Capítulo 14

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- Sabe, é feio ficar escutando atrás da porta - Saily brincou enquanto dividia a toalha com Sophia, o moreno estava cabisbaixo e com ódio.

- Você deveria se vestir, já passou da época de ficar andando pelada por aí - Micael riu baixo sem nenhum pingo de humor, só fez por rir.

- Você já me viu pelada, qual é o problema? - Saily sorriu abraçando Sophia - não tinha toalha suficiente.

- Leve ela pra cama, por favor.

- Ela não curte dedadas - a morena riu.

- Ela está bem aqui - escutaram a voz da loira calma e baixa, Micael levantou o olhar e encarou.

- Ande, eu vou ver algo pra ela comer.

- Tinha um macarrão torrando no fogão, você quer comer? - Saily perguntou.

- Eu não quero nada - disse calma andando o corredor, a morena foi junto com ela sumindo no quarto.

E lá estava Micael mais uma vez, puto da vida.

O resto da madrugada se passou, Micael não conseguiu pregar o olho e quanto mais pensava mais a cena do acontecido vinha á tona, ele queria mata-lo. No quarto Sophia tinha caído no sono, Saily aproveitou e fumou um baseado deixando a menina dormir, quando saiu encontrou o mesmo sentado na bancada, fumava o cigarro que tinha comprado.

- Você ficou maluco?

- Eu?

- Você sim - suspirou - olha o quê...

- Eu cheguei, se ele tentasse...

- Você não poderia ter chego, pense nisso - disse calma - ela está em perigo.

- Por minha causa - tragou o cigarro - eu quero matar aquele filho da puta, nem que eu pegue três anos de prisão.

- Paga o Johnson logo.

- Eu já paguei.

- Micael, você sumiu com o pó dele desde aquela festa, qual é o seu problema?

- Era muito pó.

- Claro, cinco quilos de pó, está bom pra você? - disse irônica - não acredito que cheirou tudo.

- Eu vendi pra conseguir o dinheiro do apartamento, as contas não estavam pagas e iriamos perder.

- E você conseguiu vender cinco quilos de pó, puta merda - colocou as mãos na cabeça - a grana deveria ser dele e não sua.

- Calma - saiu da bancada - você está me encurralando, graças a essa bendita carreira estamos morando aqui ainda - encarou Saily - você quer viver de mesada?

- Minha tia parou de dar mesada, o dinheiro da Soph é que vai ajudar a gente.

- Ah, o dinheiro da Soph - a imitou - eu vou ficar sobrecarregado de pegar a grana dela, fazer as compras e dar todo o apoio - pausou - você vai gastar a grana da garota como fez da outra vez.

- Que mentira.

- Mentira? você quer os talões de contas atrasadas que eu paguei?

- Merda - suspirou - o quê vai fazer?

- Vou dar um jeito no Johnson e depois conversar com ela, pedir desculpas.

- Desculpas? na boa, olha que porra você meteu ela.

- Como?

- Estou dizendo que nem namoram ainda e já estão assim, você conseguiu cagar na vida dela - pausou - ela só queria viver em paz, com a faculdade de merda e outras coisas.

- Ela procurou e achou.

- Mas você está envolvido nisso a muito tempo - se encararam - de verdade, paga ele e defende essa menina pelo amor de Deus, ela vai acabar morrendo.

- Se ela morrer eu me mato, não tem problema - terminou o cigarro fincando o pequeno filtro na plantinha como sempre fazia, passou Saily e foi direto pro quarto. O fim da madrugada tinha acabado ali.


No dia seguinte Sophia acordou mais cedo, fez sua higiene matinal e correu pra cozinha mas só avistou Micael passando manteiga no pão quieto, a loira se aproximou sentando na cadeira.

- Bom dia - sorriu amigável, ele assentiu.

- Está tudo bem com você? - perguntou preocupado.

- Eu não quero falar sobre isso.

- Eu preciso saber - se aproximou da mesa - ele chegou a...

- Você quer saber? tudo bem - se levantou alterando - ele chegou aqui, me prensou no sofá, rasgou meu shorts do pijama e queria me estuprar enquanto você estava numa porra de conveniência comprando seus malditos cigarros - fez um breve resumo, suas veias do pescoço se alteraram e Micael apenas abaixou a cabeça num voto afirmativo, ele estava errado de ter saído, de ter deixado ela sozinha.

- Eu...

- E não venha com breves desculpas dizendo que vai mata-lo, quero que você morra com essa imagem na cabeça - suspirou soltando tudo.

- Você quer me torturar, é isso?

- Não, eu quero fazer a minha vida - pausou - quero estar longe de confusões, e agora eu entendi a do porque não estarmos namorando - jogou as mãos pro alto enfatizando - talvez se estivéssemos um louco entraria aqui e me estupraria porque meu namorado não pagou seus devidos vícios.

- É isso quê você quer então?

- Eu não, você quer - cruzou os braços - você deveria se tratar, agora estou vendo.

- Me tratar?

- Sim, viciado de merda.

- É, eu sou um viciado de merda hipócrita que te leva pra lugares novos.

- Caralho, que puta lugar foda - riu irônica - é isso que você faz com as novatas? leva elas pra um clube de strippers e depois faz o quê quiser?

- Você acha que eu quero te comer? que estúpida.

- Você é estúpido - pausou - e de verdade, eu vou me defender já que o cara na minha frente não cumpriu sua palavra.

- Ninguém mandou você mexer com ele, estamos todos errados.

- VOCÊ ME VICIOU NESSA MERDA - gritou - OLHA O QUÊ VOCÊ FEZ COMIGO, EU MINTO PRA MINHA MÃE DIZENDO QUE NÃO POSSO VÊ-LA ENQUANTO ESTOU AQUI, ENCHENDO MINHA MENTE DE DROGAS.

- VOCÊ QUEM ESCOLHEU ISSO, BEM VINDA A FACULDADE SENHORA SUNSHINE.

- VÁ PRA MERDA - bateu forte com os pés saindo pro quarto, se trancou lá e pôs a chorar. Pobre Sophia.

Micael na sala fez o favor de tirar a toalha da mesa do café num puxar forte fazendo todas as louças se quebrarem no chão, gritou consigo mesmo e xingou horrores até Saily chegar, cheia de sacolas de supermercado.

- O quê aconteceu por aqui?

- Sua amiga rebelde - colocou as mãos na cabeça - aí, eu estou vazando.

- Nada disso, você vai ajuntar.

- VAI SE FODER - gritou e saiu porta a fora, coitada de Saily. Duas tarefas pra fazer.

Saily deixou as sacolas na bancada e foi até o quarto da loira, bateu na porta até a mesma abrir, os olhos inchados e rosto molhado, estava chorando demais.

- Vocês brigaram, não foi? - assentiu - não chore.

- Eu disse tudo pra ele - abaixou a cabeça - eu me alterei.

- Fez certo - sorriu forçada - eu fiz a compra do mês, tem coisas que você gosta - a loira sorriu.

- Onde ele foi? escutei vocês gritando.

- Ele saiu e não deve voltar hoje - disse calma - preciso ajuntar a bagunça que fez, tem cacos de vidro pela sala toda.

- Eu ajudo - se levantou secando o rosto.

- Ótimo, eu preciso de uma ajuda mesmo - sorriram e foram pra sala.

Foram arrumar mais uma cagada feita por Micael.

BranquinhaWhere stories live. Discover now