Capítulo 93

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Enquanto isso Sophia estava calma, tranquila em cima da cama, as pernas abertas e o sangue escorrendo, fechou os olhos respirando fundo. 

Se assustou quando uma senhora entrou no apartamento, foi até ela que estava com os olhos arregalados, quem era ela? 

- Quem é você? 

- Sou sua vizinha, escutei seus gritos minutos antes - advertiu - seu primeiro filho? 

- Sim - fechou os olhos inspirando o ar pelo nariz - preciso me acalmar. 

- Você precisa sim, sei que é de risco - sentou-se na cama - posso? 

Sophia assentiu enquanto a mulher tocava seu ventre pela grande blusa que vestia de Micael, a loira não podia ficar nervosa por conta de Kevin, suas pernas estavam sangrando mas mesmo assim não evitou sua tranquilidade para olha-las, encarou sua frente respirando fundo. 

- Você está sentindo alguma dor? 

- Não - e era pura verdade, só estava nervosa - eu quero que ele nasça. 

- Ele vai nascer, e eu já estava avisada que ia te ajudar - a mulher sorriu - respire fundo o máximo que puder. 

O máximo que puder, a voz ecoou na cabeça de Sophia. 

A loira cerrou os olhos deixando tudo vir, por um momento sua mente esvaziou e todos os problemas foram embora, por minutos. 


No presídio Micael ainda morria com sua dor, foi levado até a enfermaria de maca pois o mesmo não conseguia andar, respirar já estava sendo um sufoco pro coitado. 

- Que merda é essa? - grunhiu respirando pela boca - está doendo muito. 

- Certo - a mocinha encarou o moreno - onde está sentindo dor? 

- Na barriga - voltou a grunhir suando feito um condenado. 

- Perto da região peniana? 

- Por aí - estava chorando, o quê estava acontecendo? 

- Vamos tirar a sua blusa e verificar. 

Richard ajudou a tirar o uniforme relevando o abdômen definido de Micael, estava inclinado com as mãos em cima, a cada grunhido sua veia do pescoço dilatava dando uma ótima visão, pena que estava morrendo de dor, todos ficaram com medo. 

- Não tem nenhuma injeção que possa dar a ele? 

- Infelizmente não, sem alergias, sem nenhum tipo de doença - a menina assentiu - vou te passar um calmante abdominal, creio que melhore. 

Micael queria esganar ela por não ter dado nada que melhorasse, sabia que calmante abdominal era história pra boi dormir, não adiantaria nada. Estava pálido e literalmente passando mal, forçou os olhos mais uma vez e tudo se acalmou, seus gritos, suas veias, seu suor, tudo parecia ter paralisado. 

- Micael? - Richard chegou até ele. 

- Jesus - voltou a ficar reto na maca - que porra foi essa? 

Estava indignado assim como os outros. 

- Você fez curso de teatro? - a enfermeira encarou Micael - parabéns, eu te daria um Oscar por essa atuação. 

- Eu estava morrendo de dor, isso não pode ser real. 

- Acredite, essa porra foi mais louca do que eu fumando maconha - Richard riu. 

Micael não tinha explicações, balançou a cabeça franzindo a testa tentando entender o quê tinha acontecido, aquele ataque de dor sem motivos. 


Já no apartamento Sophia estava boba, encantada e com os olhos azuis brilhando quando escutou o chorinho fino de Kevin, a mulher que tinha ajudado a ficar calma pegou uma manta abrindo o guarda roupa, enrolou o pequeno no tecido entregando a Sophia, que agora estava chorando mais do que nunca. 

- Oi, filho - sorriu vendo o quão era pequeno - meu amor. 

- É um lindo bebê, meus parabéns - colocou os cachos suados de Sophia atrás da orelha. 

- Obrigada - voltou a olhar o filho que mexia as mãozinhas impaciente - bem vindo ao mundo, Kevin. 

Estava cochichando toda boba pro filho que mal entendia nada do mundo, a mulher levantou-se deslizando as mãos na calça achando um modo de falar. 

- Precisamos ir ao hospital - disse calma - ele é bem prematuro. 

- Sim, precisamos - assentiu - a senhora pode me dar uma carona? 

- Claro, querida - sorriu - vou buscar algo pra te limpar e vamos. 

- Assim? 

- Não precisa se arrumar, precisamos chegar ao hospital para os cuidados desse menino. 

Sophia acolheu Kevin nos braços enquanto a mulher buscava um álcool passando nas pernas de Sophia, tirando o sangue seco da pele clara. Ajudou a mesma se levantar com cuidado, andou em passos bem pequenos indo até o estacionamento onde estava seu carro, tudo em perfeito cuidado. Só queriam chegar ao hospital e cuidar de Kevin. 

Ao falar dele lá estava, com os olhos abertos agora quietinho, encarava a mãe tendo o primeiro contato, Sophia se pôs a sorrir, estava alegre, tinha conseguido o primeiro obstaculo, aguentou firme e teve seu esperado filho. 


- Em que posso ajudar? - a recepcionista olhou Sophia e a mulher. 

- Meu filho, ele acabou de nascer - pausou - é prematuro, minha obstetra é a doutora Alice. 

- Prematuro? tudo bem - digitou algo no computador - só espere um minuto, por favor. 

Esperaram até que a enfermeira de cabelo preto parou na frente de Sophia, sorriu pra mesma. 

- Seu bebê é o prematuro? - ela assentiu - me dê ele, por favor. 

Sophia entregou Kevin nas mãos da enfermeira que sumiu diante do corredor, sentiu um aperto, o quê fariam com ele? machucariam ou cuidariam? era a pergunta mais besta do mundo mas o medo de mãe tinha reinado. 

Estava aprendendo, já que agora tinha se tornado uma. Não se continha de felicidade, abraçou a mulher que a ajudou chorando feito criança. 

Agora era mãe, uma felicidade completa. 

BranquinhaWhere stories live. Discover now