CAP-49

5.2K 493 58
                                    


A noite caiu, calma e fria. Para surpresa de Alay, Pablo veio para jantar. Ela viu o marido entrar, tomar banho, se vestir, e descer junto com ela. Os Deville, pela primeira vez em tempos, jantaram em paz. Depois, cada um seguiu pro seu canto. Alay tomou banho, vestiu sua camisola, e foi se deitar em silêncio. Pablo fez o mesmo. A chuva, como sempre, caiu lá fora, violenta e impiedosa. Alay não conseguiu dormir direito. Estava enjoada. Comera demais no jantar. Estava relaxando, quieta, quando percebeu que Pablo estava inquieto. Inquieto demais pra ele, que costumava ter um sono tranquilo. Depois de alguns minutos, ela veio perceber que ele tremia. Lutou pra ficar quieta, mas o amor dentro de si por aquela criatura era grande demais pra deixa-la agonizando daquele jeito.

Alay: O que você tem? - Perguntou, rouca, pro escuro.

Pablo: N-nada. - Respondeu baixinho, ainda tremendo.

Alay, não convencida, se levantou e acendeu as luzes. Além de tremer, ele soava. Ela se sentou do lado dele, sem saber o que fazer. Nunca o vira assim.

Alay: Está queimando em febre. - Constatou, ao tocar a testa dele - O que... - Ela ia perguntar o que era, quando viu a pontinha branca do curativo dentre os cabelos densos dele - Pablo, o que foi isso? - Perguntou, olhando a extensão do curativo, oculto pelos cabelos

Pablo: Ra..Rafael. - Respondeu, rindo, fraco, enquanto tremia.

Alay: Merda. - Murmurou, tirando as cobertas dele.

Pablo: O que você ta fazendo? - Reclamou, tremendo mais ainda quando ela lhe tirou a coberta e lhe puxou, fazendo-o se sentar. - Pelo que me consta você s-sente n-nojo d-d-de mim. - Zombou, fraco

Alay: Quer calar a merda da sua boca? - Ele riu, e ela sorriu, antes de lhe colocar a camisa seca.

Alay vestiu mais uma camisa e um casaco nele. Trocou a fronha suada, e pôs seu travesseiro junto, colocando-o deitado novamente, só que mais aconchegado. Ela foi até o armário e pegou cobertas mais grossas, cobrindo-o logo depois. Ela olhou o curativo, mas esse não precisava ser trocado, estava limpo.

Alay: O que você está sentindo? - Perguntou, preocupada, tocando a testa dele.

Pablo: Frio. E dor de cabeça. - Assumiu, derrotado.

Alay pegou uma compressa no guarda-roupas, e molhou com água fria. Voltou e pôs na testa dele. Aliviou um pouco da dor de cabeça que ele sentia. Porém, o fez ser invadido por um sentimento ruim, ele não sabia nomear. Traíra ela o tempo inteiro, mas agora que era o momento dele de sentir dor, ela o estava ajudando.

Alay se levantou, pra ir preparar algo quente pra ele beber, quando a mão dele se fechou em seu punho, não com a força habitual, mas segurando-a.

Pablo: Fique. - Murmurou, olhando-a.

Alay: Eu vou voltar. - Disse, perdida no olhar dele. Pablo assentiu de leve e soltou o braço dela. Ela pegou seu hobbie, vestiu e saiu as pressas.

Alay foi até a cozinha e fez um chá bem forte pra ele. Voltou pro quarto, ele estava lá, do jeito que ela o deixou. Ela lhe deu o chá, ele agradeceu e bebeu. Pareceu ajudar. Pelo menos ele parou de tremer. Alay se sentou do lado dele, apoiando seus travesseiros na cabeceira da cama, e se encostando neles. Pablo conversou um tempo com ela. Eles até riam às vezes. Parecia que os problemas dos dois tinham ficado trancados do lado de fora do quarto. Depois de um tempo, devido ao chá, Pablo foi ficando sonolento, e ela encerrou a conversa, para deixa-lo descansar. Observou o marido cair no sono, tranquilamente agora. Tombou a cabeça pra trás e suspirou. As coisas podiam ser tão diferentes. Estava pensando nisso, minutos depois, quando Pablo, afogado em seu sono, se virou pro lado, abraçando ela. A cabeça dele ficou pousada em seu seio, e metade do corpo dele por cima do dela. Ele se abraçou a ela, inconsciente. Alay prendeu a respiração, imóvel, olhando o marido. Mas ele continuou dormindo, e ela relaxou. Puxou o lençol e o cobriu direito. Depois de um bom tempo, ela se permitiu abraçar ele, pelas costas largas. Sentia tanta falta dele. Não sentia nojo agora. O perfume que vinha dele era dele mesmo. Aquele perfume masculino forte, que a embriagava. Foi assim que adormeceu.

Na manhã seguinte...

Lorena: Onde está Pablo? - Perguntou a Benjamin, despreocupada, entrando na mansão Deville.

Benjamin: Não se levantou ainda. - Respondeu, tranquilo.
Lorena esperou por meia hora. Nem sinal de nada. Por fim, contra o aviso de Benjamin, rumou ao segundo andar. Benjamin, Rafael e Larra foram atrás, por precaução. Se Alay tentasse enforcar Lorena, alguém teria que separar. A morena parou na porta do quarto de P&A, e a maçaneta estava aberta. Ela abriu a porta e travou.

Benjamin riu, despreocupado. Larra sorriu, e abraçou o marido. Rafael riu também. Lorena ficou parada, com a cara transformada de ódio, observando a cena. Alay estava deitada, apoiada em seus travesseiros, e Pablo por cima dela, abraçando-a firmemente. Os cabelos da morena estavam esparramados pelo travesseiro, uma mão dela o segurava pelas costas largas e a outra estava frouxa nos cabelos dele, evidenciando que ela estava o acariciando antes de dormir. Seu rosto estava inconscientemente abaixado, o que fazia seus lábios tocarem a testa dele. Pablo tinha o rosto meio aconchegado nos seios dela, e dormia tranquilo.

Rafael: Podia ter ficado sem ver essa. - Debochou, rindo, e saiu dali.

Benjamin tirou Lorena dali. A morena resolveu passear pelos jardins, para esfriar a cabeça.

Alay acordou meia hora depois. O tempo continuava frio. Ela se espreguiçou, e então percebeu o corpo mole de Pablo sob o seu. Ela sorriu, e tentou se levantar. Mesmo inconsciente, Pablo segurou ela com os braços firmes. Ela fez uma careta, e tentou sair de novo. Sem sucesso.

Pablo: Fica quieta. - Pediu, com a voz baixa e rouca, mas sorria de canto.

Alay: Preciso me levantar. - Avisou, rindo.

Pablo, muito de má vontade, soltou ela. Alay se levantou, e vestiu seu hobbie. Ele observava ela abraçado a seu travesseiro, ainda sonolento.

Alay: Ainda sente alguma coisa? - Perguntou, ajeitando o cobertor dele.

Pablo: Dor de cabeça. Frio. - Murmurou, cansado. Parecia ter levado uma surra.

Original SinWhere stories live. Discover now