Capítulo 89

325 27 0
                                    

Sophia ajuntou sua mala colocando coisas importantes como roupa, fechou o apartamento e partiu pra casa de Antônia, Jorge ainda estava lá curtindo a família, aquilo doía, precisava falar de Micael o mais rápido possível. 

Ou não. 

- Soph, Soph - Jon a chamou - olha esse desenho, eu fiz pra você. 

- Uau, que lindo, obrigada - beijou a testa do menino - eu amei. 

- Você gostou? eu usei a cor preferida do meu tio - colocou as mãozinhas para trás. 

- Jura? eu amei - sorriu - como sabe que é a cor preferida dele? 

- Vovó me disse uma vez - sentou-se novamente em sua mesinha - vou fazer outro desenho. 

- Faça um bem bonito pro seu avô, vamos decorar com todas as cores possíveis. 

Sorriram mas antes que Sophia pegasse uma folha a mesma sentiu seu celular vibrar, era Micael como sempre, na chamada desconhecida. Saiu de fininho deixando o menino alegre colorir a folha. 

- Essa é uma ligação da penitenciária de Seattle, aperte dois para continuar. 

- Oi, meu amor. 

- Amor - sorriu - agora não posso falar, estou trabalhando. 

- Porra, Sophia - bufou - toda hora é isso? 

- Micael, é o meu trabalho - pausou - não posso ficar te atendendo. 

- Então não quer me atender, é isso? 

- Eu disse que não queria te atender? 

- É o que parece. 

- Estou na casa dela, vai dar bastante bandeira. 

- Desconfio que esteja na casa da minha mãe. 

- Como? 

- Não está andando com ninguém? sei lá, o trouxa aqui pode estar preso enquanto você pode estar curtindo adoidada. 

- Curtindo adoidada? - perguntou incrédula - estou com uma barriga imensa, nem minha vagina consigo ver direito e você acha que estou curtindo adoidada? 

- Pra não querer falar comigo, só pode ser isso. 

- Não acredito que você quer brigar justo agora. 

- Estamos tendo uma briga? que ótimo, eu gosto de brigar. 

- Você vai fazer isso mesmo? 

- O quê quer que eu faça? 

- Que pare de brigar comigo, estou grávida e... 

- Está grávida e tendo riscos, essa era a questão - pausou - quando ia me contar? 

- Contar o quê? 

- Não se faça de boba, Sophia. 

- Saily, não foi? 

- A própria - pausou - quando ia me contar? 

- Quando fosse necessário. 

- A hora não é necessária agora? 

- Micael eu juro pra você, vou ir aí amanhã e podemos discutir a vontade. 

- Não quero discutir com você, quero saber o quê está acontecendo. 

- Saily já te disse, é isso. 

- Então vamos lá, recapitulando - Sophia revirou os olhos - Kevin pode nascer morto enquanto você está dando uma de garota mimada se divertindo na Disney. 

- Você fumou? eu estou preocupada. 

- E por quê não me avisou? 

- Eu já disse. 

- Eu sou o pai dessa criança e tenho o direito de saber tudo que acontece com ela. 

Sophia se calou, a boca amorteceu enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto, o choro fez barulho e automaticamente Micael se desesperou. 

- Sophia? fale comigo, Sophia. 

- DROGA - gritou - eu me odeio, eu me odeio, eu me odeio. 

- Não, não, não - a tranquilizou - me desculpe, eu me alterei. 

- Eu falo com você depois. 

- Espera - pediu - me desculpe meu amor, eu ando tão estressado aqui dentro, me desculpa. 

- Tudo bem - secou as lágrimas - vejo você amanhã. 

- Eu te amo. 

- Eu te amo - a ligação foi encerrada. 

Sophia deu um jeito de esconder a cara de choro antes que Jorge a visse, Antônia tinha saído pra um compromisso então não tinha com o quê se preocupar. Voltou a ver Jon que agora estava finalizando seu desenho com cores quentes, sorriu a Sophia que tentou manter-se forte diante do menino. Nada de produtivo aconteceu, ficar cuidando dele já era algo que a acalmasse. 


No presídio Micael ficava mais puto do que já estava, odiava brigar com Sophia, isso deixava sua mente longe. Voltou pra cela bufando enquanto o amigo encarava o moreno. 

- Se alterou, não foi? 

- Eu queria gritar, se fizesse isso cortariam minha grana da lojinha. 

- Você deu sorte - riu - está tudo bem com teu filho? 

- Não, eu estou com medo - pausou - Richard, eu não posso perder esse moleque, de novo não. 

- Você não vai perder, eu já te avisei isso - se ajeitou na cama - aquele lance de cair fora ainda está de pé, você vem? 

- Claro que vou, você sabe disso. 

- Estou providenciando os esquemas de saída, isso aqui é tipo fios de DVD - pausou - áudio, vídeo e o auxiliar. 

- Na verdade acho que os nomes estão trocados, mas isso não interessa no momento - respirou fundo - preciso cuidar de Sophia antes que algo aconteça. 

- Você acha que vai acontecer alguma coisa? 

- Se eu não cuidar dela? vai sim, e não vai ser nada bom. 

- Precisa parar com essas paranoias, entende? 

- Entendo, mas... 

O guarda bateu na cela chamando a atenção de Micael e Richard, abriu o mesmo assoviando em seguida. 

- Borges, tem visita pra você. 

O moreno estranhou, será que era ela com peso na consciência por não ter contado sobre Kevin? 

Enquanto andava os corredores sentiu um frio na barriga, abaixou a cabeça, a cada passo seu coração acelerava, era louco por ela e isso bastava. Micael foi entregue na sala de visitas mas seu corpo pareceu morrer ali, de pé, estava em transe, tinha perdido a cor, os olhos encheram de lágrimas, a voz sumiu, e a sua visita estava do mesmo jeito, agora tinha as mãos cobrindo a boca indignada, e as lágrimas... 

As lágrimas imundando o crachá de visitante no nome de:  Antônia Borges. 


BranquinhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora