Branquinha

Capítulo 69

- Todos acordem para mais um dia de merda na prisão - o alto falante ecoou. 

Micael franziu o cenho antes de abrir os olhos, o barulho de algo forte batendo na cela o acordou junto com os altos-falantes, queria gritar ao sete infernos por ter acordado ele tão cedo. 

- Levantem, agora - o guarda abriu a cela esperando Micael ficar de pé, Richard ainda bufava em sua cama - vamos. 

- Estamos indo - silabou logo após bocejar, ainda estava escuro - por quê acordamos tão cedo? 

- Porque isso é um presídio e não a Disney - sorriu irônico vendo Micael pegar seu kit. 

- Isso é hora de acordar? - Richard colocou as mãos na cabeça.

- Estou sendo legal com vocês, tem vários detentos querendo usar o banheiro - acompanhou os dois até o local. 

- Você é o cara, estou muito agradecido - Richard afinou a voz fazendo Micael rir. 

E lá estavam eles, Micael arregalou os olhos e engoliu seco quando viu o banheiro do presídio. 

- Meu irmão, isso aqui está parecendo uma feira - Richard encarou o moreno que não tinha reação. Se tivesse sessenta detentos ali seria pouco - vamos nos enfiar em algum canto. 

- Será que dá pra se enfiar nessa multidão? 

- É que nem baile, entra e segue o ritmo. 

- Quer saber? eu vou esperar todos saírem. 

- Nada disso, Borges - o guarda que sempre os acompanhava parou atrás de si - faça isso como todo mundo. 

- Está cheio, sr guarda. 

- Borges. 

- Sr. guarda - remedou como uma criança manhosa. 

- Ande logo, ache algum cubículo pra você se enfiar - empurrou de leve o moreno que se esfregou na multidão de detentos. 

Até conseguir achar uma pia disponível custou minutos, perdeu Richard de vista lidando com o problema. Não demorou muito pra fazer as higienes matinais e logo estar no refeitório junto com todo mundo. 

Pelo menos isso era organizado. 

- O cheiro está bom - encarou Richard que esfregava as mãos - não está com fome? 

- Por mim, tanto faz - viram a mulher despejar algo pastoso na bandeja. 

- Vai querer? - a outra mulher lhe mostrou uma caixinha de leite, Micael assentiu. 

- Você é educadinho, Borges - Richard fez questão de zoar - menininho da mamãe. 

- Estou mais pra fodido da mamãe - sentaram em uma mesa. 

- Não fala bosta, fodido estou eu - pausou - o quê deu no seu julgamento? 

- Nada, Sophia pagou caro no bosta do advogado e ele não fez nada - abriu a caixinha de leite - dá pra acreditar? 

- Se fosse do estado até daria um crédito - comeu um pedaço de pão - que coisa dura da porra. 

- Essas coisas estão na validade? - Micael encarou a consistência pastosa na bandeja com nojo. 

- Reze pra que esteja - bebeu seu leite - não vai comer? 

- Eu não - arrastou a bandeja pra Richard - fique a vontade. 

- Já estou acostumado, na antiga prisão a gente comia comida com cabelo. 

- Que nojo - Richard riu vendo a careta que Micael fez.