Capítulo 91

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Voltando a casa de Antônia tudo estava tranquilo, Jon tinha acabado seu desenho dando ao seu avô de presente, Sophia observou o menino que estava feliz, os desenhos estavam saindo cheios de cores. 

Escutaram um barulho de carro no lado de fora, já sabia quem era. 

- Olhe lá, sua avó chegou - Jorge brincou com Jon que correu até a garagem. 

- Vovó - gritou - fiz um desenho pra você também. 

Os barulhos vieram até a sala, Antônia tinha entrado. 

- Você fez? obrigada meu amor - beijou a testa do menino antes de dar um beijo no marido. 

- Jon está inspirado hoje, fez vários desenhos - Sophia sorriu ao falar. 

- Prepare a banheira pra mim e peça a Rita que deixe uma garrafa de vinho, encontro você no banheiro - Antônia disse séria a Sophia que não entendeu, nunca tinha trabalhado fixamente pra mesma. 

Pois lá foi ela fazer o quê Antônia tinha pedido, entrou no quarto da sogra indo até o banheiro, abriu a torneira, colocou sais de banho, deu aroma ao ambiente. Voltou a cozinha falando com Rita, pegou uma garrafa do melhor vinho junto com uma taça, foi até o banheiro novamente deixando perto da banheira, escutou passos vindo e quando deu conta Antônia estava no cômodo junto com Sophia. 

- Vou deixar... 

- Não, quero que fique - sorriu tirando os sapatos, Sophia virou pra parede. 

- Aconteceu alguma coisa? 

- Acho que sim, não tenho certeza - entrou na banheira, Sophia virou-se. 

Ficaram em silêncio, Antônia abriu a garrafa de vinho. 

- Quero que saiba, eu descobri tudo. 

- Tudo o quê? - gelou.

- Micael, ele está preso na penitenciária de Seattle - bebeu o líquido deixando a espuma acalmar seu corpo. 

- Eu posso explicar. 

- Não precisa explicar, foi ele quem pediu pra que não falasse nada. 

- Como a senhora soube? 

- Temos uma criança aqui em casa, não deveria deixar Jon sozinho. 

- Eu sinto muito por Micael, conversei com ele pra que falasse com... 

- Já disse que não precisa se desculpar - encarou Sophia - eu fui até ele, conversamos o necessário. 

- Eu sinto muito. 

- Tudo bem, querida - pausou - esse bebê é dele, não é? 

- Sim - Sophia encarou o chão - estou triste. 

- Eu estou triste, muito mais que você - respirou fundo - reencontrei meu filho que está preso, foi boca dura comigo e mesmo assim não aprende a lição, você acha que eu queria isso? 

- Claro que não, sei que ama seus filhos. 

- Amo mais que minha própria vida, e daria tudo pra que Marcel estivesse vivo, voltaria no tempo e não teria feito o que fiz com ele - voltou a beber o vinho. 

- Estou envergonhada pelo o que aconteceu. 

- Não precisa ficar, agora você é da família. 

- Não sou. 

- É sim - pausou - está noiva dele, isso importa. 

- Vamos nos casar quando ele sair de lá - advertiu. 

- Você vai esperar dois anos? que corajosa - relaxou na água - não se preocupe com o bebê, vou te ajudar no que for preciso. 

- Não precisa... 

- Deixe-me ajudar, é o meu neto. 

Sophia ficou em silêncio. 

- Quero que me responda uma coisa - umedeceu os lábios encarando a loira - iria me contar se tudo ainda estivesse debaixo do tapete? 

- Eu... 

- Diga com sinceridade. 

- Acho que sim, Micael foi muito rude nesse quesito - se explicou - eu queria contar mas toda ligação ele me pressionava, me pedia segredo puro, a senhora não poderia saber que ele estava aqui em Seattle. 

- Pois bem, eu descobri - pausou - foi o destino. 

- Eu sinto muito mesmo, Micael é cabeça dura. 

- Conheço a peça, coloque cabeça dura nisso - riu consigo. 

- Ele está bem? 

- Na medida do possível, mofando naquele uniforme horroroso - voltou a beber novamente - pode dizer a ele o quê aconteceu aqui. 

- A senhora vai contar... 

- Pra Jorge? claro que sim, ele é meu marido e precisa saber. 

- Foi o quê eu pensei. 

- Você pensa demais e acaba não fazendo - inclinou-se até a borda - vá pra casa, descanse. 

- Jon precisa de mim, por favor, não faça isso que eu estou pensando. 

- Não vou te despedir, você faz parte da família. Se quiser aparecer pra ver Jon, fique a vontade. 

- E meu pagamento? 

- Seu pagamento faz parte do dinheiro de Micael agora - cerrou os olhos - adeus trabalho. 

Sophia ficou sem palavras, engoliu seco morrendo de vergonha. 

- Vá pra casa e pense um pouco, na verdade descanse - sorriu - precisa disso. 

- Tem certeza? 

- Absoluta. 

Não falaram mais nada, Sophia saiu do banheiro deixando a sogra relaxar na banheira acompanhada de uma garrafa de vinho. Foi até Jon dando um beijo apertado na bochecha, despediu-se de Jorge e foi pra casa com sua mochila entre os ombros, tinha muita coisa pra processar quando chegasse em casa. 

Queria correr, queria chorar, gritar, espernear. Não servia nem pra guardar segredos. 

Era isso que sua mente martelava agora. 

BranquinhaWhere stories live. Discover now