Capítulo 24

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Sophia fez o almoço naquela tarde, Saily a ajudou e então saiu da cozinha um belo arroz à grega acompanhado com molho de carangueijo, depois que comeram arrumaram a cozinha e ficaram de ver um filme.

- Então, ele vai voltar cedo?

- Eu não sei - pausou - ele deve chegar no horário de sempre.

- Micael é um homem muito mudado - a morena sorriu - você teve sorte.

- Por quê todos falam isso? - encarou Saily que olhava a TV.

- Porque Micael não era assim, ele era um sem nada, não queria fazer nada - deu de ombros - se ele fosse outro te deixaria pelada depois que transasse com você.

Sophia engoliu seco, voltou a encarar a TV e cruzar as pernas.

Não muito perto dali Micael ainda estava na aula, anotava algumas coisas no caderno e fechou quando Tompson chegou perto de sua mesa.

- Como vai?

- Bem, até você chegar - encarou o amigo.

- Queria pedir desculpas.

- Desculpas? eu deveria quebrar a sua cara.

- Eu já disse que quero pedir desculpas - olhou sério - e aí?

- Tanto faz - deu de ombros colocando suas coisas na mochila - eu preciso de um trampo.

- Trampo?

- É - pausou - estou sem dinheiro.

- Ótimo, e a grana da sua Jesus Loira?

- É pro apartamento e não pra mim - saiu da sala, Tompson o acompanhou.

- Vai trabalhar de quê? servindo cachorros quentes? - riu.

- Tanto faz, preciso de grana pra poder me sustentar - buscou a chave do carro - que diabos, quer uma carona?

- Já que você me ofereceu - sorriu e colocou um cigarro entre os lábios, entraram no carro de Micael que ligou o motor no mesmo.

- Você tem um trampo pra mim?

- Estou com cara de quem arruma empregos? - encarou o moreno - sei de alguém que vai adorar te conhecer.

- Quem?

- Tobby, o perninha - tragou o cigarro.

- Nem fodendo, não quero traficar de novo.

- Pare de ser bichinha, porra - riu leve - se você traficar vai ter o dobro de dinheiro que uma caixa ganha no supermercado.

- Isso dá cadeia, seu monte de merda - apertou o volante.

- Você é esperto, não vão te pegar - advertiu sorridente - vamos conversar com ele.

- Parece uma má...

- Por mim, se você for pego eu me entrego - sorriu - vou traficar com você.

Micael pensou bem, precisava de dinheiro pra comprar suas coisas, Saily ganhava como podia mas ele não tinha onde procurar, pensou bem antes de encarar Tompson com seu cigarro certeiro, cerrou os olhos dando a palavra.

- Me leve nesse tal Tobby - Tompson sorriu como uma criança que ganha presentes de natal.

Deu a meia volta na esquina e logo estavam no endereço do tal Tobby, uma rua meio deserta, um carro na frente. Saíram do carro de Micael e bateram palma no portãozinho enferrujado, Tompson apagou seu cigarro antes de ver Tobby, o mesmo veio mancando, não é atoa que o chamavam de perninha.

- Tom - o cara sorriu - como vai você?

- Bem, aparentemente - sorriram e Tobby deu entrada aos dois - esse aqui é meu amigo, Micael Borges.

- Prazer - o moreno deu as mãos.

- Entrem, entrem.

E assim entraram, não era uma casa de luxo mas dava pra se sustentar. Micael sentou-se na cadeira de madeira e Tompson sentou em outra, Tobby ficou de pé escorado na pilastra cinza de sua casa.

- Precisando de algo, Tom?

- Na verdade é pra ele - apontou pro moreno - emprego.

- Emprego? - riu - mas que...

- Ele já traficou antes, um bom menino e sei que você está precisando de pessoas que façam isso - respirou fundo - essa é minha oferta.

- Você quer vender pra mim? - Tobby encarou Micael que coçava a nuca preocupado.

- Vendo o triplo que me der, boates, prostíbulo, tudo que der estou vendendo - disse calmo.

- Certo, você é daqui mesmo?

- Sim, não moro muito longe.

- Está disponível todos os dias?

- Todos - sorriu - até nos fins de semana.

- Gostei de você - andou até o mesmo - não quero nos fins de semana, é uma folga.

- Por mim, tudo bem - sorriram, sairia uma grande oferta dali.

Tobby saiu do cômodo e voltou com uma sacola, o tablete branco e bem empacotado nas mãos, Micael já sabia o quê era, sorriu pro mais novo chefe enquanto lhe entregava a mercadoria.

- Aqui tem cinco quilos de coca - sorriu - quero que venda, vinte o papelote e se você me der a perna será considerado um homem morto, entendeu?

- Bem claro, Tobby - assentiu.

- Você tem namorada?

- Sim - disse calmo mas engoliu seco, iria falar algo a respeito.

- Se sumir com isso ou cheirar tudo procuro ela, e quando eu achar vou comer o cuzinho dela como jamais comi o de alguém - Micael engoliu seco, passava mal só de pensar. Apenas assentiu.

- Enquanto a grana? quando vou receber.

- Metade pra cada um, depende o quê vender por dia ou noite - andou pra pilastra novamente - e vou saber quando me der a perna, conto toda a minha grana.

- Pode deixar, não roubo nada de ninguém - só de Johnson.

Micael despediu-se assim como o amigo, quando voltou pro carro tinha cinco quilos de cocaína prontinho pra ser embalado e vendido, não iria contar a Sophia já que a mesma ficaria uma fera. Deixou Tompson em casa e partiu pro seu apartamento, quando chegou encontrou Saily roncando no sofá e Sophia... onde estava Sophia?

- Amor? - chamou a mesma que disse com a voz fraca, foi até o quarto e encontrou a loira sentada na janela, fumava um cigarro, calma e com a brisa batendo nos cabelos.

- Chegou cedo - se beijaram e ela voltou a tragar o cigarro.

- Hoje tive aulas complexas, decidi sair mais cedo - pegou o cigarro da namorada e tragou, achava aquilo muito sexy.

- Fiz o almoço e assisti um filme com Saily, mas ela dormiu na metade então...

- Ela sempre dorme - riu leve.

- Micael, meu pai me ligou.

- Algo de grave?

- Ele quer me ver, aqui - Micael sentiu o coração gelar - quero contar de você a ele.

- Pode contar, sabe que vou me apresentar a ele.

- Posso contar com você?

- Amor, eu sou seu namorado - sorriu colocando uma mecha de seu cabelo atras da orelha - quero conhecer seu pai.

Sorriram e se beijaram, enquanto o casal estava ali as mil maravilhas mal duvidariam da visita do ilustre pai.

Coitado de Micael, mal sabia que o sogro na verdade era o diabo em pessoa.

BranquinhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora