Capítulo 10 - Presa

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Meus lábios se curvam em um sorriso quando ouço as palavras de Kotake, enquanto meus olhos seguem com cobiça a imagem de minha vítima, projetada pelas bruxas. Devo, contudo, ser cautelosa, pois uma recompensa como esta não vem sem um preço.

Tento não fazer mais perguntas e esperar que as Twinrova digam o que devo fazer.

– Sinta-se honrada, jovem Helena  exulta Koume , pois você foi concebida para este objetivo, e somente ele.

 Sim, irmã   concorda Kotake, analisando a ilusão com um desejo cruel  Este jovem ainda vai criar muitos problemas para nós e o reinado de Ganondorf  ela desfaz a imagem com um movimento nos dedos  – É imperativo que seja eliminado o quanto antes.

A feiticeira de cabelos flamejantes aproxima seu rosto do meu, olhando fundo em meus olhos.

 Diga, minha criança, revele os pensamentos de Cecília. Podemos sentir sua mente se agitar graças ao elo que une vocês duas, mas já não vislumbrar o que sente.

Não é uma tarefa difícil. Não preciso me esforçar para ouvir seus gritos em meus ouvidos, como uma presença da qual nunca posso me livrar totalmente.

Por enquanto.

 Cecília  pronuncio seu nome com um gosto agridoce na boca – Cecília acredita que perdeu todas as chances que tinha de voltar para casa.

Meu sangue ferve ante seus pensamentos patéticos, apertando meus punhos em volta dos grãos de areia. Ela nunca deixou de acreditar, nem por um segundo sequer, que estivesse em um jogo. Penetro em seus pensamentos de forma mais profunda e percebo tratar-se de uma fé ainda mais cega  um quebra-cabeça que talvez não possuísse uma solução tão complicada assim, a seu ver. Cecília tem vislumbres de Link, o herói do jogo em questão, sempre ao final das sessões, a única coisa que a impede de enlouquecer de vez. É o que faz com que sobreviva às torturas sofridas diariamente, a perspectiva de encontrá-lo, de convencê-lo a ajudá-la de alguma forma nesta terra inóspita e irreal.

A impaciência cede ao escárnio. Solto uma gargalhada zombeteira frente ao estado miserável de sua mente infantil.

Conto tudo o que vejo às bruxas, que assumem uma expressão contemplativa quando termino meu relato, bem diversa dos risos de zombaria com que Cecília aprendeu a se acostumar em suas memórias.

– Você provavelmente já percebeu que essa garota veio de muito longe  sibila Koume, com as mãos cruzadas embaixo do queixo, como que ponderando o que dizer  Um lugar distante e complexo, além da imaginação, em que tudo o que existe aqui não passa de uma mera história.

 Poucos de nós têm consciência disto  completa a irmã – Há uma razão muito específica pela qual Cecília chegou até aqui. Uma razão que não conhecemos totalmente, mas que está fortemente ligada a outra presença vinda do mesmo lugar, uma bastante perigosa.

 Alice  digo.

– Sim  assente a feiticeira de fogo  Alice é algo potencialmente destrutivo, mas não sabemos até onde este potencial chega. A presença dela convergiu com a de Link, embora não saibamos o porquê.

Koume interrompe sua explicação, fitando-me.

– Seu rosto não deixa escapar suas dúvidas, criança. Mas seus olhos sim.

A Garota que Nunca ExistiuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora