Sophia ajuntou sua mala colocando coisas importantes como roupa, fechou o apartamento e partiu pra casa de Antônia, Jorge ainda estava lá curtindo a família, aquilo doía, precisava falar de Micael o mais rápido possível.
Ou não.
- Soph, Soph - Jon a chamou - olha esse desenho, eu fiz pra você.
- Uau, que lindo, obrigada - beijou a testa do menino - eu amei.
- Você gostou? eu usei a cor preferida do meu tio - colocou as mãozinhas para trás.
- Jura? eu amei - sorriu - como sabe que é a cor preferida dele?
- Vovó me disse uma vez - sentou-se novamente em sua mesinha - vou fazer outro desenho.
- Faça um bem bonito pro seu avô, vamos decorar com todas as cores possíveis.
Sorriram mas antes que Sophia pegasse uma folha a mesma sentiu seu celular vibrar, era Micael como sempre, na chamada desconhecida. Saiu de fininho deixando o menino alegre colorir a folha.
- Essa é uma ligação da penitenciária de Seattle, aperte dois para continuar.
- Oi, meu amor.
- Amor - sorriu - agora não posso falar, estou trabalhando.
- Porra, Sophia - bufou - toda hora é isso?
- Micael, é o meu trabalho - pausou - não posso ficar te atendendo.
- Então não quer me atender, é isso?
- Eu disse que não queria te atender?
- É o que parece.
- Estou na casa dela, vai dar bastante bandeira.
- Desconfio que esteja na casa da minha mãe.
- Como?
- Não está andando com ninguém? sei lá, o trouxa aqui pode estar preso enquanto você pode estar curtindo adoidada.
- Curtindo adoidada? - perguntou incrédula - estou com uma barriga imensa, nem minha vagina consigo ver direito e você acha que estou curtindo adoidada?
- Pra não querer falar comigo, só pode ser isso.
- Não acredito que você quer brigar justo agora.
- Estamos tendo uma briga? que ótimo, eu gosto de brigar.
- Você vai fazer isso mesmo?
- O quê quer que eu faça?
- Que pare de brigar comigo, estou grávida e...
- Está grávida e tendo riscos, essa era a questão - pausou - quando ia me contar?
- Contar o quê?
- Não se faça de boba, Sophia.
- Saily, não foi?
- A própria - pausou - quando ia me contar?
- Quando fosse necessário.
- A hora não é necessária agora?
- Micael eu juro pra você, vou ir aí amanhã e podemos discutir a vontade.
- Não quero discutir com você, quero saber o quê está acontecendo.
- Saily já te disse, é isso.
- Então vamos lá, recapitulando - Sophia revirou os olhos - Kevin pode nascer morto enquanto você está dando uma de garota mimada se divertindo na Disney.
- Você fumou? eu estou preocupada.
- E por quê não me avisou?
- Eu já disse.
- Eu sou o pai dessa criança e tenho o direito de saber tudo que acontece com ela.
Sophia se calou, a boca amorteceu enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto, o choro fez barulho e automaticamente Micael se desesperou.
- Sophia? fale comigo, Sophia.
- DROGA - gritou - eu me odeio, eu me odeio, eu me odeio.
- Não, não, não - a tranquilizou - me desculpe, eu me alterei.
- Eu falo com você depois.
- Espera - pediu - me desculpe meu amor, eu ando tão estressado aqui dentro, me desculpa.
- Tudo bem - secou as lágrimas - vejo você amanhã.
- Eu te amo.
- Eu te amo - a ligação foi encerrada.
Sophia deu um jeito de esconder a cara de choro antes que Jorge a visse, Antônia tinha saído pra um compromisso então não tinha com o quê se preocupar. Voltou a ver Jon que agora estava finalizando seu desenho com cores quentes, sorriu a Sophia que tentou manter-se forte diante do menino. Nada de produtivo aconteceu, ficar cuidando dele já era algo que a acalmasse.
No presídio Micael ficava mais puto do que já estava, odiava brigar com Sophia, isso deixava sua mente longe. Voltou pra cela bufando enquanto o amigo encarava o moreno.
- Se alterou, não foi?
- Eu queria gritar, se fizesse isso cortariam minha grana da lojinha.
- Você deu sorte - riu - está tudo bem com teu filho?
- Não, eu estou com medo - pausou - Richard, eu não posso perder esse moleque, de novo não.
- Você não vai perder, eu já te avisei isso - se ajeitou na cama - aquele lance de cair fora ainda está de pé, você vem?
- Claro que vou, você sabe disso.
- Estou providenciando os esquemas de saída, isso aqui é tipo fios de DVD - pausou - áudio, vídeo e o auxiliar.
- Na verdade acho que os nomes estão trocados, mas isso não interessa no momento - respirou fundo - preciso cuidar de Sophia antes que algo aconteça.
- Você acha que vai acontecer alguma coisa?
- Se eu não cuidar dela? vai sim, e não vai ser nada bom.
- Precisa parar com essas paranoias, entende?
- Entendo, mas...
O guarda bateu na cela chamando a atenção de Micael e Richard, abriu o mesmo assoviando em seguida.
- Borges, tem visita pra você.
O moreno estranhou, será que era ela com peso na consciência por não ter contado sobre Kevin?
Enquanto andava os corredores sentiu um frio na barriga, abaixou a cabeça, a cada passo seu coração acelerava, era louco por ela e isso bastava. Micael foi entregue na sala de visitas mas seu corpo pareceu morrer ali, de pé, estava em transe, tinha perdido a cor, os olhos encheram de lágrimas, a voz sumiu, e a sua visita estava do mesmo jeito, agora tinha as mãos cobrindo a boca indignada, e as lágrimas...
As lágrimas imundando o crachá de visitante no nome de: Antônia Borges.
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Branquinha
RomanceSophia, uma garota cuja está na faculdade se arrisca ao alugar um quarto em um apartamento nobre junto com sua amiga que acabou de conhecer. Rodeada de drogas, festa e sexo acaba conhecendo Micael, o novo dono de seu coração e destruidor de suas ino...