Olá, pessoal.
Depois de quase cinco anos, finalmente consegui retornar. Antes de tudo, claro, peço desculpas por toda a demora e por todo mundo que descobriu ou redescobriu AGNE, e tem aguardado pelo retorno.
A Garota que Nunca Existiu nunca abandonou meus pensamentos. Tive tempo de me dedicar a outros projetos – continuar produzindo resenhas literárias, publicar em newsletters e coletâneas, inclusive lançar uma coletânea de contos de ficção científica na Amazon, a Valsa para Vênus. Inclusive cheguei a produzir bastante conteúdo inédito relativo a AGNE entre agosto de 2017 até 2022. Mas voltar a postar todo esse conteúdo ainda me assustava.
Talvez por ser uma história que começou em 2015 (quando eu tinha dezesseis anos), eu sentia uma dupla auto cobrança: 1) como retornar à escrita de um conteúdo que, se eu pudesse, faria diversas edições e cortes pra tornar mais compatível com a minha escrita atual?; e 2) como editar os novos capítulos e seguir escrevendo algo que faça justiça, não só a todo o planejamento que eu fiz em relação a essa história, mas também às leitoras e leitores que a descobriram e se fascinaram por ela? Relendo capítulos (postados e inéditos), eu sempre encontrava algum defeito, alguma coisa que me desagradava, e gastava tempo demais pensando em formas de corrigir tudo aquilo, em vez de tentar seguir em frente com a narrativa que eu planejei.
Então, de uns meses pra cá, lembrei de uma das minhas tramas preferidas (e uma das maiores inspirações de AGNE): a série Twin Peaks, de 1990, obra da dupla David Lynch e Mark Frost. Aquele universo fascinante contido numa pequena cidade do interior dos EUA, repleto de personagens tão bizarras quanto misteriosas e aterrorizantes, cujas passagens oníricas nem sempre fazem completo sentido em um primeiro momento, mas que possuem todo um significado e uma mitologia interna por trás, tudo isso nos é apresentado a partir do misterioso assassinato de uma adolescente, Laura Palmer. Descobrir quem a matou logo se torna um aspecto secundário de uma série de TV que começa como uma espécie de novela/procedural policial, e logo vai ganhando contornos cada vez mais incompreensíveis.
Só que a beleza de Twin Peaks reside no fato de que, durante a produção da série, seus roteiristas tiveram de lidar com uma série de demandas, não só da emissora de TV como do próprio público, não estava 100% pronta desde o início. Boa parte do que me encanta na história é o fato de que, durante sua primeira exibição, ela estava em perpétua construção. Toda aquela mitologia bizarra e fascinante foi surgindo conforme a escrita, gravação dos episódios e, inclusive, por pequenos incidentes no set – o grande "vilão" da série só surgiu porque o assistente de figurino apareceu por acidente durante uma das tomadas de gravação, e Lynch decidiu mantê-lo como personagem da trama.
Penso também nos folhetins dos séculos XIX/XX e romances seriados dos quais as fanfics e originais do Wattpad e de outras plataformas são herdeiras diretas. Existe uma diferença muito grande entre escrever um romance inteiro sozinha e fazê-lo acompanhada de uma audiência de pessoas que, periodicamente, estão vidradas esperando pelo próximo capítulo.
Entender tudo isso me ajudou a não me cobrar tanto em relação a AGNE, e simplesmente seguir minha intuição e continuar de onde eu parei, sem pensar demais. A voltar a me divertir com a minha escrita.
Assim, a partir deste domingo (29/05), voltarei a postar quinzenalmente novos capítulos de A Garota que Nunca Existiu. Retomar uma história tão querida me assusta na mesma medida em que me alegra, mas sinto que preciso terminar o que comecei, não só porque ainda acredito em sua premissa (mesmo depois de todos esses anos), como também pelo compromisso com quem a leu e ainda a lê.
Sem mais delongas, segue o próximo capítulo :)
ESTÁ A LER
A Garota que Nunca Existiu
FanfictionEm um esquecido subúrbio na zona norte do Rio de Janeiro, Alice, uma fã fervorosa da franquia The Legend of Zelda, desaparece sem deixar rastros. Embora esteja ciente de que vive em uma cidade em que casos como este não passam de páginas de jornais...