma porção de parafusos, empilhados ali, em perfeito estado, como se alguém tivesse desparafusado a peça. Ao pensar nisso, algo veio a sua cabeça.
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FLASHBACK DE PABLO
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Lorena: Você não veio ontem. - Se queixou, quando ele entrou no quarto.

Pablo: Não consegui. Minha mãe tem o sono muito leve, todo e qualquer barulho a desperta. - Se justificou, se aproximando da morena.

Alay: Pois um dia entrarei em sua casa de madrugada e desmontarei um móvel, fazendo-o ruir. E sua mãe engolirá a língua de susto. - Disse, caprichosa, e Pablo riu, beijando-a em seguida.
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FIM DE FLASHBACK
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Pablo: Lay, porque você não vai checar Dulce? - Perguntou, se levantando, ainda olhando os parafusos.

Alay: Eu verifiquei quando saímos, ela continua dormindo. Você sabe, ela não acorda fácil. - Justificou, confusa, olhando o marido.

Benjamin: E então? - Perguntou, sobre o armário.

Pablo: Devem ter sido cupins. - Mentiu, virando-se pros empregados. - Está tarde. Voltem pra suas camas. Rose, amanhã faça uma lista do que foi quebrado e mande alguém ir a cidade, repor. Evitem circular por aqui até que esteja limpo, eu não quero ninguém ferido. - Rose assentiu, aliviada. Estava morta de cansaço, e se fosse supervisionar a limpeza agora, emendaria com o dia. Estava surpresa também, Pablo não costumava ser generoso. Mas obedeceu a ordem, e pouco a pouco todos foram voltando as suas camas.

Larra: E se foi o rato que roeu o armário? - Perguntou, pensativa, olhando Luciana.

Luciana: Será? - Perguntou, alarmada, olhando pro chão.

Alay: Onde você vai? - Perguntou, olhando o marido sair do cômodo.

Pablo: Olhar a Dulce. - Respondeu, calmo.

Alay: NÃO! - Pablo se virou pra ela, confuso - E se foi o rato, eu não quero ficar aqui. - Ela se agarrou a cintura do marido.

Pablo: Petit, para com isso, não foi o rato. Ele já deve estar longe daqui. - Disse, se soltando da esposa, sorrindo da inocência dela e voltando ao seu caminho.

Alay se agarrou a cintura dele novamente e enlaçou as pernas na perna dele, de modo de que quando ele andava, levava ela junto. Todos riram, e ela se manteve firme. Pablo subiu as escadas, rindo, e a mulher ainda estava agarrada a sua perna.

Pablo: Lay. - Repreendeu, aos risos.

Alay: Não me larga não, eu tô com medo. - Disse agoniada agarrada na perna dele. Pablo teve pena.

Pablo: Venha. - Ele segurou as mãos dela, fazendo ela se erguer. Alay se abraçou a ele. - Ei, calma. - Ela encarou ele com os olhos azuis, amedrontados. Pablo carregou ela, que riu, abraçando ele pelo pescoço.

Pablo levou Alay de volta pro quarto. Dulce dormia calmamente, do jeito que eles haviam deixado. Ele colocou a mulher de volta a cama e se deitou em seu lugar, se agasalhando. Estava fazendo bastante frio. Eles namoraram mais um pouco, mas logo Alay adormeceu. Já Pablo não dormiu mais. Ficou deitado, observando a mulher dormir em seus braços, com o pensamento longe.