Capítulo 68

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Estava grávida, pelos Deuses, estava grávida. Havia algo em seu ventre que cresceria daqui a nove meses, se pôs a chorar com os olhos arregalados, sua vida tinha terminado de acabar ali, ou não. 

Sophia estava em choque, as pupilas dilatadas e o coração batendo fortemente, o corpo em gelo pela notícia que tinha acabado de receber, mas isso era impossível, tomava anticoncepcionais sempre, ou as vezes se esquecia, não é mesmo? 

- Não pode ser - olhou a TV novamente - isso não pode acontecer. 

- Pode sim, aquela manchinha é um bebê - sorriu pra Sophia. 

- Meu Deus - colocou as mãos na cabeça - meu Deus, meu Deus, meu Deus. 

- Parabéns, vou te encaminhar a uma obstetra - desligou o aparelho e a manchinha desapareceu. 

- Isso não pode ser, minha mãe vai me matar - choramingou respirando fundo - diga que isso é um sonho. 

- Não é um sonho, está mesmo grávida - Sophia saiu da maca se sentando na frente da médica novamente - não fique nervosa, é normal. 

- Não é normal, não pra mim - encarou os dedos nervosa - como eu... Jesus - cerrou os olhos. 

- Fique tranquila e cuide bem desse pequeno, ou pequena - sorriu anotando algo em seu bloquinho - vou te indicar a doutora Alice, ela é uma ótima obstetra. 

- Muito obrigada doutora mas... 

- Nem pense nisso no quê quer fazer - encarou Sophia - ser mãe é algo indescritível, uma coisa que só você sabendo vai dizer - sorriu - não faça burrada, fale com seu namorado e com sua mãe sobre isso, tenho certeza que vão todos te apoiar. 

- Você acha? 

- Eu tenho certeza - segurou as mãos de Sophia - não chore, dê apenas todo o seu amor a ele. 

Dê apenas todo o seu amor a ele. 

Sophia absorveu aquela frase como um algodão que absorve o álcool, secou as lágrimas e saiu da sala segurando o papel que a doutora havia dado. Não conseguia se mexer, não conseguia andar, estava em transe parada na frente do consultório. Uma vida reinava ali, uma vida estava crescendo em seu ventre, deixaria tudo pra trás se dedicando ao bebê, teve vontade de chorar novamente mas apenas sorriu encostando a mão com receio na barriga ainda intacta, a cada toque era um sorriso, era o seu bebê, o bebê dos dois na verdade, dela e de Micael. 

Micael. Precisava contar pra Micael. 

Pegou seu celular discando rápido os números de Saily, nem se importou se estava com raiva ou não, apenas ligou, pediu pra que a mesma a buscasse no consultório, estava lesa demais pra chamar um táxi ou caminhar até em casa, Deus, que baita notícia em uma hora dessas. 

Não demorou muito pra que a mesma estivesse lá na frente, parou o carro de Micael quase comendo a calçada quando viu Sophia com os olhos inchados de tanto chorar. 

- O quê aconteceu? - segurou firme no volante enquanto Sophia fechava a porta trancando em seguida. 

- Você não vai acreditar no quê acabei de descobrir - encarou a morena. 

- Merda, o quê houve? 

- Estou grávida - respirou fundo vendo Saily morrer ali no banco do motorista. 

- VOCÊ O QUÊ? - berrou. 

- Estou grávida - só conseguia silabar aquilo enquanto encarava a frente. 

- Meu Deus - abriu a boca - eu, eu... 

- Eu também - voltou a chorar - eu me cuidei tanto, direitinho mas deu errado, tinha que dar errado. 

- Realmente tomou os anticoncepcionais nas datas certinhas? estava muito alegre com Micael - advertiu. 

- Eu também não sei, que droga - secou as lágrimas - eu não quero contar a ele. 

- Mas você vai ter que contar, precisa e sabe disso. 

- Eu não quero. 

- Se fugir vai ser bem pior - segurou o braço da loira chamando sua atenção. 

- Minha cabeça está a mil, não quero nem pensar em contar a minha mãe. 

- Você não precisa contar a sua mãe. 

- Como? 

- É só se esconder, vocês quase não se veem - pausou - vai ser fácil esconder isso dela. 

- E se alguém ver? 

- Ah claro, até porque todo mundo conhece sua mãe - sorriu irônica - essa é a melhor solução. 

- E se ela um dia aparecer no apartamento?

- Aí você abre o jogo, mas creio que isso não vai acontecer - ligou o carro dando partida - ou conte a ela, ou... 

- Ou taque um vaso de plantas na cabeça. 

- Não está feliz? 

- Eu nem sei o quê estou sentindo - bufou - quero o melhor pra isso - apontou pra barriga. 

- Não seja ridícula, é um bebê. 

- Eu sei. 

- Micael faz parte de você agora - sorriu acolhedora fazendo Sophia chorar mais. 

- Merda, por quê eu estou chorando toda hora? 

- Porque está grávida - riu consigo vendo a loira secar as lágrimas novamente. 

- Estou grávida. 

- Muito grávida - riram e foram pra casa. 

Sophia segurou a barriga enquanto subia as escadas, Saily achou graça vendo ela proteger algo que crescia, era fofo e paranoico. Deixou o papel em cima da mesa indo pro quarto, encarou o espelho tirando a blusa e vendo seu ventre, faria efeito daqui alguns meses, encostou na pele sorrindo quando sentiu algo duro, teve medo de apertar pensando que iria machucar, mordeu os lábios apertando novamente sentindo a dureza e quentura de seu corpo, voltou a chorar, tinha uma vida ali e precisava cuidar com todo o amor. Tinha certeza que de Micael seria o primeiro a apoia-la, dar todo o amor e mimar como sempre foi mimada por ele. Queria gritar, chorar, correr, ter ele ali por perto vendo todos os momentos de seu ventre em fase de crescimento, queria mais do que tudo, infelizmente não poderia. Teria que se dedicar ao seu filho, Micael preso e claro, seus estudos. 

- Eu te amo muito, bebê - silabou baixinho cerrando os olhos. 

Era o mais precioso que tinha, não precisava de mais nada além de seu bebê e de Micael. 

Dê apenas seu amor a ele, aquilo bastava. 


BranquinhaWhere stories live. Discover now