Capítulo 60

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- VOCÊ PASSOU DE TODOS OS LIMITES - Sophia gritou enquanto Micael a seguia pelo estacionamento. 

- Por quê está com raiva? - correu até sua frente - POR QUÊ? 

- ESTERCO DE PORCO? PELO AMOR, MICAEL - se esquivou mas Micael pegou seu braço -ME SOLTE. 

- Não acredito que está com raiva porque fiz sua vingança - olhou incrédulo - deveria me agradecer. 

- Agradecer? por quê isso? 

- Veja o quê ela fez com você - apontou ao sobretudo de Sophia bem fechado - é por isso que fiz aquilo tudo. 

- Você é terrível. 

- Não acredito que vai ficar brava com aquilo - cerrou os olhos - é só esterco de porco. 

- Jura? pensei que você ia jogar um balde de sangue na cabeça dela. 

- Isso seria lesão corporal e não estamos num livro do Stephen King - disse calmo abrindo a porta do carro. 

- Me leve pra casa, apenas isso. 

- Branquinha - encostou a mão em sua coxa mas ela o parou. 

- Não toque em mim, apenas me leve pra casa - engoliu seco encarando o retrovisor. 

Ficaram em silêncio na volta pra casa, o motivo de estar brava com Micael foi que a loira tinha sentido nojo, pena, era mole demais pra essas coisas. O caminho inteiro foi repleto de nada, apenas os sons de fora batiam um rápido clima. 

Sophia subiu as escadas cansada, tirou o sobretudo quando entrou na sala nem se importando com a varanda aberta já que estava sem nada por baixo, abriu o botão da calça jeans se livrando e indo ao banheiro, Micael chegou logo depois fechando a porta e escutando o som do chuveiro. 

Pensou bem antes de fazer o que queria mas deixou os pensamentos levarem, abriu o maço de cigarro colocando um entre os lábios, foi pra varanda tragando solitário, o tempo nunca mudava em Seattle. 

- E aí - escutou o barulho da porta, Saily tinha passado por ela - que cara é essa? 

- Sua amiga odiou o quê fiz. 

- Por quê? foi a passeata mais épica do ano - se jogou no sofá. 

- Ficou com pena, eu acho. 

- Tudo bem, achei a parte do esterco de porco um pouco pesado - pausou - mas, foi foda e isso importa. 

- Ela tinha que achar bom e não eu. 

- Você deu o seu melhor, apenas isso. 

- Eu faço de tudo pra deixar ela feliz mas mesmo assim, não funciona. 

- Calma, vai ver é TPM. 

- Duvido. 

- Não duvide de uma mulher - cerrou os olhos - o quê vamos fazer? as aulas foram suspensas e amanhã temos aula de novo. 

- Vamos ficar aqui, a não ser quê você queira dar um perdido como faz todas as vezes - Saily riu leve. 

- Eu amo vocês mas preciso me divertir. 

- Sabe - andou até ela - eu quero ficar chapado. 

- Chapado? - gargalhou - não era você que tinha parado com isso? 

- Que se foda - deu de ombros - o quê você tem? 

- De tudo um pouco - se animou, fazia tempo que isso não acontecia - caralho, eu preciso gravar esse momento. 

- Pare de graça e vai buscar meu remédio. 

- É pra já - brincou saindo em um pulo enquanto o moreno esperava sentado na mesa. 

Não demorou muito pra que já estivessem chapados. Saily com um cigarro de maconha nas mãos passando a Micael que tinha um dólar enrolado entre os dedos cheirando sua carreira, se Sophia saísse do quarto iria acontecer a terceira guerra mundial. Cheiraram tanto que as narinas pediam arrego, ardia mais que tudo. 

- Aí, vai com calma - a morena riu - deveríamos chamar ela. 

- Não - se escorou na mesa - eu estou muito chapado, de verdade. 

- Eu gosto de cheiro de café, e você? 

- Café? eu entendi outra coisa. 

- Você gosta? 

- Eu gosto de trepar - riu - eu trepo que nem um ator pornô. 

- Que mentira. 

- É sim - os olhos mal abriam - quando você trepou comigo não sabia de nada. 

- Claro que sabia. 

- Sabia nada, nem gemer direito você sabe. 

- Para de me ofender. 

- Eu te ofendo porque você é uma vadia amiga da Rachel. 

- Eu era amiga dela, não sou mais - tragou o cigarro de maconha. 

- Aquele filho é meu - apontou a Saily - ele parece comigo, bastardo igual. 

- Você é um bastardo. 

- Escreve o quê eu estou te dizendo - engoliu seco - eu ainda vou fazer um filho na Sophia. 

- Deixa ela. 

- SOPHIA - gritou arrancando gargalhadas da morena - vem aqui, a gente está chapado. 

- VOCÊ PRECISA CUIDAR DELE. 

- É - sorriu - caralho que droga é essa? 

- Passou da validade. 

- Droga vence? 

- Minha tia disse que sim - cerrou os olhos - eu não aguento mais, vou vomitar pó de maconha. 

- Não seria vomitar fumaça de maconha? 

- E maconha sai fumaça? 

- Sai, não sai? 

- Eu não sei - se encararam. 

- Quando eu for velho vou ter uma plantação de maconha na minha casa. 

- Por quê na sua casa? 

- Porque vai ser lá que eu vou morar - assentiu - e eu não vou te convidar pra comer no Domingo. 

- Eu nem queria mesmo. 

- Guaraná é muito bom, não é? 

- E a casa de maconha? 

- Meu pé. 

- De quê? 

- De maconha e não casa - levantou caindo no sofá, Saily o olhou - boa noite. 

- Vai sair fora assim? nem fumamos a metade. 

- Nós fumamos uns três cigarros pelo que eu me lembre - bagunçou o cabelo - agora boa noite. 

- Mas ainda é dia. 

- Foda-se, boa noite e até amanhã. 

- Até o natal. 

- Feliz ano novo, Saily cabeça de bagre. 

- Shirny. 

- An? 

- BOA NOITE, BOA NOITE. 

- Satélites desligando, boa noite. 

Boa noite, bando de chapados. 

BranquinhaWhere stories live. Discover now