CAP-42

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Alay: LARRA! - Berrou, entrando em casa

Larra: Quê? - Perguntou, desanimada no andar de cima

Alay: Vem aqui! - Pediu. Estava ofegando de ter subido as escadas correndo, não tinha pique pra subir até o segundo andar.

Larra: Pra que?

Alay: DIABO, LARRA VITÓRIA, VEM LOGO! - Apressou

Alay ouviu Larra resmungar, e os passos da mesma no assoalho do segundo andar. Sorriu por antecipação. Era como tirar uma cruz de suas costas.

Larra: Sabe que não quero sair, pedi pra que não me chamasse, só por noticias de Benjamin, mas você insist... - Travou chegando ao patamar da escada, vendo o embrulho azul nos braços de Alay - Diogo. - Murmurou, e Alay viu o sangue voltando ao rosto da irmã. Larra estava corando de felicidade, depois de meses. - Meu filho. - Sorriu, enquanto os olhos se enchiam de agua.

Larra desceu a escadaria em um segundo. Alay entregou o bebê a ela, feliz. As coisas poderiam voltar ao normal agora. Ou assim pensava Alay. Larra chorou, abraçada ao filho. Era como se lhe devolvessem o oxigênio.

Larra: Como? Onde ele estava? - Perguntou, atônita, abraçada forte ao filho, que ria dos beijinhos que recebia da mãe.

Alay hesitou por um momento. A morena parecia arrependida. Se desculpou. Devolveu o menino.

Alay: Encontrei ele... do outro lado da fazenda. Perto de uma arvore. - Mentiu

Larra: Obrigado, meu Deus. - Ela soluçou no choro, e Diogo passou a mão no rosto dela - Avise Benjamin. Peça que volte. Já acabou. - Ela sorriu, dizendo isso, e Alay estava plena novamente. Plena no que podia se dizer. Não se podia estar completamente plena se alguém de olhos cor de topázio e cabelos cor de bronze estava longe, sem dar noticias.
Longe dali, a morena que salvou a vida de Diogo não estava nada bem. O XXXX (no caso, o homem) espancara ela quando soube do que tinha feito. Ela aceitou a dor de bom grado, pelo menos o menino estava bem. Tinha abandonado a vida, mas não tinha pra onde ir, então era forçada a ficar com XXXX e XXXX².
Alay recebeu uma carta de Pablo naquele dia. Mandou um mensageiro urgente pra ele, avisando que havia encontrado. Pablo prontamente foi atrás de Benjamin, no fiofó do mundo. O irmão quase não acreditou quando ele avisou que Diogo estava em casa. Diogo dormia em seu berço, e Larra caminhava pelo jardim, tranqüila, quando uma carruagem preta se aproximou.

Benjamin: Larra. - Murmurou correndo até a mulher. Larra correu ao encontro dele, e quando se chocaram, ela se abraçou a ele, que a beijou, cheio de saudades. Pablo preferiu ficar na carruagem, não queria interromper. Benjamin deu ordens pra que ele fosse na frente. Alay estava em seu quarto, quando duas mãos firmes lhe cobriram os olhos.

Pablo: Se adivinhar quem é, ganha um beijo. - Murmurou no ouvido dela, e sorriu olhando a pele da mulher se arrepiar, enquanto ela sorria.

Alay: Hum... Sr. Deville, talvez. - Disse entrando no jogo. Pablo riu gostosamente - Que saudade de você. - Disse se virando pra ele, atirando-se em seu pescoço em seguida. Pablo cambaleou pra trás e caiu de costas na cama, com Alay em sua barriga. Ela sorriu e o beijou, com saudade. Tudo estava bem.
Naquela tarde, casais se embolaram nos quartos da mansão Deville. A paixão podia ser sentida entre as paredes. E assim foi por dias. O amor, a paz, a tranqüilidade e a paixão reinavam naquele lugar. Mas não é só alegria de pobre que dura pouco. A dos ricos também tem data de término.

Pablo: Vai!

Alay: Não vou. - Virou o rosto

Pablo: Vai, minha princesa. - Insistiu, mimando ela

Alay: Não, meu neném. - Sorriu, entrando no jogo

Pablo: E porque você não quer ir, minha vida? - Perguntou, prendendo o riso, só que Alay não aguentou e riu.

Alay: Eu vou. Mas me espera.

Pablo: Sempre. - Disse, fingindo bocejar

Alay: Ridículo. - Ela bateu no peito dele, que riu e agarrou ela, dando-lhe um cheiro no pescoço.

Pablo ia passear com Alay pela cidade. Mas ele insistia que ela usasse um xale, que lhe tampasse mais o decote, e ela não queria ir buscar. Por fim ela foi sobre os olhares dele, que ficou sorrindo a espera dela. Alay o encantava. Seu sorriso se fechou em choque quando uma visitante entrou pela porta da frente.
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XXXX²: Pablo. - Disse, observando-o do portal.
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Alay tinha buscado o xale, e voltou, parando no parapeito da escada. Parou de sentir as pernas. A visitante avançou pela sala e abraçou Pablo com vigor. Alay empedrou onde estava. A visitante ergueu os olhos pra Alay, e a encarou por um breve momento.
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A imagem que Alay observou no ombro de Pablo
Alay observou aquela mulher ali, agarrada a seu marido. Lembrou-se de cada palavra de Pablo. Olhos verdes, de ressaca. Olhos de cigana, obliqua e dissimulada. Se vestia com um vestido vermelho sangue. Seu cabelo era de um castanho médio, liso, caindo até o meio das costas, com cachos nas pontas. Era o quadro do terceiro andar que criara vida e estava ali. O xale que segurava escorregou dentre os dedos de Alay sem que ela percebesse, e caiu levemente no chão. Lorena ainda a olhava. Mas o azul dos olhos de Alay procurou outra coisa. Pablo. Quando conseguiu olhar o rosto dele, sua expressão era chocada, confusa, atordoada. Mas Alay viu, algum tempo depois, quando a mão dele retribuiu o abraço de Lorena, afagando-a pelas costas, acolhendo-a em seu peito. O pulmão de Alay trancou ao ver aquilo, e ela sentiu cada pedaço de seu corpo endurecer.

Benjamin: Alay! - Chamou, aparecendo no corredor. A Morena não se virou - Estava procurando você. Quero saber se quando a La... - Ele parou ao ver a cena no andar debaixo - Lorena. - Constatou, incrédulo

Benjamin não gostou nada daquilo. Justo agora, quando ele achou que o assunto de Lorena estava enterrado junto com ela, justo quando a paz estava controlando, acontecia aquilo. Ele e Alay ficaram parados, um do lado do outro, empedrados, ambos afogados em desgosto pela visitante.

Lorena: Ora, Benjamin! - Ela se soltou de Pablo, que se virou. Um choque passou pelo verde dos olhos dele ao ver Alay ali.

Mas havia outro sentimento no olhar dele, um sentimento que era imensamente maior que o choque. Alay conhecia esse sentimento, pois havia dele em abundancia em seu peito. Era saudade. A voz de Lorena era envolvente, um tipo de voz que fazia qualquer pessoa perder o fio da conversa. Era doce, atraente. Lorena tinha um corpo farto, moldado pelo vestido.

Lorena: Casou-se com ela, no fim. - Acusou, virando-se pra Pablo, como se Alay fosse um ser que não merecesse respeito.

Pablo: Eu... eu não... - Ele tentou formular a resposta. Ia renegar Alay, ela sabia. Sentiu o ódio recobrando cada pedaço do seu corpo. Sua maxilar estava trancada como pedra.

Benjamin: Pablo. - Chamou, duro, enquanto descia as escadas - Pode me acompanhar? - Não era uma pergunta. Era uma ordem.

Pablo foi com Benjamin, que o guiou ao escritório, fechando a porta. Lorena olhou Alay em cima a baixo, e sorriu, debochada. Alay ergueu o rosto e manteve o olhar da mulher no andar debaixo. Com certeza nada de bom sairia dali.

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora