Capítulo 10

850 39 0
                                    

- Oi mãe - Sophia pegou o telefone e arrumou coragem pra falar com a mãe.

- Sophia, querida - sentiu ela sorrir - como foi a vernissage? que voz é essa?

- Foi ótima, encantadora - sorriu forçada - eu acho que é uma pequena gripe encostando.

- Tome os remédios necessários - pausou - preciso te contar uma coisa.

- Claro.

- Seu pai me ligou e quer te encontrar, quer dizer - soltou um riso - ele tem algo a dizer.

Sophia engoliu seco, sua mãe ficou tão feliz em falar de seu pai. O quê tinha acontecido?

- Ele quer me ver?

- Sim, eu disse que você estava ocupada demais - imaginou a mãe colocando as mãos pro alto e rindo como fazia - quer que eu cancele com ele?

- Sua canja chegou - Micael entrou no quarto e Sophia se desesperou.

- Sophia, que voz é essa? - arregalou os olhos - é um homem?

Micael sentou na cama colocando o prato em um local não fofo, riu de sua expressão.

- Mãe, eu te ligo depois... - a loira tirou o celular da orelha deixando a mãe nervosa, Micael riu escutando o desespero da mãe pelo aparelho.

- Está usando camisinha?

E Sophia desligou, estava corada. Micael mordeu os lábios e baixou a visão, riu leve e baixinho.

- Em Sophia? você não respondeu sua mãe - lembrou.

- Será que eu devo usar? - se fez de boba pegando o prato e colocando nos joelhos, estava quente mas tinha algo protegendo, uma bandeja.

- Bom, eu acho que sim - sorriu malicioso - eu particularmente odeio camisinhas, mas é necessário.

A canja parecia ter entalado na garganta de Sophia, fez um esforço enorme pra comida descer e Micael se pôs a rir, estava quase gargalhando, nem parecia o Micael bravo de vinte minutos atrás.

- O quê eu tinha? - perguntou quase em um sussurro.

- Você teve uma descarga elétrica, efeito da cocaína - disse calmo - poderia ter tido uma overdose e eu me culpo por isso.

- Você se culpa?

- Por viciar você, que porra - pausou - na verdade eu não viciei você, isso foi pela sua própria vontade.

- Eu queria te impressionar.

Bingo, Saily!

- Mas que porra, por quê? - franziu a sobrancelha - você acha que eu iria me encantar assim por você? uma drogada de merda como eu.

- Você não é isso.

- Eu sou sim, eu cheiro, fumo maconha - pausou - só não uso crack porque quero isso longe de mim, esse demônio estragou a vida do meu irmão.

- Eu não sabia...

- Tem muita coisa de mim que você não sabe.

- Ah, jura?

- Pare com isso, vai estragar a sua vida.

- Parecia que você gostava...

- Quando? eu gosto de você assim - pegou em suas mãos, ela largou a colher olhando fixamente em seus olhos - gosto de você toda arrumadinha ou quando acaba de acordar, quando fica corada, quando não fala palavrão - sorriu - quando cita alguns de seus livros antigos e chatos pra caralho, gosto quando você usa a blusa do Ramones como desculpa pelo pôster - riram - eu gosto dessa Sophia, e não a que cheira pra porra e vai parar num hospital, eu odeio essa.

Ficaram em silêncio por minutos, as respirações ganharam mais vida no calmo do quarto. Sophia tirou a bandeja de cima de si e inclinou pra Micael que recebeu de braços abertos, os dois colados um no outro, Sophia sentiu vontade de partir pra cima de seus lábios.

- Por quê não fica comigo? pare de usar essas coisas, seja assim comigo.

- Eu não posso, branquinha - respirou fundo - eu sei que vou magoar você como magoei as outras, já disse isso.

- Podemos tentar - suplicou, Micael sentiu um aperto - eu gosto de você e sei que gosta de mim também.

- Eu sinto muito - saiu de seus braços a largando na cama - quando as aulas começarem eu sei que você vai achar um cara legal, um cara que te ame...

- Mas...

- Te ame mais do que eu - Sophia paralisou por instantes, não conseguiu processar o quê Micael tinha dito. Respirou fundo procurando palavras.

- Eu não quero outros, eu quero você - sorriu leve, era tão linda, Deus.

- Você precisa pensar, tudo bem? - ela balançou a cabeça - branquinha - remedou.

- Certo, já que não vamos chegar a lugar nenhum nessa discussão - bufou e voltou a pegar a bandeja, Micael riu - o quê foi?

- Vamos sair, na sexta - afirmou ainda sorrindo.

- O quê? vai me matar de overdose?

- Não, vou ficar de olho se alguém encostar com isso - ela riu - vai ser um lugar legal.

- O quê seria um lugar legal?

- Um lugar legal, oras - blefou, ela sorriu imaginando.

- Não pode me dar uma dica?

- Que dica você quer?

- Uma dica, oras - foi a vez dela de blefar.

- Certo, hum - encarou o chão pensando em algo - você vai criar novas experiências e vai se excitar.

- Você vai me levar num motel? - Micael riu, diabos ela o queria tanto.

- Qual foi? você quer tanto transar?

- Não quero discutir isso - corou novamente - quero saber onde vai me levar.

- Na sexta você descobre.

Sophia revirou os olhos como uma menina mimada, terminou sua canja e fez Micael levar a bandeja vazia pra cozinha, o mesmo bufou mas fez o que tinha mandado. Voltou minutos depois a verificando, estava tão linda deitada na imensidão de lençóis, achou graça e ela o viu.

- Ande, deite comigo - ela sorriu batendo no outro lado da cama, o chamando. Micael sentiu tentado com aquilo mas aceitou na hora.

Tirou os sapatos ficando de meia e deitou-se ao seu lado, ela tinha um sorriso estampado no rosto, estava quentinha pelos lençóis e seus olhos ganharam vida novamente, o tom do azul encantou o moreno, era tão linda, tão tentada.

Sophia não disse nada, apenas se acomodou e encarou os lábios de Micael que se inclinou arrancando um selinho dela, aquilo pararia em um selinho se não fosse seu fogo adentrando a língua, pequeno demônio como disse Micael. Os lábios se chocando e ela tirando tudo que for possível dele o deixando louco, o mesmo segurou seu maxilar parando o beijo com selinhos demorados, sorriu tentado mas ela tinha que dormir, e se aquietar.

- Durma um pouco, branquinha.

Apenas sorriu, tinha se aquietado agora com Micael deitado ao seu lado.

BranquinhaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang