- Está cansado? - Sophia perguntou a Micael que tinha os olhos vidrados no filho.
- Não - sorriu - você está?
- Um pouco, não preguei o olho depois do parto - advertiu.
- Pensei que iria morrer, senti uma dor horrenda lá no presídio.
- Sério? que tipo de dor? - apoiou a cabeça nas mãos.
- Uma dor abdominal, descia tudo, horrível.
- Acho que alguém sentiu a dor do parto - riu leve.
- Como?
- Um marido de uma amiga da minha mãe sentiu a dor do parto dela.
- Isso pode acontecer?
- Pode, eu inclusive não senti dor.
- Não? - Micael estava chocado.
- Senti no começo quando comecei a sangrar, mas depois fiquei calma.
- Quem te trouxe até aqui?
- Uma vizinha, não conhecia ela.
- Nossa vizinha? onde está Saily?
- Sim, a nossa vizinha - cerrou os olhos - Saily está viajando, foi pra segunda edição daquela rave que vocês foram.
- Eu não sei o que eu faço com essa garota - Sophia riu.
- Ela é jovem, precisa se distrair.
- Nós também somos jovens.
- E pais.
- O quê tem de errado nisso?
- Acho que nada - Micael se inclinou beijando Sophia mas automaticamente parou quando viu os olhos do filho serem abertos tentando conhecer o local.
- Alguém acordou - sorriram bobos, estava adorando mimar Kevin.
- Olha só - se admirou vendo o bebê remexer as mãozinhas - você é tão lindo, meu filho.
Sophia levantou chamando a enfermeira, o motivo da pausa do sono de Kevin era fome, já estava aprendendo. Logo a mulher entrou no local, sorriu para os dois que mimavam o filho.
- Vamos trocar a fralda dele, você quer aprender?
- Eu quero - Micael levantou a mão fazendo as duas rirem.
- Certo - abriu o pequeno cercadinho da encubadora sem ter tirado o menino de lá - com cuidado, esse bebê é muito bonzinho.
Os dois aprenderam com calma enquanto a enfermeira lhe ensinava tudo, não demorou minutos pra que Kevin já estivesse com a fralda trocada, Sophia perguntou sobre a alimentação e a mesma disse que o leite na bombinha ainda dava mas precisava ser trocado depois, Micael não entendeu nada.
A mulher saiu deixando o moreno encarar Sophia.
- O quê foi? - colocou o cabelo atrás da orelha.
- Não me diga que isso saiu do seu peito?
- É, isso saiu do meu peito - riu leve vendo Micael com a bombinha nas mãos.
- Uau - encarou a noiva - sabe, espero que Kevin mame apenas aqui.
- Micael!
- Eu estou muito feliz com essa novidade.
- Você é um pervertido.
- Sou louco por você - voltou a beijar a mesma, era saudade demais.
Voltando a recepção, Antônia tinha o neto nos braços que não aguentou, acabou dormindo pelo silêncio e pelo cansaço de brincar com seu dinossauro. Jorge mexia no celular interessado nas notas de júri, o papel estava resolvido mas não custava nada recapitular a fiança de Micael junto com os documentos.
- Ele conversou com você? - encarou o marido.
- Falou poucas coisas, mas me agradeceu.
- Ele te agradeceu? - perguntou surpresa.
- Era o máximo que ele poderia fazer - pausou - ele não está falando com você?
- Está sim, do jeito dele.
- Você sabe que Micael é muito frio quando está triste, ou com raiva.
- Eu já disse que não tenho culpa de nada, já pedi minhas desculpas.
- Ele nunca vai esquecer - bloqueou o aparelho voltando a olhar a esposa - o quê vamos fazer com eles?
- Nada, eles tem o próprio apartamento.
- Eu digo o emprego, fiquei sabendo que Micael foi preso por tráfico de drogas.
- Ele disse que não existe emprego pra ele aqui, em Seattle.
- Existe sim, só ele que não quer.
- Jorge, você sabe que Micael tem direito de uma grande parte do nosso dinheiro.
- Quando nós morrermos.
- Marcel e ele ganhavam quando eram menores.
- Isso se chama mesada, estou cansado de acobertar Micael.
- O quê está querendo dizer?
- Estou querendo dizer quê ele precisa arranjar um emprego, o dinheiro ainda é nosso.
- Então...
- Não vou dar mesada a Micael, está grande demais pra isso.
- Enquanto a conta dele no banco?
- Vai ficar fechada até nós morrermos, Jon e ele podem esbaldar depois disso.
- Não se esqueça do bebê, agora tem um filho pra criar.
- Responsabilidade deles - pausou.
- Não seja assim, Jorge.
- Quer saber? faça o quê você quiser, quando Micael reclamar na justiça que não ganhou a herança dos pais você volta pra terra e explica o quê aconteceu.
- Isso não vai acontecer porque temos dinheiro.
- Uma hora acaba.
- Você sabe que não.
- Encerre essa conversa, ela está vindo.
Viram Sophia caminhar até eles, tinha os braços cruzados se queixando do frio.
- Gente, por quê vocês não vão embora? Jon precisa descansar.
- Está nos mandando embora, querida? - Antônia sorriu.
- Não, de modo algum - riu leve - estou dizendo que aqui está tudo sob controle, Kevin está reagindo muito bem, se alimentando bem.
- E Micael?
- Está vidrado nele, todo bobo - sorriram.
- Bom, já que é assim - a mulher se levantou - vou indo, Jon precisa mesmo dormir, está todo torto nessa cadeira.
- Voltamos amanhã, se você não se importar - Jorge disse calmo.
- Tudo bem, fiquem tranquilos - Sophia abraçou a sogra.
- Qualquer coisa me ligue, Micael a mesma coisa.
- Pode ficar tranquila, aqui está tudo bem - sorriram mais uma vez - obrigada por tudo, não sei como agradecer.
- Já disse que não precisa - arrumou Jon nos braços que dormia tranquilo - até mais, querida.
- Até, um beijo - sorriu vendo os familiares saírem do hospital.
A chuva não tinha dado uma trégua, Sophia precisava ser forte ali dentro, foi até sua bolsa pegando dez dólares pra comprar um café, na verdade dois, correu até a máquina se aquecendo pelo ar condicionado congelante do hospital, sorriu satisfeita ao pegar os dois copos voltando pra sala.
Precisavam de energia, afinal ficar virado a noite toda não era algo fácil.
CZYTASZ
Branquinha
RomansSophia, uma garota cuja está na faculdade se arrisca ao alugar um quarto em um apartamento nobre junto com sua amiga que acabou de conhecer. Rodeada de drogas, festa e sexo acaba conhecendo Micael, o novo dono de seu coração e destruidor de suas ino...