Capítulo 70

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Sophia ainda ficou um pouco com Micael enquanto o tempo não cumpria, choraram, riram e claro, mimaram o pequeno bebê que crescia em seu ventre. A hora de ir embora foi a pior parte de todas, ela sempre odiava assim como ele. 

Não demorou muito pra que estivesse em casa, largou os sapatos na sala e se espreguiçou deitando no sofá, revirou os olhos quando escutou o barulho irritante da campainha tocando, por quê Saily sempre esquecia a chave? estava na sua hora de chegar. 

- Esqueceu a maldita chave novamen... - Sophia perdeu a cor quando viu os dois, segurou forte a maçaneta vendo eles entrarem. 

Seus pais, nenhuma cara boa. 

- O quê estão fazendo aqui? 

- Precisamos conversar - seu pai deu a chamada - então é isso quê aconteceu? 

- O quê aconteceu? - cruzou os braços. 

- Está grávida - sua mãe prendeu a bolsa firme nos ombros - você conseguiu engravidar, eu sabia. 

- Quem contou isso? 

- A esquisita que mora com você - Renato silabou encarando o chão - por isso quer casar? 

- Eu amo Micael e isso importa no momento. 

- Seu futuro importa no momento - já estava se alterando. 

- Meu futuro? ficar rabiscando papel? - riu irônica - aquilo é seu futuro, e não o meu. 

- Você escolheu, não vou ficar pagando sua faculdade que nem um trouxa. 

- Não precisa pagar, eu já tranquei. 

- Está me remendando? - chegou mais perto dela, a mesma recuou. 

- Não, estou falando a verdade - umedeceu os lábios - estou grávida de Micael Borges e vou casar com ele, que a propósito está preso. 

- PRESO? - gritou - É ISSO QUÊ VOCÊ QUER PRA SUA VIDA? 

- EU JÁ DISSE QUE AMO ELE. 

- UM INDIGENTE PRESO, QUE FUTURO VAI DAR A ESSA CRIANÇA? 

- O FUTURO QUE ELA PRECISA, CHEIO DE MUITO AMOR. 

- AMOR? COM UM PAI PRESO E UMA MÃE LOUCA COMO VOCÊ?

- LOUCA? ESTÁ ME CHAMANDO DE LOUCA? - estava se alterando, queria parar de gritar por conta do bebê. 

- ESTOU, JOGOU O SEU FUTURO NO LIXO - andou de um lado para o outro - AJUNTE SUAS COISAS, VOCÊ VEM COM A GENTE. 

- NEM PENSAR - andou até o corredor - SÓ SAIO DAQUI COM MEU NOIVO, QUE ALIÁS VAI DEMORAR ALGUNS ANOS PRA SAIR DE LÁ. 

- Você perdeu o juízo, Sophia Sampaio Abrahão. 

- Borges, você esqueceu do Borges - sorriu vitoriosa conseguindo inverter a briga. 

- Você só vai ser Borges quando estiver casada, e creio que isso nunca vai acontecer. 

- Por quê acha isso, pai? 

- Porque você é inútil, uma mimada e inútil - arrumou a gravata - não vou repetir, ajunte suas coisas e vamos embora. 

- Eu não vou ir com vocês. 

- Sophia, por favor - Branca conseguiu achar falas - se ficar aqui vai ser bem pior. 

- Acha que não posso me manter? 

- ANDE LOGO, SOPHIA - gritou novamente, estava perdendo a paciência com ela. 

- EU NÃO VOU, MAS QUE PORRA - Renato arregalou os olhos, nunca tinha falado palavrão na frente dos pais. 

- Certo - andou de um lado para o outro - já que você não quer ir, irei ser mais drástico com você. 

Abriu sua maleta companheira tirando de lá um papel, tinha letras impressas e uma assinatura do mesmo. 

- Essa é a sua emancipação, a partir de hoje não darei mais NENHUM tipo de mesada a você - apertou as mãos - se acha que está crescida, aja como uma pessoa crescida. 

- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, EU ESTOU GRÁVIDA - se desesperou. 

- Se vire, você disse que podia se manter sozinha - umedeceu os lábios fechando a maleta - eu queria deserdar você nesse momento. 

- Já fez isso - sentiu as lágrimas caírem em seus lábios - você é um monstro. 

- E você se tornou uma - encarou a filha - ache mesmo que o seu namorado é uma ótima pessoa? ficou sabendo quê ele atirou no meu pé dando uma visitinha pra cuidar de você? 

- O quê? - franziu o cenho. 

- Ele me procurou depois que eu dei uns tapas em você, meteu uma arma na minha cabeça, me bateu e no final deu um tiro no meu pé dizendo que nunca mais era pra eu chegar perto de você com esse pensamento, o pensamento de te machucar. 

- Bem feito, poderia ter levado um tiro na cabeça e morrido. 

- Cruzes, Sophia - Branca interrompeu novamente - está muito mudada, não queria que fosse assim. 

- Deixe ela, Branca - pausou - vai aprender a ser uma pessoa adulta, começando por esse feto sem futuro. 

- Não xingue o meu bebê, você não tem esse direito - grunhiu. 

- Bom, não tenho mais nada pra fazer aqui - caminhou até a porta - vamos, Branca? 

- Estou indo - encarou Sophia com desprezo mais uma vez. 

- QUER SABER? VÃO EMBORA - gritou - VÃO EMBORA, E VOCÊ MÃE NUNCA MAIS ME PROCURE, NÃO ME LIGUE MAIS, NÃO ME MANDE MENSAGEM, VOCÊ MORREU PRA MIM JUNTO COM ESSE BOSTA QUE DIZ SER MEU PAI - respirou fundo vendo Branca por as mãos na boca indignada, estava chorando. 

- É isso quê você quer, Sophia? - secou as lágrimas. 

- Você pisou na bola comigo desde o momento que decidiu contar os nossos segredos a ele - encarou Renato que se mantinha com postura na porta - adeus, mãe. 

- Sophia, eu sinto muito - abraçou a mesma que tinha raiva nos olhos, foi rígida com sua mãe mas tinha que ser - fique bem, por favor. 

- Eu vou ficar - os olhos vidrados no chão não querendo chorar, Branca foi até a porta junto com Renato que fechou com tudo. 

Sophia ali parada no corredor teve a ideia de sempre, chorar. Rasgou o papel com raiva enquanto as lágrimas caíam de seu rosto, agora não teria o apoio dos pais pra nada, não teria mais as conversas longas com sua mãe e nem o dinheiro que tanto precisava, seu plano deu muito errado. 

Tinha mais um problema a ser resolvido. 


BranquinhaWhere stories live. Discover now