Capítulo 95

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- Sophia? - a enfermeira entrou no quarto tirando as atenções da loira. 

- Aconteceu alguma coisa? 

- Na verdade queríamos trazer isso - a enfermeira deu a Sophia uma bomba elétrica - Kevin precisa se alimentar através da sonda. 

- Ah, claro - pegou o objeto nas mãos - eu não faço a mínima ideia de como fazer isso. 

- Tudo bem - riu leve - vou te ajudar, é normal. 

Sophia recebeu os auxílios tirando o leite de seus seios, não era muita coisa mas dava pro gasto. No começo grunhia de dor pelo que estava sentindo, mas como a enfermeira lhe disse era tudo normal. 


Já na recepção Jorge tinha acabado de chegar, estava com Jon nos braços que brincava com um dinossauro de brinquedo. 

- Ela está bem? vim o mais rápido que pude. 

- Está sim, o bebê está na incubadora - pegou Jon nos braços. 

- Vovó, eu quero ver o Kevin. 

- Kevin está dodói e ainda não podemos vê-lo - se explicou - você trouxe as roupas que eu pedi, Jorge? 

- Estão aqui - deu a ela a sacola - que situação, até ontem éramos patrões dela. 

- E hoje somos avós de Kevin - encarou o chão - você quer falar com ela? 

- Assim que ela estiver bem - sentou-se na cadeira - hospital agradável esse. 

- Sim, particulares costumam ser assim. 

- Particular? você me disse que ela precisava de dinheiro. 

- Pelo que parece Sophia tinha cadastro aqui, os pais dela tem dinheiro, pelo menos o pai que é médico. 

- E Micael? 

- Você já sabe onde ele está. 

- Eu preciso vê-lo - pegou o celular que vibrava em desespero. 

- Quem é? 

- Sobre o documento - Jorge se levantou - eu já volto. 

Antônia viu o marido desaparecer na porta automática do hospital, encarou Jon que brincava distraído com seu dinossauro. 

- Jon - deixou ele no chão - a vovó precisa contar uma coisa pra você. 

- O quê? 

- A vovó descobriu que Sophia na verdade é noiva do seu tio Micael. 

- Noiva? então quer dizer que ela é minha tia? 

- Exatamente - sorriu pro neto - Kevin é seu primo. 

- Meu primo? - Jon sorriu - eu vou poder brincar muito com ele, não é vovó? 

- Vai sim, quando ele for um pouco maior - sorriram. 

- Onde está o tio Micael? 

- Está viajando - mentiu - logo estará com a gente. 

- Ah - o menino se confundiu - onde está Soph? 

- A tia Soph, não pode esquecer isso. 

- Sim, a tia Soph - Jon sorriu pra avó. 

- Está lá dentro, vamos esperar ela aqui. 

- Tudo bem - voltou a brincar com seu dinossauro distraído. 


No presídio as coisas iam indo de mal a pior, Richard e Micael bolavam o plano de tentar sair do local pelo esgoto, não dava muito certo porque tudo agora estava mudado. 

- Onde você pegou esse mapa? - Micael encarou o amigo que tinha o papel nas mãos. 

- Peguei na antiga penitenciária - bufou - que merda, está tudo errado. 

- Você queria que a gente saísse pelo esgoto? 

- Exatamente, o esgoto debaixo. 

- Você sabe que iriamos demorar uma década pra achar a saída, tem vários atalhos. 

- O esgoto é como se fosse um túnel, se irmos na direção certa não vamos nos perder. 

- O cheiro vai ser horrível - Micael se queixou - acho melhor... 

- Está dando pra trás de novo? 

- Não, estou dizendo que essa ideia é muito doida. 

- Você tem uma ideia melhor? 

- Não fique bravo comigo, Richard - pausou - só estou dizendo possibilidades. 

- Certo, hum - pensou rápido - que tal a saída em que carpimos? 

- Como assim? 

- Estamos carpindo pra esse estado idiota, percebeu que depois da cerca tem um lago? 

- Ah claro, e como vamos passar a cerca? 

- Cortando. 

- Ela é elétrica, o alicate é de metal, vai dar um estouro danado. 

- Que porra Micael, você sempre fode os meus esquemas. 

- Eu fodo os seus esquemas? você não pensa direito. 

- Está me chamando de burro? 

- Não, só estou dizendo que precisa pensar com calma - pausou - e outra, se saíssemos iríamos nadar até aonde? até morrermos? 

- Tem razão, o jeito é ficar preso nessa merda e cumprir a pena. 

- Estou deixando a ficha cair ainda. 

- Você ficou mal com o lance da sua mãe, não foi? 

- Foi sim, ainda não dá pra acreditar - olhou o amigo - parece sonho. 

- Sabe o quê é sonho? é a gente matar todo mundo daqui. 

- Não, isso aí não é comigo - sentou no chão - estou cansado de ver o sol nascer quadrado. 

- A gente nem vê o sol nascer nessa porra - Richard largou o papel - tem outra ideia? 

- Nenhuma ideia, minha mente está nublada. 

- Pensando na mãe, na escapatória ou em Sophia? 

- Pra te falar a verdade? nos três. 

- Sei bem como é isso - riu leve - ás vezes eu acho que vai cair alguma porra do céu e matar todo mundo. 

- Você gosta de matar, não é? 

- Sou vidrado nessas coisas, os filmes parecem bem reais. 

- É pra isso que criam os filmes, Richard - cerrou os olhos encostando a cabeça na parede. 

Escutaram alguém deslizar algo nas grades da cela fazendo um barulho enorme, Micael abriu os olhos rápido vendo o guarda que sempre os supervisionavam abrir o mesmo. 

- O quê foi dessa vez? - Richard encarou o guarda. 

- Não estou falando com você - Micael riu - estou falando com você mesmo. 

- O quê? é visita? - levantou rápido. 

- Não, eu achava que milagres não acontecessem. 

- Do que está falando? - ficou tenso. 

- Tome um banho e ajunte suas coisas - pausou - você vai pra casa. 

Você vai pra casa. 

Micael nunca ficou tão feliz em ouvir aquelas quatro palavras, se tivesse com um copo na mão ele automaticamente cairia. Richard tinha ficado de boca aberta, literalmente enquanto o moreno achava reações do corpo pra poder andar novamente. 

Iria pra casa, já estava na hora. 

BranquinhaWhere stories live. Discover now