Capítulo 65

385 20 4
                                    

Sophia tinha cochilado no sofá enquanto Saily estava dormindo no quarto, escutou um barulho irritante e se pôs a acordar, pegou o aparelho nas mãos com a chamada não identificada. 

- Você está recebendo uma chamada da penitenciária de Seattle, aperte dois para continuar.

As mãos tremularam, era ele, era o seu Micael. 

- Amor? - quase desmaiou ao escutar sua voz. 

- Meu amor - as lágrimas caíram - você está bem? te machucaram? 

- Eu estou bem, quer dizer - pausou - eu vou ficar. 

- Não se preocupe, já estou vendo um advogado pra te tirar daí. 

- Eu fui muito burro, não era pra isso ter acontecido - bufou - alguém me caguetou. 

- Eu te avisei milhares de vezes e olha no quê aconteceu. 

- Vai me dar sermão justo agora? 

- Eu quero te tirar daí, é isso que eu quero - sorriu - quero você aqui comigo. 

- Eu também quero isso, mais do que tudo - sorriu - consiga isso rápido, por favor. 

- Pode deixar, amanhã vou conversar com um e vamos dar um jeito de te adiarem. 

- Estarei te esperando, estou morto de saudade. 

- Eu também - não conseguia parar de sorrir - eu te amo. 

- Eu te amo - estava que nem bobo segurando o telefone - preciso ir, quero te ligar mais vezes. 

- Tudo bem, eu te amo. 

- Eu te amo. 

E a ligação foi encerrada. 

Sophia sentiu um alívio tão grande de ter falado com Micael, segurou o celular boba nas mãos após se deitar novamente no sofá. Queria dormir o dia todo e sonhar com ele, apenas. 


Não teve recursos no fim do dia, Sophia ficou mais cansada do quê o normal, Saily dormiu como sempre, Micael estava descobrindo novos ares na prisão.

O dia amanheceu e a loira levantou rapidinho, foi até o quarto procurando uma roupa adequada, escreveu um recado a Saily e nem se pôs a tomar café, saiu vazada do apartamento pedindo um táxi no tal endereço marcado. 

Não demorou muito pra que chegasse, era um lugar chique e sofisticado, sua sapatilha ecoou quando entrou na sala com ar condicionado, a atendente sorriu pra Sophia que sentou na segunda cadeira estofada. 

- Pois não, em que posso ajudar? 

- Quero falar com o senhor... 

Não terminou de falar, o cara alto e de cabelos grisalhos entrou na sala onde estava, ajeitou o terno e sorriu. 

- Sophia Abrahão, certo? 

- Sim, sou eu - se levantou - desculpe o incomodo. 

- Estava te esperando, acordou cedo - riu leve e levou até sua sala particular. 

Era a mesma coisa, tudo chique e organizado. 

- Sente-se, por favor - a mesma fez o quê pediu - me diga o seu problema. 

- Meu namorado foi preso ontem e eu queria um advogado rápido pra tirar ele de lá - respirou fundo. 

- É a primeira vez dele? 

- Sim. 

- O quê houve na verdade? 

- Ele fazia vendas - encarou o chão - tráfico de drogas. 

- É - o advogado se acomodou na cadeira - não temos resultados bons, ele é culpado. 

- Mas não existe um jeito de sair em defesa? 

- Nesse caso é bem difícil, tráfico de drogas é pesado nessa área - enlaçou os dedos - podemos ter uma audiência e ver no que vai dar. 

- E enquanto ao serviço? 

- Certo - riu sarcástico - três mil dólares, é o preço mais barato que vai achar em Seattle. 

- Fechado - deu as mãos para o advogado tirando um bolo de dinheiro da bolsa em que levava. 

- Você é bem adiantada - sorriu - quando vamos começar? 

- Agora, o mais rápido possível - sorriu vendo o homem abrir a gaveta. 

- Me diga em qual presídio ele está. 

- No do estado, de Seattle - engoliu seco - por favor, faça tudo que puder. 

- Fique tranquila, ele saíra bem dessa. 

- Espero que sim. 

- Qual o nome dele? - buscou um bloco de papel. 

- Micael - sorriu - Micael Borges. 

- Certo, senhor Micael Borges - a loira olhou escrever calmo no bloquinho, largou a caneta encarando-a em seguida - vamos até lá? 

- Vamos - vamos, só isso saía de sua boca no momento. 

Sophia deixou o consultório junto com o advogado, pegaram um táxi indo até o presídio. O tempo começava a mudar e sua esperança também, estava ansiosa e morta de saudade, duas coisas juntas não poderia dar tão certo assim, ou poderia? 

Desceram do táxi em busca da entrada, os guardas olharam mas assentiram ao ver que era um advogado acompanhado de uma loira qualquer. 

- Bom dia, em que posso ajudar? - a moça da recepção encarou os dois, o homem respirou fundo se apoiando na bancada. 

- Sou George, advogado de Micael Borges e queria falar com um de seus homens. 

- Só um minuto - a moça pegou um telefone silabando baixo - na quarta porta, á esquerda.

- Obrigado - arrumou a gravata e andou com a menina até lá. 

Vários guardas e o diretor chefe esperavam sentados, Sophia sentiu um frio na barriga inevitável. 

- Bom dia, senhor George - o chefe sorriu. 

- Bom dia, quero saber do meu cliente. 

- Seu cliente está preso assim como os outros - apoiou as mãos na mesa. 

- Quero um julgamento pra decidir os direitos dele. 

- Podemos marcar... 

- Quero isso hoje, agora, nesse exato momento - silabou calmo e colaborativo, o chefe olhou intrigado. 

- Desculpe mas, não somos tão rápidos assim. 

- Sou um advogado particular e não um do estado - pausou - quero um julgamento com meu cliente hoje, nesse exato momento. Estou claro? 

- Perfeitamente mas fique sabendo que ele voltará. 

- Isso já não posso te responder - ajeitou a gravata - chamem-o agora e mandem ele pro tribunal central, estou indo com a namorada dele para lá e quero rapidez nesse caso, estou sendo claro, senhor? 

- Perfeitamente - disse novamente vendo o homem atrás da mesa buscar um telefone, discou rápido os números fazendo pouco caso. 

Sophia não conseguia parar de sorrir, ficou quietinha vendo o advogado chamar a mesma pra ir até o tribunal. Não estava se contendo, era muita felicidade. 

Muita felicidade. 

BranquinhaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora