CAP-61

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Alay viu o rosto de Pablo se fechar em uma mascara furiosa. Lorena era vingativa, ele sabia. Mas não sabia que chegaria a tanto. Alay poderia estar morta.

Pablo: Desgraçada. - Rosnou, se levantando bruscamente. Mas Alay segurou a mão dele com toda a força que pode reunir. Foi muito pouco, mas ele sentiu que ela não queria que ele fosse.

Alay: Não me deixe só. - Murmurou, por fim. Ficara sozinha muito tempo. Pablo sentiu o peito se oprimir de vontade de beija-la, de abraça-la. Tudo bem, mataria Lorena depois. Ele se sentou ao lado dela novamente, e beijou as costas de sua mão levemente. - Obrigado. - Respondeu, acanhada, e ele sorriu de canto - Pablo, tem outra coisa. Outra coisa muito séria, eu preciso te dizer. - Ela suspirou, e começou a falar.

Alay contou toda a história a Pablo. Desde o filho, até a fuga com Escobar. Ela viu o rosto do marido sem expressão, observando-a. Deus, que Pablo acreditasse nela, pelo menos dessa vez.

Alay: Então... foi isso. Eu não quero que pense que estou dizendo isso porque quero fazer intriga, ou qualquer outra coisa. Pablo, eu quero o seu bem. - Admitiu, segurando um "eu te amo" dentro da garganta.

Pablo: É você. - Murmurou, olhando-a atentamente.

Alay: Desculpe? - Perguntou, confusa, enquanto acariciava a mão dele, satisfazendo sua vontade, e ao mesmo tempo tentando conforta-lo.

Pablo: Meu bem. É você. - Alay engoliu em seco - Não importa o... - Ele hesitou. Tudo o que sabia de si mesmo era mentira. - Não importa o que aconteceu. Ela, e tudo o que vem relacionado a ela, é um capitulo fechado. Um capitulo recheado de mentiras. - Disse, e Alay pode sentir o ódio na voz dele - Mas você é o meu presente, e o meu futuro.

Alay: Pablo, por favor. - Pediu, fraca. - Nós já tentamos, diversas vezes. Não deu certo. - Se obrigou a dizer.

Pablo: Antes de continuarmos. Me diga, minha Alay. Diga olhando pros meus olhos. Diga que eu não consegui matar o amor que você sentia por mim. - Pediu, encarando-a.

Alay encarou ele por segundos a fio. Queria tanto abraça-lo, que seu peito arfava. Ela sentiu os olhos se umedecerem, enquanto procurava voz pra responder.

Alay: Eu não quero mais me machucar, meu amor. - Assumiu, com a voz embargada. Pablo respirou fundo, e sorriu de canto, encarando a mulher.

Pablo: Você não tem noção do quanto eu te procurei. - Comentou, distraído, acariciando a mão dela com a ponta do dedo - Eu me desesperei. Eu tinha voltado pra casa, voltado pra você, e você havia ido embora. E Dulce. - Ele riu, amargo - Eu nunca pensei que uma criança me fizesse sentir tanta falta. - Comentou, lembrando de como o riso de Dulce lhe dava saudade - Eu nem sabia que podia chorar. - Observou, olhando a mão dela.

Alay: Você chorou? - Perguntou, sem se conter.

Pablo: A primeira vez foi quando encontrei sua carta no berço dela. A partir daí perdi as contas. - Assumiu - Você despertou em mim o que eu achava ser impossível, Lay. - Disse, erguendo os olhos pra ela, e Alay viu uma pequena lágrima brilhante no canto do olho dele. Pablo sorriu de canto ao ver que ela observava a cena, como uma criança curiosa.

Alay: Meu Deus. - Murmurou, olhando a lágrima no olhar dele.

Pablo: Você sabe que pela lei eu posso obrigar você a voltar pra casa. É minha mulher. É mãe da minha filha. Tem suas obrigações. - Observou, e Alay o encarou, séria. - Mas não vou faze-lo.

Alay: Que? - Perguntou, surpresa.

Pablo: Eu sei que você nunca vai conseguir me perdoar por tudo o que eu te fiz. Por ter te batido, te traído, te humilhado. Por ter violentado você no dia do seu aniversário. - Comentou, com uma careta.

Alay: Veja pelo lado positivo, isso nos trouxe Dulce. - Disse, e antes que percebesse estava rindo. Pablo riu também.

Pablo: Foi o melhor erro que eu já cometi. - Observou, sorrindo ao se lembrar da filha - Sei que não vai me perdoar por nada disso. Eu te fiz mal demais. - Alay não disse nada. Ele sabia do que tinha feito. - Por outro lado, meu orgulho e meu ego são grandes demais pra eu conseguir perdoar você por ter me traído dentro da minha casa, com o meu irmão. - Alay abaixou a cabeça. Nessa hora um trovão ressonou lá fora. - Não. - Pediu, erguendo o rosto dela - Nós dois erramos. Erramos muito. Não peço que me perdoe, porque perdão é algo bem complicado quando se trata de nós dois. Mas quero que me aceite de volta.

Alay: Pablo, eu acho que... - Interrompida.

Pablo: Diabo, Alay, eu amo você. - Assumiu, e ela perdeu o ar ao ouvir aquilo de novo - Eu amo você mais do que a mim mesmo. Minha vida sem você é um lixo. Do que me adianta ter tudo o que o dinheiro pode comprar, se a mulher que eu quero me rejeita? - Perguntou, e havia um toque de desespero em sua voz. - Volte pra mim, Alay. - Pediu, e ela franziu a sobrancelha. Duas lágrimas pesadas escorreram pelo seu rosto - Vamos tentar novamente. Eu, você, a nossa filha. Vai ser diferente, eu prometo. - Ele respirou fundo - Eu não vou exigir uma resposta sua, agora. Caso você resolva... resolva ir. - Ele fez uma careta - Eu não vou impedir. Está nas suas mãos. - Ele pegou o rosto dela entre as duas mãos, fazendo-a encara-lo - Eu amo você. Essa é a minha única verdade. - Concluiu, olhando-a.

Alay abraçou Pablo com toda a força que conseguiu. Ah, porque precisava ser assim? E se ela voltasse pra casa, e Pablo resolvesse amar Lorena novamente? Ela não estava pronta pra sofrer tudo aquilo de novo. Mas, por outro lado, era sua felicidade ali, lhe chamando de volta. Ela afundou o rosto no peito dele, deixando suas lágrimas inundarem o colete dele. Ele estava sem terno. Ele abraçou ela pelas costas, e deixou uma mão em dentre seu cabelo, afundando o rosto em seu pescoço, aspirando o perfume que mais amava. O perfume dela.

Original SinUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum