Comunicado - 29/05/2022

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Olá, pessoal.

Depois de quase cinco anos, finalmente consegui retornar. Antes de tudo, claro, peço desculpas por toda a demora e por todo mundo que descobriu ou redescobriu AGNE, e tem aguardado pelo retorno.

A Garota que Nunca Existiu nunca abandonou meus pensamentos. Tive tempo de me dedicar a outros projetos – continuar produzindo resenhas literárias, publicar em newsletters e coletâneas, inclusive lançar uma coletânea de contos de ficção científica na Amazon, a Valsa para Vênus. Inclusive cheguei a produzir bastante conteúdo inédito relativo a AGNE entre agosto de 2017 até 2022. Mas voltar a postar todo esse conteúdo ainda me assustava.

Talvez por ser uma história que começou em 2015 (quando eu tinha dezesseis anos), eu sentia uma dupla auto cobrança: 1) como retornar à escrita de um conteúdo que, se eu pudesse, faria diversas edições e cortes pra tornar mais compatível com a minha escrita atual?; e 2) como editar os novos capítulos e seguir escrevendo algo que faça justiça, não só a todo o planejamento que eu fiz em relação a essa história, mas também às leitoras e leitores que a descobriram e se fascinaram por ela? Relendo capítulos (postados e inéditos), eu sempre encontrava algum defeito, alguma coisa que me desagradava, e gastava tempo demais pensando em formas de corrigir tudo aquilo, em vez de tentar seguir em frente com a narrativa que eu planejei.

Então, de uns meses pra cá, lembrei de uma das minhas tramas preferidas (e uma das maiores inspirações de AGNE): a série Twin Peaks, de 1990, obra da dupla David Lynch e Mark Frost. Aquele universo fascinante contido numa pequena cidade do interior dos EUA, repleto de personagens tão bizarras quanto misteriosas e aterrorizantes, cujas passagens oníricas nem sempre fazem completo sentido em um primeiro momento, mas que possuem todo um significado e uma mitologia interna por trás, tudo isso nos é apresentado a partir do misterioso assassinato de uma adolescente, Laura Palmer. Descobrir quem a matou logo se torna um aspecto secundário de uma série de TV que começa como uma espécie de novela/procedural policial, e logo vai ganhando contornos cada vez mais incompreensíveis.

Só que a beleza de Twin Peaks reside no fato de que, durante a produção da série, seus roteiristas tiveram de lidar com uma série de demandas, não só da emissora de TV como do próprio público, não estava 100% pronta desde o início. Boa parte do que me encanta na história é o fato de que, durante sua primeira exibição, ela estava em perpétua construção. Toda aquela mitologia bizarra e fascinante foi surgindo conforme a escrita, gravação dos episódios e, inclusive, por pequenos incidentes no set – o grande "vilão" da série só surgiu porque o assistente de figurino apareceu por acidente durante uma das tomadas de gravação, e Lynch decidiu mantê-lo como personagem da trama.

Penso também nos folhetins dos séculos XIX/XX e romances seriados dos quais as fanfics e originais do Wattpad e de outras plataformas são herdeiras diretas. Existe uma diferença muito grande entre escrever um romance inteiro sozinha e fazê-lo acompanhada de uma audiência de pessoas que, periodicamente, estão vidradas esperando pelo próximo capítulo.

Entender tudo isso me ajudou a não me cobrar tanto em relação a AGNE, e simplesmente seguir minha intuição e continuar de onde eu parei, sem pensar demais. A voltar a me divertir com a minha escrita.

Assim, a partir deste domingo (29/05), voltarei a postar quinzenalmente novos capítulos de A Garota que Nunca Existiu. Retomar uma história tão querida me assusta na mesma medida em que me alegra, mas sinto que preciso terminar o que comecei, não só porque ainda acredito em sua premissa (mesmo depois de todos esses anos), como também pelo compromisso com quem a leu e ainda a lê.

Sem mais delongas, segue o próximo capítulo :) 

A Garota que Nunca ExistiuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora