Capítulo 96

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Micael tinha tomado seu banho, devolveram as roupas antes de entrar no presídio e quando saiu teve a surpresa de seu pai, tinha até se esquecido como era bom ter ar livre novamente. 

- Posso te dar um abraço? - falou com cautela antes de Micael correr para os braços do pai. 

Pode parecer estranho mas o moreno desabou, agora ele sabia também e não tinha mais onde se esconder. Molhou a camisa do pai que estava fazendo o mesmo, matando a saudade. 

Jorge andou com ele até a frente do presídio, entraram no carro importado do homem que deu partida em seguida. 

- Meu filho - virou o volante. 

- Como isso aconteceu? 

- Isso o quê? 

- Eu ter saído do presídio, impossível - tentou achar algo pra explicar - o júri disse que era impossível pagarem a minha fiança... 

- Pois é, eu paguei a sua fiança - pausou - procurei especialistas pesados pra fazerem esse trabalho, paguei uma grana preta. 

O carro ficou em silêncio. 

- Obrigado, pai - Micael silabou baixo olhando a janela, sua grande Seattle. 

- Tome juízo agora. 

- Já vai começar a me xingar? 

- Não, você foi bonzinho - sorriu. 

- Certo - encarou o pai - vire a próxima esquerda, meu bairro fica um pouco longe mas por esse atalho... 

- Não vamos a sua casa no momento. 

- Pra onde vamos? eu preciso ver Sophia. 

- Nós vamos ver Sophia. 

- Aonde? - se irritou - por quê está indo em direção ao hospital central? 

- Você ainda pergunta? - olhou o filho com sacarmo. 

- Kevin! 

Seus olhos ficaram em transe e assim que seu pai estacionou o carro Micael pareceu correr contra o tempo, nem viu como tinha deixado a porta do veículo, correu pra dentro do hospital parando em frente ao balcão. 

- Oi, eu quero saber da minha noiva - respirou fundo. 

- Como é o nome dela, por favor? - a recepcionista procurou no computador.

- Sophia Abrahão - procurou fôlego. 

- Micael! - escutou uma voz e quando virou lá estava ela com Jon. 

Andou até sua mãe dando um abraço na mesma, Jon ficou surpreso ao ver o tio, tanto tempo. 

- tio Mica, tio Mica - vibrou. 

- Jon - pegou o menino no colo - como está grande, a cara do seu pai. 

- Micael - Antônia o chamou - temos notícias de Kevin. 

- Onde está Sophia? e onde está meu filho? - entregou Jon novamente a sua mãe. 

- Estão em uma sala específica, Kevin está encubado. 

- Encubado? 

- Sim, nasceu prematuro demais - pausou - o médico disse que ele não iria aguentar mas Sophia foi forte. 

- Meu Deus - coçou a cabeça em nervosismo - eu quero vê-los. 

- Só Sophia... 

- Eu quero ver o meu filho, mãe. 

- Fale com a recepcionista, talvez... 

Não deixou a mãe falar, correu ao balcão novamente onde a recepcionista já tinha uma resposta pra sua primeira pergunta. 

- Ela está na ala especial infantil. 

- Eu quero vê-lá, sou o pai da criança. 

- Espere um momento, vou fazer o seu cadastro e chamar uma enfermeira. 

Micael assentiu esfregando as mãos em preocupação, estava nervoso e triste pelo filho. Fez menção de sentar ao lado de sua mãe mas seus olhos avistaram ela, o amor de sua vida. 

Estava saindo da sala, vestia uma calça jeans e um suéter branco, andava encarando o chão, seus olhos brilharam ao olhar sua frente e ver Micael, parecia um sonho. O mesmo saiu correndo indo até Sophia que abraçou tão forte sentindo o seu cheiro, era ele ali, não precisava de mais nada. 

- Amor - chorou em seu ombro - como? 

- Meu pai conseguiu pagar a minha fiança - secou suas lágrimas - como ele está? 

- Bem, ele dormiu quase agora - sorriu entre o choro - eu te amo tanto. 

- Eu também te amo - beijou a loira, calmo e com saudade. 

Viram a enfermeira andar até eles, tinha os mesmos utensílios descartáveis que Sophia estava usando para ver Kevin, entregou a Micael que ficou sem ter o quê fazer. 

Sophia levou ele até a sala, os olhos do moreno brilharam ao ver o filho dentro da pequena encubadora, dormindo em sono profundo, foi como uma facada no coração. Sophia colocou a touca e mascara, por último passou o álcool nas mãos higienizando, Micael fez o mesmo seguindo a amada que tinha entrado na sala. 

O barulho das máquinas apertou bem mais o coração do mesmo, olhou o filho dormindo e chorou, não tinha se aguentado, Sophia incentivou o noivo a por o indicador dentro da encubadora pra sentir os dedinhos de Kevin, com receio ele foi. Sentou na poltrona onde a loira ficava colocando o indicador, sorriu ao sentir a pele morna do filho, passou pelo corpo respirando tranquilo, era um menino lindo, a mistura dos dois. 

- Ele é lindo. 

- Ele parece com você - sorriu. 

- É  a mistura dos dois - sorriram. 

- Pensei que não ia aguentar, mas fui forte - pausou - desde o primeiro momento. 

- Ninguém me disse nada, pensei que ia morrer lá dentro. 

- O pior já passou - abraçou Micael - agora somos nós três. 

- Sim, nós três. 

Sophia beijou Micael, eram os três ali, um amor inexplicável. 

BranquinhaWhere stories live. Discover now