CAP-31

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Rafael: Quando eu e Benjamim os encontramos, não era tecnicamente nada. Era um precipício. Luisa jazia morta na beirada do abismo. Benjamin verificou. Pablo estava desmaiado não muito longe. A carruagem onde ele e Lorena fugiram eram destroços lá embaixo.

Alay considerou a história. Pablo fugindo com Lorena, Luisa atrás pra impedir. E de repente, só havia Pablo. Mas...como?

Rafael: Quando Pablo acordou, estava desnorteado. Perdera a mãe e a mulher em um unico golpe. Demorou a se recuperar. E então, perdeu tudo. Ele era feliz, Lay. Tinha alegria, havia vida em seu rosto. Depois ficou assim, mais insuportável do que já era. Ele não se lembrava de muita coisa. Só que Luisa chegou, queria que ele parasse, mas ele não o fez. E então ele apagou. Quando acordou, estava no hospital. Foram tempos difíceis, Lay. Ele se apaixonou por uma prostituta, enquanto você era dele. Papai não ia manchar seu nome desfazendo o trato pra que ele ficasse com Lorena. Eu mandei Luciana pra longe, por mais que me doesse, assim que nós nos casamos. Ela é sensível, não lhe faria bem.

Alay: Obrigado por me contar. - Sorriu, abaixando a cabeça. Mesmo sendo doloroso, era melhor saber a verdade.

Rafael: Um dia, todo esse inferno vai passar, minha Lay. - Ele prometeu, abraçando ela pelo ombro - Haverão crianças correndo por essa mansão, e isso não será mais que um passado obscuro. - Alay sorriu com a ideia, e ele lhe beijou a testa.

Os dias foram se passando, torturantemente calmos. Larra estava com um barrigão enorme. Alay e Rafael, apesar da mudança radical dela, continuavam apaixonados. Pablo continuava abatido, e Alay não colaborava pra uma melhora.

Benjamin: Um baile. - Anunciou, lendo o fino convite

Pablo: Definitivamente não.

Benjamin: Convidado por sua excelência, o governador. - Terminou, erguendo os olhos pra Pablo - Definitivamente sim.

Larra: Um baile? *-* - Sorriu, se abraçando ao marido

Benjamin: Um baile. - Confirmou, sorrindo pra esposa, antes de lhe beijar a testa

Rafael: Quando?

Benjamin: Daqui a 15 dias. - Confirmou, olhando o convite novamente

Alay: Definitivamente, estaremos lá, não é, querido? - Perguntou se debruçando nas costas da poltrona onde Pablo estava, fazendo-o erguer o rosto pra olha-la.

Pablo: É, estaremos. - Suspirou, vencido

Alay sorriu, pensativa, enquanto se inclinava e selava os lábios com os dele, friamente. Em seguida se afastou, ainda com a expressão longe. Foi quando se bateu com Rose no corredor.

Alay: Rose! - Chamou, voltando pra mulher - Preciso que faça uma coisa pra mim.

Rose: Claro, senhora. - Assentiu

Alay: Vá ao terceiro andar. Existem dois manequins lá em cima. Há dois vestidos nesses manequins: Um vermelho e um preto. Pegue o preto, lave-o ao máximo que puder sem prejudicá-lo. Quero-o perfeito pra daqui a 15 dias. - Concluiu, com um sorriso malicioso no rosto.

Rose: Mas, senhora, o senhor Pablo proibiu que qualquer um fosse lá em cima. - Contestou, temerosa.

Alay: E agora a mulher dele está mandando que você vá até lá. Eu preciso daquele vestido. Ele não saberá que foi você que o fez, eu prometo. - Garantiu

Rose: Mas... - Interrompida

Alay: É uma ordem. - Disse, dura. A mulher, atônita, assentiu e saiu, deixando Alay com um sorriso malicioso no olhar.
Os próximos 15 dias, como é de se esperar, passaram tranquilamente. Larra estava um poço de empolgação com o baile. Como sua barriga estava enorme, ela não achou nenhum vestido que lhe agradasse. Benjamin, prontamente, chamou a costureira e lhe deu ordens de que obedecesse as vontades da esposa. Larra mandou fazer um vestido cor de champanhe, lindo. Quando Pablo lhe perguntou o que vestiria, Alay respondeu, gentilmente, que já tinha o seu vestido. Quando a noite do baile chegou, Pablo e Benjamim se aprontaram em outro quarto, para dar privacidade as suas mulheres.

Rose: Senhora? - Perguntou, entrando no quarto de Alay. Essa esperava, só com as roupas de baixo, e terminando de aprontar o cabelo. - Aqui está o vestido. - Disse, tirando a capa branca do vestido.

Alay se virou pra olhar. O vestido estava como novo. Era um tomara-que-caia, negro como breu. Alay foi até Rose, pegou o vestido e cheirou levemente. Tinha cheiro dos produtos que usaram para lava-lo. Ótimo, a ultima coisa que queria no corpo era o perfume de Lorena. Rose ajudou com o corpete, amarrando-o super apertado, como a patroa mandou, e assustada por Alay não se queixar de dor. Quando terminou, Alay estava perfeita. Sua pele pálida entrou em contraste com o vestido. Sua cintura estava definida, apertada, porém, linda. O corpo de Alay estava de dar inveja a qualquer um. Os seios fartos, quadril definido, e o rosto de anjo. Era cruel perto das outras mulheres. Alay colocou a coleira que Pablo lhe deu no dia do casamento, por fim, ficou luxuoso. Pôs um tamanco preto, com um salto agulha enorme, e estava pronta. Rose lhe avisou que já a esperavam na sala. Ela se demorou mais um pouco, pra irritar Pablo. Se perfumou, conferiu o penteado, e então foi.

Pablo: Que diabo. - Resmungou, após 15 minutos esperando Alay. Rafael estava com Ster no colo, ajeitando seu cabelo. Larra jazia aos carinhos com Benjamin, que lhe acariciava a barriga. - ROSE! - Berrou, e a mulher apareceu - Vá apressar Alay. - Rose assentiu e ia saindo

Alay: Não é necessário, eu estou aqui. - Disse entrando na sala.

Rafael se admirou, Alay parecia uma escultura feita por anjos, e retocada por um demônio. Era angelical a cor de seus cabelos, a expressão do rosto. Os demônios se ocuparam fazendo as curvas generosas de seu corpo, e colocando a malicia dentro daquele azul no olhar dela. Pablo olhava a mulher com os olhos arregalados, a sobrancelha franzida e a maxilar trancada. Em sua cabeça, outra cena pairava.

FLASHBACK DE PABLO

Pablo: Lorena? - Chamou, entrando no quarto da mulher, na pensão onde morava - Lorena, você está aqui?

Lorena: Porque não estaria? - Murmurou, aparecendo atrás dele, fazendo-o se arrepiar com o hálito dela em seu ouvido.

Pablo: Isso... - Ele se recuperou - Isto é para você. - Disse, estendendo a caixa que tinha nas mãos

Lorena saltitou radiante até o presente, e abriu a caixa. O vestido negro escurecia seu interior. Pablo viu o brilho que percorreu no olhar dela.

Lorena: D-deve ter custado uma fortuna. - Disse, envaidecida, moldando o vestido no corpo

Pablo: Você vale por esse dinheiro. - Disse, sorrindo - Quero que o use hoje a noite. Virá ao baile comigo. - Lorena arregalou os olhos, radiante pela surpresa, e se atirou nos braços dele depois de deixar o vestido em cima da cama, beijando-o com fervor.

FIM DO FLASHBACK

Pablo se negou ao resto da lembrança. Neste dia, Luisa brigou com Lorena no baile. Foi um escândalo. Pablo, tomando o partido da amada, pôs-se contra a mãe. Antônio, tomou o partido da mulher. Resultou num pega pra capar daqueles.

Alay: Pensei que fosse gostar, querido, guardou-o com tanto apreço. - Respondeu, fria, e com um olhar vingativo se aproximou do marido

Benjamin: Er... vamos? Está na hora. - Chamou, prevendo a briga que ia nascer ali.

Alay: Vamos, meu amor. - Disse, maliciosa, dando o braço a Pablo. Esse engoliu o que tinha pra dizer e a acompanhou. Mas se ela estava pensando que isso tinha terminado ali, ah, ela estava redondamente enganada.

Original SinWhere stories live. Discover now