Be Your Everything

By bmt5hh

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[FINALIZADA] Existem muitas definições para o amor. Uns dizem que amor não existe sem sacrifício. Outros dize... More

Capitulo 1 - Someone different
Capitulo 2 - Unexpected
Capitulo 3 - Smile
Capitulo 4 - Speeechless
Capitulo 5 - Little note
Capitulo 6 - Friend
Capitulo 7 - Idiot
Capitulo 8 - Goodnight kiss.
Capitulo 9 - First kiss
Capitulo 10 - Kiss me
Capitulo 11 - Picnic
Capitulo 12 - Bad Day
Capitulo 13 - Distraction
Capitulo 14 - I promise
Capitulo 15 - Sinu
Capitulo 16 - Good night
Capitulo 17 - Love
Capitulo 18 - Gift
Capitulo 19 - Girlfriend
Capitulo 20 - No way
Capitulo 21 - Chasing pavements
Capitulo 22 - Parents
Capitulo 23 - Bath
Capitulo 24 - Why?
Capitulo 25 - Fuck it
Capitulo 26 - Lego house
Capitulo 27 - Keep calm...
Capítulo 28 - New chapter
Capítulo 29 - Heartache
Capítulo 30 - Incident
Capítulo 31 - Shit!
Capítulo 32 - Normal
Capítulo 33 - Not you, Lo.
Capítulo 34 - Same thing
Capítulo 35 - Take me into your lovin' arms
Capítulo 36 - Decision
Capítulo 37- Angel
Capítulo 38 - You can kiss me right now
Capítulo 39 - Do you love me?
Capítulo 40 - God help me.
Capítulo 41 - It's a good day, Camila.
Capítulo 42 - Something is going on...
Capítulo 43 - Fucking perfect
Capítulo 45 - Breaking the rules
Capítulo 46 - Freak
Capítulo 47 - How I Met Your Ex Girlfriend
Capítulo 48 - Something about love
Capítuo 49 - One Month
Capítulo 50 - Hickey
Capítulo 51 - The nightmares in my head are bad enough
Capítulo 52 - Don't cry (parte 1)
Capítulo 53 - Don't cry (parte 2)
Capítulo 54 - Hello beautiful
Capítulo 55 - That day
Capítulo 56 - Home.
Capítulo 57 - Lucky
Capítulo 58 - Prom?
Capítulo 59 - Happy birthday, Camila
Capítulo 60 - Lavenders
Capítulo 61 - Back at one
Capítulo 62 - Foreboding
Capítulo 63 - San Miguel
Capítulo 64 - Nightmare house
Capítulo 65 - The Visit
Capítulo 66 - Bad dream?
Capítulo 67 - Reality sucks
Capítulo 68 - Grey
Capítulo 69 - Space is just a word
Capítulo 70 - Is everything okay?
Capítulo 71 - Time
Capítulo 72 - Give me love
Capítulo 73 - Back to normal
Capítulo 74 - Dinner
Capítulo 75 - New conquests
Capítulo 76 - Our song
Capítulo 77 - Porn
Capítulo 78 - Camp pt. 1
Capítulo 79 - Camp pt. 2
Capítulo 80 - Camp pt 3
Capítulo 81 - Accounting
Capítulo 82 - Just a long day
Capítulo 83 - College
Capítulo 84 - Trouble in paradise
Capítulo 85 - Necklace
Capítulo 86 - A drop in the ocean
Capítulo 87 - We need to talk
Capítulo 88 - Fresh start
Capítulo 89 - A big step
Capítulo 90 - Hero
Capítulo 91 - Please be mine
Capítulo 92 - Graduation
Capítulo 93 - Forgiveness
Capítulo 94 - Honeymoon
Capítulo 95 - Change of plans
Capítulo 96 - Complicity
Capítulo 97 - Freddy
Capítulo 98 - Ready
Capítulo 99 - Fear
Capítulo 100 - Results
Capítulo 101 - I'm not afraid
Capítulo 102 - Sunday, bloody sunday
Capítulo 103 - Working it out
Capítulo 104 - The f word
Capítulo 105 - Problem
Capítulo 106 - Don't be afraid to be scared
Capítulo 107 - Doctor
Capítulo 108 - Twins
Capítulo 109 - Be Your Everything

Capítulo 44 - Jealous

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By bmt5hh

Camila POV

- Não, amor. Eu vou ficar com você até a hora de ir pro trabalho. – Abri a boca. – E não to pedindo permissão. – Lauren sentou ao meu lado e envolveu meus ombros com um braço. Me encolhi.

- Eu não queria que você perdesse aulas na faculdade a toa, meu anjo. – Tentei me explicar.

- Não esquenta, pequena. – Lauren beijou minha testa. – Tá se sentindo melhor?

- To. – Foi tudo o que eu respondi, porque não queria lembrar do que aconteceu. Pelo menos não agora. Era tudo muito recente, eu não queria pensar nisso agora.

- Tem certeza? – Apertei sua mão que estava entrelaçada com a minha.

- Lo, eu não... Quero falar sobre isso agora. – Suspirei. – Vamos mudar de assunto, por favor.

- Como quiser, amor. – Esperei que Lauren dissesse algo, mas ela ficou quieta. Seu polegar fazia um carinho circular nas costas de minha mão e eu fechei os olhos por um segundo, pensando em não dizer nada. Mas, afinal, havia muito a ser dito.

Por ela.

Coloquei os pés em cima do sofá e me virei, dando um impulso para ficar sentada nas suas coxas de lado, com minhas pernas estendidas nas almofadas. Lauren ia abrir a boca para dizer alguma coisa, mas ela viu como eu estava séria e desistiu.

- Laur... – Comecei. – Você não quer aproveitar que temos todo esse tempo sozinhas até 14h e conversar comigo? – Acariciei seu rosto e Lauren fechou os olhos por um segundo, como se estivesse se preparando para alguma coisa. – Sobre porque você estava estranha no café da manhã, por exemplo?

- Princesa, você tem certeza que quer falar sobre isso agora? Quer dizer, foi uma manhã muito longa para você e...

- Lauren. – Falei séria. Estava cansada de Lauren ficar me escondendo das coisas para me poupar ou sabe Deus porque outro motivo. Só queria que ela conversasse comigo quando alguma coisa acontecesse, sem ficar esse mistério todo. – Eu disse para você conversar comigo sobre o que está acontecendo. Já disse que não quero pensar nesse assunto sobre o que aconteceu na escola, quero ouvir você. – Lauren fez uma carinha receosa e olhou para o chão, me olhando em seguida.

- Promete que não vai brigar comigo? E que não vai ficar brava? – Franzi o cenho. Se ela estava me perguntando isso, era porque eu teria motivos para ficar brava.

Que ótimo.

- Prometo que não vou brigar com você. Que eu não vou ficar brava eu já não posso prometer. – Lauren coçou a nuca e encarou o chão. O que ela não sabia era que eu estava cruzando os dedos dos pés. Ela não podia ver porque, apesar de eu ter tirado os tênis, ainda estava de meias.

- Você jura que não vai ficar chateada comigo? – Lauren parecia realmente nervosa, preocupada com a minha reação. Achei aquilo uma gracinha.

- Se não houver motivos, eu não vou. – Respondi sincera e ela pareceu ainda mais nervosa.

- To fodida. – Resmungou passando a mão nos cabelos. Virei seu rosto na minha direção e dei um selinho longo nela.

- Anjo, tudo bem. Pode falar. – Lauren respirou fundo e eu tentei fazer a expressão mais compreensiva que eu consegui no momento.

- Lembra daquele dia que você me perguntou sobre como eu descobri que gostava de meninas e tal? – Assenti calmamente. – Então... Ai você lembra que eu falei de uma garota chamada Veronica? – Tenho certeza que toda e qualquer feição compreensiva no meu rosto morreu e Lauren percebeu isso, porque eu a escutei engolir em seco.

- Lauren, o que você fez? E o que essazinha tem a ver com isso? – Perguntei com uma voz tão cortante que foi novo até para mim.

- Calma amor, calma. Eu não fiz nada. Absolutamente nada.

- Menos mal.

- Você sabe que, tecnicamente, ela ainda está em San Miguel, não é?

- Porque tecnicamente? Sabe, tecnicamente é uma palavra interessante, muito interessante. Porque se ela "tecnicamente" está em San Miguel, significa que ela deveria ou está em outro lugar, não é? – Lauren assentiu como se estivesse sendo ameaçada. E dependendo do que ela iria me falar, ela seria.

- Você disse que não iria brigar comigo.

- Eu não estou brigando com você. Ainda.

- Mas você prometeu!

- Eu estava cruzando os dedos dos pés. – Falei séria. – Para de enrolar e fala logo.

- Amor... O que eu não te contei naquele dia é que... – Lauren passou a mão nos cabelos de novo. – Eu e ela ainda somos amigas. – Trinquei os dentes e cerrei os punhos.

- Como assim? – Lauren arregalou os olhos e eu pulei do seu colo, andando na sala de um lado para o outro.

- Princesa... – Ela levantou e tentou vir até a mim.

- Não começa com princesa não, Lauren. Volta pro sofá. – Lauren obedeceu e eu me sentia a ponto de pegar uma marreta e destruir a casa toda e depois ir atrás dessa tal Veronica e destruir ela também. – Você ainda gosta dela? – Perguntei parando na sua frente. Lauren negou com a cabeça.

- Não! Claro que eu não gosto dela, não nesse sentido que você está falando! Depois que a gente terminou, acabamos virando melhores amigas porque tínhamos muitas coisas em comum. Mas quando eu vim para LA, nós meio que nos afastamos um pouco porque não nos vimos mais. – Lauren olhou para o chão por um segundo e olhou de novo para mim. – Ela tá vindo pra LA. – O que?

O que?

- O que? –Perguntei tão alto que eu estava quase gritando. – O que essa vadia está vindo fazer aqui?

- Amor, calma, por favor. Deixa eu explicar. – Passei a mão nos cabelos, andando de um lado para o outro na sala. Lauren ensaiou vir até mim e eu apontei para o sofá, onde ela voltou a se sentar.

- Você se apaixonou por ela? Quando vocês namoraram, você era apaixonada por ela? – Lauren abriu a boca. – Não ouse mentir pra mim.

- Era, eu era. Mas isso foi há muito tempo, pequena. Eu tinha catorze anos, foi há muito tempo mesmo. Como eu disse, depois tudo acabou e nós ficamos só amigas. – Lauren encarou o chão. – Eu sinto falta dela, mas como amiga. Somente como amiga. Eu juro. – Sentei de novo ao seu lado quando percebi que estava agindo feito louca.

- Quando ela chega? – Perguntei baixo.

- Semana que vem. Terça, eu acho. Ela está vindo por causa de um estágio na faculdade de enfermagem que ela faz.

- Vocês vão se encontrar? – Perguntei mais baixo ainda.

- Se você não for brigar comigo por isso... – Lauren respondeu tão baixo quanto eu perguntei.

- Não vou brigar não. Prometo.

- Tira as meias e promete de novo. – Ela disse com a sombra de um sorriso no rosto e eu ri.

- Idiota. – Abracei seu pescoço. – Não vou brigar com uma condição.

- O que você quiser.

- Vocês podem se encontrar a vontade, quando quiserem, quantas vezes quiserem. – Lauren franziu o cenho, provavelmente estava achando aquilo tudo muito fácil. – Contanto que eu esteja presente. – Ela ergueu as mãos, como quem se rende.

- Você é quem manda. – Falou e depois sorriu, me beijando rapidamente.

- Lo. – Chamei. – Posso fazer uma pergunta? – Lauren colocou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha e me puxou para sentar de novo no seu colo.

- Quantas você quiser.

- Foi com ela que você... – Corei tanto que achei que tinham ascendido um fósforo em cada uma das minhas bochechas. – Da primeira vez?

- Foi. Também era a primeira vez dela. – Respirei fundo e tentei espantar todas as imagens da minha cabeça de outra pessoa tocando Lauren. Jesus, eu estava me sentindo uma namorada chata e ciumenta naquele momento.

- Lo... – Escondi o rosto na curva de seu pescoço e Lauren afagou meu cabelo. – Me desculpa por eu ter agido como uma louca?

- Tá tudo bem, princesa. Não precisa se desculpar, eu entendo que esse tipo de coisa é muito nova para você. – Ela afastou meus cabelos com uma mão e deu um beijo casto na curva entre meu pescoço e ombro. Fiquei completamente arrepiada.

- Eu só... Não consigo imaginar ninguém tocando você. – Lauren suspirou.

- E não precisa, sabe por quê? – Achei que fosse uma pergunta retórica, mas Lauren estava mesmo esperando minha resposta.

- Não sei não. – Falei com a voz abafada. Não iria soltar ela tão cedo.

- Porque eu sou toda sua e ninguém além de você pode tocar em mim. – Levantei a cabeça e olhei em seus olhos, mas Lauren não estava me olhando de volta.

Seu olhar estava cravado na minha boca, como se fosse a última coisa que ela iria ver na vida.

Deus.

Meus dedos apertaram involuntariamente seu ombro por cima da jaqueta e Lauren escorregou uma mão para a minha cintura, aproximando seu rosto e colando os lábios nos meus. Coloquei minhas duas mãos em sua nuca enquanto ela explorava a minha boca com a língua de uma forma que o beijo mal havia começado e eu já estava sem ar. Senti uma de suas mãos ir parar na minha coxa e, Deus, aquela sensação de estar perdendo o controle de novo... Jesus.

Apoiei as mãos nos seus ombros e virei, colocando uma perna de cada lado do seu quadril e me sentando. Lauren apertou minhas coxas com um pouco de força, mas não doeu. Longe disso. Fechei meus dedos nos cabelos de sua nuca enquanto sentia o beijo ficar... Qual era o termo? Meio urgente...

Desesperado.

E eu seria hipócrita se dissesse que não estava amando cada segundo disso.

Ela interrompeu o beijo, mas eu não abri os olhos. Senti seus lábios macios no meu queixo, depositando pequenos beijos. Lauren foi avançando, beijando suavemente meu pescoço. Eu nunca fiquei tão arrepiada com algo em toda a minha vida, Deus. Eu sentia seus lábios depositando beijos cuidadosos no meu pescoço, quase como se ela estivesse com medo de que eu não fosse gostar.

Lentamente deixei minha cabeça tombar para o outro lado e logo um lado do meu pescoço estava completamente exposto para ela. Lauren distribuiu mais beijos pelo local e parou por um segundo, fazendo o caminho de volta. Beijou todo o meu maxilar e meu queixo até chegar de novo na minha boca.

Então ela já não estava mais sendo tão cuidadosa e eu nem queria que fosse. Lauren me beijou com mais voracidade que antes, minhas pernas bambearam apesar de não ter como eu perder o equilíbrio se eu estava em cima dela e ela segurava minhas coxas com firmeza. Abaixei minhas mãos e procurei sua jaqueta nos ombros, empurrando-a para fora de seu corpo. Eu sentia esse tipo de necessidade estranha de sentir mais da pele dela na minha, parecia que as roupas incomodavam. Lauren soltou minhas coxas apenas tempo o suficiente para me ajudar a se livrar da jaqueta e suas mãos voltaram para minha cintura um segundo depois.

Suas mãos escorregaram da minha cintura para o meu quadril e eu achei que fossem parar lá, mas ela continuou descendo até a minha... Meu... Bumbum... Sempre achei que fosse me sentir extremamente incomodada caso alguém tocasse essa região. Não senti nada disso, não foi evasivo nem nada. Foi apenas...

Com mil demônios, eu gostei.

Rapidamente ela desceu mais as mãos e voltou para a minha coxa, segurando com um pouco mais de firmeza que antes. Eu rapidamente enlacei os braços em volta do seu pescoço quando Lauren me suspendeu e me colocou deitada no sofá, minhas costas contra as almofadas e...

Seu corpo todo em cima do meu.

Deus.

Eu deveria sentir vergonha porque o quadril dela estava no meio das minhas pernas. E... Por Deus. O que era aquilo agora? Aquele incomodo, quase uma ardência... Na barriga.

Não.

Era mais embaixo. No pé da barriga.

Não, diabos.

Era mais em baixo.

Droga.

Aquilo deveria ser... Errado? Não parecia errado naquele momento.

Lauren se apoiava nos cotovelos para não deixar todo o seu peso em cima de mim enquanto eu apertava meus dedos na barra do tecido da sua regata, controlando minhas mãos que pareciam ter vida própria e queriam ir em todos os lugares. Não parecia certo.

Separamos o beijo por dois segundos para respirar, então eu observei os lábios inchados e rosados de Lauren aquele momento e avancei para frente, pegando seu lábio inferior entre os meus dentes. Quando soltei, Lauren desceu direto para o meu pescoço, dando total atenção a região, com beijos menos tímidos, desta vez. Enfiei minhas mãos em algum lugar entre os seus cabelos e fechei os olhos, sentindo Lauren passar a língua de leve por um pequeno espaço do meu pescoço.

- Lauren... – Gemi seu nome de forma arrastada, sem nem mesmo perceber o que eu estava fazendo. Um som reverberou pela garganta dela, quase como se eu tivesse provocado alguma coisa.

Até que a bosta do telefone fixo tocou na mesinha de centro.

Nos separamos tão assustadas que parecia que estávamos fazendo algo de errado. Talvez estivéssemos.

Lauren levantou passando a mão nos cabelos indo atender o telefone. Ela estava um pouco ofegante e sua boca inchada, como a minha deveria estar. Suas roupas estavam um pouco desgrenhadas e eu adorava a visão que tinha quando sua blusa subiu e deixou o osso do seu quadril exposto, porque ela levou o telefone ao ouvido.

Eu to ficando maluca.

- Alô? Oi tia! Já, já chegamos em casa. Não, ela tá bem, só está um pouco cansada. Sim. – Ela arregalou os olhos. – Claro que vamos nos comportar, tia. Sim. Claro. Comida na geladeira? Tá, eu vou esquentar quando ela sentir fome. Sim. Tudo bem. Pra você também. Tá. Beijo. – Lauren colocou o telefone no lugar e sentou na pontinha do sofá, passando as mãos no rosto. – Era sua mãe, ela queria saber como você está. – Assenti.

- Lo... Deita aqui comigo. – Ela suspirou e eu me encolhi, dando espaço para ela se deitar ao meu lado. Não era o maior sofá do mundo, então claro que ficávamos bem espremidas, mas isso era bom, porque se tornava uma desculpa para ficar bem agarradinha com ela.

- Ei, você já está com fome? Sua mãe disse que... – Interrompi.

- Não to com muita fome ainda não, amor. – Suspirei e Lauren ficou séria.

- Amor... Desculpa por isso, tá bom? Não devíamos... Ter chegado a esse ponto, ainda é cedo pra isso. – Seu olhar percorreu rapidamente a sala, como se ela pensasse no que dizer, por fim pareceu desistir e bufou. Enfiei a cara na almofada mais próxima quando minhas bochechas coraram, no momento que eu percebi do que ela estava falando.

Lauren riu baixinho e afagou meu ombro.

- Você tá com vergonha? – Levantei o dedo indicador e balancei, dizendo silenciosamente que não. Tomei cuidado para deixar a outra mão firme na almofada, impedindo-a de sair do meu rosto. Lauren pegou minha mão e beijou. – Princesa, você não precisa ter vergonha, ok? Não comigo. Eu só estava dizendo que... Deixa pra lá. Só não precisa ficar com vergonha.

Ah, claro, Lauren. Não é motivo nenhum pra vergonha.

Eu fico com vergonha só de lembrar das coisas que eu pensei, por Deus.

- Não to com vergonha. – Murmurei com a voz abafada.

- Então porque não tira o rosto da almofada? – Perguntou e mesmo sem ver seu rosto, eu sabia que ela estava dando um sorriso idiota de canto.

- Porque não quero. – Falei com uma voz manhosa e Lauren riu.

- Eu sei como fazer você sair daí. Quer ver? – Não respondi e sentir os dedos de Lauren tocarem de leve minha barriga por cima da blusa. Com mil demônios, a coisa estava voltando.

Então eu esqueci de tudo quando Lauren começou a me fazer cosquinha. Tirei a almofada do rosto, rindo e tentando me esquivar de suas mãos, encolhendo as pernas.

- Lo! – Falei alto, tentando empurrar suas mãos pelos pulsos. –Para... Com... Isso! – Eu cortava as palavras por causa das risadas e a qualquer momento achava que iria ficar sem ar. – Lauren! – Tentei chamar, mas ela só fazia rir de mim e continuar me atacando com aquelas mãos demoníacas.

Consegui afastar seus pulsos por um segundo e tentei engatinhar para fora do sofá, mas Lauren me puxou pelos calcanhares, me fazendo deitar de novo e ficar completamente a mercê da falta de ar que as risadas estavam me causando.

- Pensou que ia fugir, mocinha? – Ela riu e eu rolei no sofá, segurando seus ombros e a levando junto. Acabamos as duas caindo no chão, rindo descontroladamente. Consegui segurar seus pulsos antes que ela me atacasse de novo.

- Para, Lo. Por favor, eu to sem ar. – Falei fazendo um bico.

- Vou perdoar você. – Falou se deitando ao meu lado no carpete. – Mas é só dessa vez, hein.

- Sim senhora. – Disse ainda tentando me recuperar e cheguei bem perto dela, deitando a cabeça no seu ombro e deixando um braço descansar na sua barriga. – Lo. – Chamei e ela me olhou. – Eu gostei.

- Da cosquinha? Sempre que quiser. – Falou rindo.

- Não exatamente. – Respondi corando um pouco e Lauren arregalou um pouco os olhos, ainda me encarando. Depois suas bochechas ficaram vermelhas quando ela finalmente entendeu. – Quem tá com vergonha agora? – Perguntei rindo e escondendo meu rosto entre as mãos, porque eu sabia que estava bem mais vermelha que ela.

- Ninguém. – Retrucou, emburrada.

Linda.

Observei Lauren levantar pela brecha entre meus dedos.

- Vou esquentar o almoço, porque você não vai trocar de roupa enquanto isso? Seu jeans vai sujar se continuar com ele e suas meias também. – Ela estreitou os olhos, olhando para meus pés. – Bom, elas já estão sujas né.

- Tá bom, mãe. – Debochei, levantando e vendo-a sumir em direção a cozinha.

Fui para o meu quarto e peguei uma muda de roupas, indo para o banheiro em seguida. Não pretendia demorar muito no banho, mas acabei demorando porque resolvi lavar o cabelo. Acabei jogando toda a roupa que eu mal havia usado na cesta de roupa suja, caramba, a sola das minhas meias brancas estavam pretas. Me senti uma criança grande.

Mas quem se importava?

Depois de pentear meus cabelos, desci já sentindo o cheiro de comida no ar. E meu estomago reclamar devido a isso.

- Amor, já tá pronta a comida? – Perguntei entrando na cozinha. Lauren me olhou de um jeitinho fofo, com um sorrisinho de canto.

- Tá sim, princesa. To terminando de fazer seu prato. – Sentei no balcão e não passou nem dois minutos até ela me entregar um prato da macarronada que minha mãe havia feito ontem a noite com um enorme copo de refrigerante.

- Obrigada. – Falei começando a comer. Pouco depois Lauren aprontou o prato dela e sentou do meu lado. Conversamos sobre coisas sem importância enquanto comíamos, porém, Lauren quase me fez engasgar por quatro vezes por dizer coisas engraçadas.

- Amor, quando é seu aniversário? – Perguntou depois de um tempo em silêncio.

- Você não sabe? Que espécie de namorada é você? – Indaguei usando meu melhor tom brincalhão. Ela riu com a mão na boca.

- Sua mãe me disse um dia, é que eu não lembro. É em março, estou certa? – Estreitei os olhos e terminei de beber meu refrigerante, levando o prato para a pia e começando a lavar.

- Talvez. Porque quer saber?

- Porque eu quero, ué. Não pode?

- Pode. Só perguntei por que você quer saber. – Lauren rolou os olhos e eu ri. Era engraçado tentar tirar a paciência dela.

- Porque eu quero, cacete. Se não for falar, me avisa que qualquer coisa eu pergunto para a sua mãe. – Enfiou a última garfada de macarrão na boca. Segurei o riso, ela estava começando a ficar de cara feia.

- Então porque não perguntou para ela primeiro? – Levantei uma sobrancelha e Lauren fechou a cara de vez.

- Desisto. – Falou vindo até mim e colocando o prato na pia, engoli uma gargalhada e desliguei a torneira.

- Vem lavar esse prato, Lauren!Sua empregada não sou eu não, ela ficou lá em San Miguel. – Lauren fechou mais a cara e eu não aguentei, caí na gargalhada. Ela ficou mais irritada tentando descobrir do que eu estava rindo. – Amor. – Disse tentando parar de rir. – Eu to brincando. – Ela torceu a boca.

- Não é engraçado. – Ri mais ainda.

- Claro que é, amor. – Fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha. Lauren ainda estava séria, mas seus olhos possuíam um brilho divertido. Ela passou os braços pela minha cintura e me deu um selinho.

- Se você não fosse tão linda com essa carinha de sapeca, eu iria ficar brava, sabia? – Falou perto do meu ouvido e eu ri, abraçando seu pescoço.

- Devo agradecer a Deus ou a genética? - Rimos e eu me soltei dela para lavar o prato que ainda estava na pia. – A propósito, meu aniversário é dia três de março.

- Anotado, princesa.

- Tem o que pra sobremesa? – Perguntei e Lauren abriu a geladeira.

- Torta de banana. – Lauren respondeu. Fiz a careta mais feia que conhecia no momento.

- Eu odeio torta de banana, Lo. Você não sabia disso?

- Você não gosta de banana?

- Gosto sim, mas da torta não. – Lauren fechou a geladeira. – Não tem sorvete não?

- Não. Mas eu posso ir na sorveteria que tem aqui na rua e comprar. – Terminei de secar o prato.

- Não precisa não, Lo. – Sequei minhas mãos no pano de prato. – Não precisa gastar dinh... – Lauren selou os lábios nos meus, como se eu não tivesse dito nada.

- Volto em cinco minutos.

- Mas meu anjo, não preci... – Lauren foi andando para fora da cozinha.

- Pode contar! – Ela gritou antes de sair de casa.

Corri até a janela da sala, rindo. Abri a mesma e Lauren estava saindo pelo portão, mas ela me viu. Coloquei a ponta do indicador no pulso, sinalizando que eu iria mesmo contar. Ela levantou um polegar e depois sumiu pela rua.

Sentei no sofá e liguei a televisão, depois de verificar a hora. Quatro minutos e cinquenta e três segundos depois, Lauren abriu a porta da sala, ofegante com uma sacola na mão. Ri negando com a cabeça.

- Salva por sete segundos.

- Sério? – Ela arregalou os olhos.

- Sim.

- Chocolate, como eu sei que a senhora gosta.

- Você poderia ser boazinha e ir buscar uma colher pra gente né? – Falei quando ela me entregou o pote que não era tão grande assim, então dava para a gente comer agora mesmo.

Lauren voltou dois minutos depois com duas colheres e um vidro de calda de chocolate, que ela despejou em cima depois de eu destampar.

- Jura que você tá assistindo Crepúsculo? Olha, eu esperava mais de você, sério. – Lauren disse depois que prestou atenção na televisão.

- É Eclipse. – Ela revirou os olhos e enfiou uma colher cheia de sorvete na minha boca.

- Tanto faz, é tudo a mesma merda. Tem esse vampiro viado, esse lobo sem pelos que é a coisa mais absurda que eu já vi na minha vida e que não usa camisa e essa menina que quer ser Hannah Montana vivendo no melhor dos dois mundos com cara de retardada. Sem falar que os nomes são muito criativos, por que... – Coloquei uma colher na boca dela para ela parar de falar.

- Eu já to trocando de canal, não precisa fazer um monólogo sobre como você odeia Crepúsculo não, calma.

- To calma. – Troquei de canal até achar alguma coisa que eu e ela gostávamos: "Jogos Vorazes".

Estava passando uma espécie de mini maratona, terminando de passar o primeiro, iriam passar o segundo, em sequência.

Óbvio que eu iria assistir.

Quando estávamos quase acabando o pote de sorvete (que já tinha derretido, mas continuava ótimo) e a Katniss estava cerrando o galho que tinha o ninho das teleguiadas, Lauren olhou para a hora e saltou no sofá.

- Amor... Eu preciso ir. – Falou beijando o topo da minha cabeça.

- Você tem mesmo que ir? – Fiz um bico. – Queria que você ficasse.

- Eu também queria ficar, acredite, mas não posso. – Lauren segurou meu rosto e beijou minha testa.

- Hm, tá bom. – Abracei seu pescoço e ela deu um beijo rápido. – Bom trabalho.

- Obrigada pequena, se comporta. Você vai ficar bem?

- Vou, meu anjo.

- Qualquer coisa me liga, manda mensagem, sinal de fumaça, código Morse, etc. – Eu ri.

- Idiota. – Ela beijou minha mão.

- Eu amo você, tá bom? Até de noite. – E Lauren saiu depois de me beijar mais uma vez. [...]

- Eu vou ficar bem, mãe. – Eu acho.

Foi o que eu disse antes de descer do carro e começar a me encaminhar na direção da porta da escola. Que Deus me ajudasse.

Vi que o carro de minha mãe continuou parado na porta até que eu entrasse no colégio, já desejando desesperadamente a hora de sair. Minha cabeça estava baixa e eu havia acabado de ligar a música, hoje mais do que nunca eu não queria ouvir nada que ninguém estivesse falando.

Depois do surto que eu dei, minha mãe deixou que eu faltasse a escola ontem, achando que isso iria me ajudar. De fato, ajudou. Ajudou bastante porque eu tive um pouco mais de tempo para me sentir mais confortável em estar aqui agora.

Não que confortável fosse a palavra que pudesse me definir no momento.

Andei de cabeça baixa. Não vi nada nem ninguém. Felizmente eu já conhecia suficientemente os corredores para não cair de cara no chão. Fui direto ao meu armário e peguei o livro de inglês, indo para a sala que estava completamente vazia. Agradeci mil vezes por isso, me sentei na última carteira e peguei meu caderno de desenho, tentando não pensar em nada, muito menos no pânico que eu não queria sentir.

Estava cansada de mim mesma. Cansada de me sentir com medo o tempo todo, cansada de ser daquele jeito. Amanhã seria a primeira vez que eu iria à clínica e, mesmo sem saber como seria, eu sabia que não desistiria. Não importava o quão mal e desagradável eu me sentiria, eu iria do mesmo jeito.

Estava cansada de me sentir cansada por minhas próprias atitudes.

E arrependida também. Estava muito arrependida. Só queria me desculpar com Hailee por ter surtado, queria dizer que a culpa não era dela e nem nada disso. Mas eu mal conseguia ficar do lado da menina né? E claro que eu não iria falar nada para ela. Hailee também provavelmente nunca mais chegaria perto de mim.

Talvez fosse melhor assim.

"Ou eu estou totalmente errada". Foi o que eu pensei quando Hailee entrou na sala seguida de uma menina baixinha. Mal reparei em qualquer uma das duas, apenas fechei o meu caderno de desenho e senti o meu celular vibrar no bolso. Não fazia nem dez minutos que eu estava ali, ainda faltava mais dez para o sinal tocar e eu não achava que muitas pessoas normais gostassem de ficar na sala antes da aula, embora já tivessem alguns nerds nas primeiras carteiras.

Sentir alguém se sentar ao meu lado.

Droga.

Deve ser Hailee.

Não precisei mais do que uma olhada pelas frestas entre minhas mechas de cabelo para constatar que era ela. Peguei o celular, concentrada. Ignorando o pânico e o medo dela se dirigir a mim.

Que inferno, quando isso iria passar?

Acho que nunca, se eu não resistisse ao impulso de sair correndo.

Não.

Eu não vou sair correndo.

Não hoje.

Havia uma mensagem de Lauren, como sempre. Sorri sozinha e abri. "Princesa, espero que você tenha um ótimo dia. Qualquer coisa, já sabe, me liga. Eu te amo muito. Até de noite.". Não entendia porque Lauren insistia em enviar uma mensagem praticamente com as mesmas coisas que ela havia me dito antes de sair de casa, mas eu gostava. Não precisava entender. Fazia com que eu me sentisse incrivelmente bem e, na maioria das vezes, me distraia de um possível ataque de pânico.

Respondi com um: "Amor, boa aula e bom trabalho. Já estou com saudade. Até.".

Suspirei e a professora entrou na sala. Levantei a cabeça apenas para perceber que a aula estava mais ou menos cheia, não havia tantos alunos quanto o normal. Tirei os fones e peguei meus cadernos, começando a copiar. Hailee não disse nada. Às vezes ela cutucava a menina baixinha e loura a sua frente e elas cochichavam algo, normal. Mas não disse nada.

Fiquei feliz por ela não dizer nada, mas fiquei mais feliz por ela ter vindo sentar do meu lado. Não era como se faltasse lugares, a sala estava ocupada somente pela metade. Se ela sentou ao meu lado, significava que ainda estaria perto de mim mesmo depois de ontem. Eu me senti... Não sei. Confortável, talvez.

Ao longo do dia descobri que o horário de Hailee era quase o mesmo que o meu. Pelo menos as próximas duas aulas eram as mesmas, menos daquela menina que estava com ela, sua última aula antes do intervalo não era junto com a nossa. O curioso foi que Hailee não disse uma mísera palavra durante as três aulas (pelo menos não dirigida a mim), mas ela me esperou arrumar meus materiais antes de sair da sala e foi comigo pelos corredores. Por alguma razão, eu me senti melhor andando acompanhada de uma sala a outra do que sozinha.

Era estranho e bom ao mesmo tempo.

Nunca havia acontecido, na verdade.

Mas eu gostei.

Hailee se sentou do meu lado em um banco, no intervalo. Eu estava sem fones, porque o pessoal preferia ficar nas salas fazendo sabe Deus o que e no pátio havia muito pouca gente. Bem menos barulho.

- Hai, você tá ai. – Ouvi uma voz feminina e suave dizer, se aproximando. Encarei o chão, terminando de morder o sanduíche que minha mãe havia preparado para o lanche.

- Oi Ally.

- Você tem aula de geografia depois, não é? – Ally perguntou se sentando ao lado de Hailee. De repente, o banco pareceu pequeno demais e eu queria sair dali.

Mas que mal elas estavam fazendo, afinal? Nada. E eu gostava de não ficar sozinha, mesmo que eu estivesse agindo como surda e muda.

- Tenho.

- Se prepara, aquele mal comido do professor passou sete páginas de dever de casa.

- Mas que filho da puta.

- Pois é.

- E eu que ia fazer maratona Harry Potter hoje de tarde, olha, não sou obrigada, não mesmo.

- Ally, a nossa aula com ele é só semana que vem.

- A sua, Hai. A minha é amanhã.

- Finge que está com gangrena na perna e não pode vir para a escola. – Ri pelo nariz bem baixinho, mas acho que elas escutaram.

- Ei, acho que eu ainda não me apresentei. – Ela tá falando comigo? Com mil demônios, tava indo tudo tão bem até agora. – Meu nome é Ally. – Fiquei encarando o chão de cimento e contendo a vontade de correr. – Espero que possamos nos dar bem e ser amigas. – Falou de uma forma tão gentil que eu sabia que ela estava sorrindo e me senti um lixo por não conseguir responder.

Quando o sinal tocou, fomos todas para a aula de biologia. Ally e Hailee andavam do meu lado, conversando e rindo. Fui buscar meu livro no armário, ainda que eu estivesse de fones e não houvesse dito nada, elas vieram comigo e me esperaram.

Pois é.

Parece que minha sorte não é mais uma piada. 

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