CAP-29

6K 561 41
                                    

Rafael: Olha o que eu trouxe. - Disse fechando a porta do quarto, após entrar com uma bandeja contendo um almoço farto nas mãos.

Alay: Obrigada. - Sorriu olhando-o. Estava, pra ser modesta, morrendo de fome.

Rafael: Vamos ver se eu consigo sentar você. - Ele pôs a bandeja na cama, e se abaixou pra ela.

Alay enlaçou as mãos no ombro de Rafael, que a carregou com cuidado. Depois, após afofar os travesseiros, pôs ela delicadamente sentada. Mas as costas não aceitaram os travesseiros.
Alay gemeu de dor quando seu peso encostou no travesseiro, e Rafael prontamente a desencostou. Ele sentou ao seu lado, e lhe abraçou pelo ombro, dando-lhe apoio. Assim não precisava encostar no travesseiro. Alay adorou. A mão fria dele sobre seu ombro em si servia como sedativo. Ela comeu sozinha, bebeu suco até demais, forçada por ele. Depois ele, com uma mão só, tirou a bandeja vazia dali.

Rafael: Eu vou cuidar de você. E logo isso não terá sido mais que um pesadelo. - Disse, olhando ela. Alay sorriu, grata. Não sabia o que seria da vida sem ele. Rafael selou os lábios com os dela levemente, e toda a dor era suportável.

Naquela noite, enquanto todos dormiam, Pablo foi ao quarto de hospedes onde Alay estava. Era curioso, os dias eram frios, mas tecnicamente todas as noites eram chuvosas em Seattle. Foi o barulho da chuva que acobertou o som de suas pegadas enquanto ele avançava até ela. Quando entrou no quarto, Alay dormia profundamente, ainda de bruços. Ele avançou silenciosamente até ela. O quarto estava escuro, mas ele enxergava como se houvessem dezenas de velas iluminando-a. Pode ver também sua brutalidade, marcada debaixo da fina camisola que ela vestia. Ela ressonava levemente, calma. Tinha uma mão perto do rosto, e alguns fios de cabelo caiam por ali. Ele ergueu a mão e, levemente, tirou os fios, deixando o rosto dela livre. Observou-a por um instante. Sua expressão era tão inocente. Parecia fraca, mas ele tinha certeza de que Rafael estava cuidando dela o melhor possível. A expressão dela era tranqüila, despreocupada, ao contrário de Pablo, que era semelhante a de uma pessoa que estava sendo torturada. Sua maxilar estava contraída, seu cenho estava franzido, e os olhos carregavam uma dor que ninguém poderia amenizar. Ficou ali, de pé, olhando-a, por horas a fio. Enquanto a madrugada e a chuva se trançavam lá fora, Rafael foi ao quarto. Pablo se tirou do caminho, ocultando-se da visão de Rafael, para observa-lo. Rafael foi até Alay silenciosamente. Pegou a coberta que estava aos pés da cama e cobriu-a até a cintura. Alay não se moveu. Ele deu um beijo de leve na testa dela e saiu, bocejando, e ainda sem saber da presença do irmão ali. Pablo ficou lá, velando o sono de Alay até amanhecer. Quando a chuva cessou, e o céu começou a clarear, ele foi embora.

Benjamin: Agora escutem aqui, vocês dois. - Rosnou, raivoso, enquanto segurava Rafael, que mais uma vez tinha brigado com Pablo. Dessa vez Benjamin interferiu antes que os dois se embolassem, mas por pouco - Já chega dessa situação. Vocês se matarem não vai mudar o que já foi feito. Eu não quero ter que tomar medidas sérias em relação a isso. Vocês dois não são mais crianças. Entendidos? - Perguntou, sério, e ninguém ali teve coragem de desafiar a ira de Benjamin.

Juntos, Pablo, Benjamin, Larra, Rafael, Ster e Théo terminaram de tomar café juntos. Théo, pra resumir, estava adorando ficar na casa de Pablo. Tinha Larra, de quem ele gostava bastante, e era excitante assistir as brigas de Pablo e Rafael. Após tomar café rapidamente, Rafael preparou uma bandeja pra Alay e saiu da sala.

Rafael: Buon giorno. - Disse sorrindo, ao entrar no quarto da morena.

Alay: Molto bene. - Respondeu, sorrindo abertamente pra ele.

Rafael ajudou Alay a se sentar. Logo ela tomava café ao lado dele, e as vezes até conseguia rir.

Rafael: Eu vou precisar sair, tenho que resolver uns problemas. - O sorriso de Alay se fechou - Não fique assim. - Ele acariciou o rosto dela - Antes do almoço estarei de volta. - Sorriu torto, e Alay esqueceu do que estava reclamando.

Os dias foram se passando. O empregado que Rafael mandou a Alemanha voltou, trazendo uma caixa do creme que foi buscar.

Rafael: Olha o que eu trouxe. - Disse entrando com o pote com um gel transparente.

Alay: O que é isso? - Perguntou, olhando-o da cama

Rafael: Segredo. - Ele não queria dar a Alay a idéia de que ela possivelmente fosse ficar marcada. Só faria isso em ultima instancia.

Quando Rafael abriu o pote, um cheiro forte pairou pelo ar. Lembrava menta, hortelã, Alay não sabia direito, mas ardia no nariz. Alay cerrou os olhos quando Rafael abriu o feixe traseiro da camisola, deixando suas costas nuas.
Quando a mão dele, coberta pelo gel, tocou suas costas, ela esperou pela dor, mas ao invés disso o que veio foi alivio. Ela abriu os olhos devagar, ainda sentindo. A mão de Rafael era fria sobre sua pele, mas o próprio creme amortecia a dor.

Rafael: E então? - Perguntou olhando ela, ansioso - Dói?

Alay: Não. - Disse, sentindo o alivio que vinha das mãos dele - É bom. - Rafael sorriu.

Original SinWhere stories live. Discover now