CAP-48

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Os dias foram se passando, normalmente. Nada mudou. Só o apetite de Alay, que estava mais aguçado. Ela vinha tendo ataques de histeria também, o que divertia Rafael.

Rafael: Lay. – Chamou, certo dia, após abrir uma carta.

Alay: Oi? – Respondeu, olhando pra ele

Rafael: Pablo.

Alay sentiu uma pontada no estomago ao ouvir o nome do marido. Nada bom seria.

Alay: O que ele fez agora? – Perguntou, tentando se preparar.

Rafael: Ele mandou trazerem a Luciana. – Constatou, se levantando. – Volto logo. – Ele avisou e saiu, pisando forte.

Alay ficou na sala, com a boca amargando de ódio. Então ele realmente mandou trazerem Luciana? Ótimo. Era só do que ela precisava. O ciúme tomou conta do seu corpo ao pensar em Luciana, dividindo quarto, dividindo uma vida com Rafael.
Enquanto isso Pablo lá, traindo ela a vontade com Lorena.

Lorena. Se não fosse ela, sua vida ainda seria um conto de fadas. Alay, antes que pudesse calcular, se levantou e subiu as escadas correndo. Mas não parou no segundo andar. Chegando no corredor, direcionou-se a esquerda e andou rapidamente pra escada do terceiro. Pela segunda vez os olhos do quadro de Lorena focalizaram ela, irônica e provocadora mente.

Alay ofegava de ódio. Havia uma lamparina ali, já que Pablo não deixou de instalassem luz. Ela foi até a estante e pegou o primeiro arquivo de cartas. Sorrindo maldosamente, pôs-se a rasga-las, uma por uma. Logo um monte de papel picado se fazia no chão. Ela rasgou todas, não deixou nenhuma inteira pra deixar recordação. Depois, puxou a estante com toda sua força. A estante emborcou no chão com um estrondo, e Alay ouviu o vidro das delicadas portinhas se quebrarem.

Rose: Senhora! – Chamou do andar debaixo. Nem sob o indicio evidente da destruição tinha coragem de desobedecer Pablo.

Alay: Saia daqui, Rose. Mande todos saírem. – Ordenou, pegando a lamparina, e quebrando-a em seguida. Jogou a querosene em cima da enorme pilha de papel picado e acendeu, fazendo uma fogueira.

Rafael entrou no escritório dos Deville como um furacão. Pablo estava sentado em sua mesa, escrevendo algo. Benjamin, que estava de pé, entrou no caminho do irmão, que ia golpear Pablo, que estava distraído.

Benjamin: RAFAEL! – Rugiu, entrando no caminho de Rafael

Rafael: QUE PALHAÇADA É ESSA? – Perguntou, erguendo a mão com a carta amassada.

Benjamin pegou o papel, e olhou. Pablo já havia se levantado. Se ia brigar com Rafael, queria estar de pé. Sabia da capacidade destrutiva do irmão, quando ele queria faze-lo.

Benjamin: Mandou trazer Luciana? – Perguntou, confuso, ainda segurando Rafael.

Pablo: Já havia passado da hora. – Concluiu, sereno – Vamos ver se assim ele passa a cuidar mais da mulher, e deixa Alay em paz.
A próxima coisa que Pablo sentiu foi algo acertando-lhe a testa, causando uma dor que lhe cegava. Ouviu Benjamin gritar com Rafael. Sua visão escureceu, e ele caiu ajoelhado no chão. Sentiu a mão que tocava sua testa se enchendo de sangue. Quando Pablo estava respondendo, Rafael aproveitou a distração do irmão e pegou um peso de papel na mesa de Benjamin e lançou com toda a força no irmão, acertando-lhe a testa.

Longe dali, Alay abriu as janelas do terceiro andar. A fumaça estava lhe deixando tonta. Pegou um caco da lamparina quebrada, e pôs-se a acertar os quadros de Lorena com tanta força que o vidro cortava sua própria mão. As telas, por fim, estavam completamente destruídas. Alay pegou o vestido preto que usara anteriormente, e o rasgou em cada pedaço, a mão, jogando-o em um canto. Pegou um pedaço de papel que em chamas com a ponta dos dedos, e tacou no vestido, que prontamente começou a queimar. Rasgou a tapeçaria do chão, o papel que decorava as paredes, tudo.

Original SinWhere stories live. Discover now