Capítulo 41

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Não tentamos adentrar a caverna de gelo de novo sem antes viajar até Kakariko para comprar roupas de frio. Ouço Link resmungar consigo mesmo, amaldiçoando o fato de não termos uma canção de Sheik que nos teletransporte de volta à cidade desta vez, da mesma forma que fazemos nos Templos.

Não temos muita opção senão retornar do jeito antigo.

Nenhum de nós comenta a respeito da noite da véspera.

Retornamos dois dias depois. A despeito de meu temor inicial em pular novamente pelas plataformas, consigo ultrapassar o gelo escorregadio sem dificuldade sob a luz fina da manhã.

– O rastro já deve ter desaparecido depois de todo esse tempo – murmuro entredentes, apertando o casaco marrom contra o peito.

– Mas ainda lembramos do caminho – Link responde – Não precisamos nos preocupar com isso de novo, pelo menos por enquanto.

– Mas e quanto a... lá dentro? E se já tivermos perdido a pista de quem ou do quê tava lá?

O jovem dá de ombros.

– Damos um jeito.

E esta é uma das coisas que ainda não consigo deixar de detestar completamente em Link: essa mania de ser imprevisível, de encontrar brechas em planos cuidadosos, de deixar questões importantes em aberto para que sejam descobertas mais tarde.

Engulo as palavras entaladas na garganta e sigo em frente.

Quando finalmente adentramos a caverna de gelo, quebro alguns cristais congelados bloqueando a passagem a golpes com os punhos da adaga, e quase tenho de levar uma mão ao rosto e fechar os olhos. A luz reflete através do branco absurdo e cegante do local e ilumina cada recanto da caverna.

Acostumados à iluminação, tentamos encontrar o caminho evanescido do rastro. Tomo cuidado para não escorregar na superfície quase transparente. Algumas criaturas atacam e defendemos, até que descobrimos o quanto estamos perdidos, após horas de caminhada infrutífera por caminhos bifurcados, câmaras e mais câmaras extensas.

Então, quase que por acidente, uma das paredes maciças de gelo pega fogo depois que Navi esbarra em um ponto iluminado. Superados o susto e a surpresa, descobrimos de onde vem a iluminação.

Uma espécie de substância mágica, um fogo branco, está escondido em tochas alojadas pelas paredes da caverna. O brilho é tão forte que se confunde com o branco da própria superfície, mas conseguimos localizá-lo, com algum esforço, e descobrimos que é capaz de desintegrar algumas das paredes que nos levaram a becos sem saída. Com cuidado, Link armazena o fogo em seu candeeiro sempre que encontra novas tochas, usando-o para queimar as entradas antes escondidas de nós.

– Não teria como funcionar em todas as paredes, ou a caverna já teria desmoronado – pondero – Não... só funciona com lugares específicos. Mas qual é a diferença...?

Seguimos nessa tentativa e erro por mais algumas horas, com Link apalpando as paredes antes que as chamas frias reduzam rocha sólida a cinzas, em busca de algum diferencial; e Navi e eu oferecendo cobertura, alvejando com minhas flechas os monstros do local.

Meu peito ainda bate acelerado após acertar a última estátua de gelo que nos ataca.

– Venham aqui, rápido! – Link chama, algum tempo depois – Acho que descobri um padrão.

– Sou toda ouvidos.

– Todas as paredes que conseguimos queimar têm uma cor mais escura que as demais... principalmente nessas extremidades – ele aponta para os cantos da parede – Quase não dá pra perceber.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 31, 2022 ⏰

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