Lar

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24 de dezembro de 1995
Bloomsbury
14:07

– E então? – Nana arqueou uma sobrancelha, quando o silêncio se estendeu por tempo demais.

– Eu... vou deixar vocês conversarem... – Eleanor deu um passo para trás, ficando vermelha.

– Eleanor, por favor, fique. – Ela pediu, a fazendo paralisar. – Você é uma péssima atriz, bem... sei que você também sabe do que aconteceu, e, se Carter não for dizer, espero que você diga.

– Senhora, eu realmente não acho que seja meu papel... – Gaguejou, coçando a nuca. – E, além do mais, minha mãe deve estar precisando de ajuda com... com... er... os biscoitos. É, os biscoitos... então, eu vou... só... – Tentou, mais uma vez, se afastar, mas o olhar no rosto de Nana não parecia nada convencido.

– Vocês, adolescentes de hoje em dia, são tão ruins em mentir... não durariam um dia, no meu tempo! – Deu uma gargalhada entretida. – Carter, eu ainda estou esperando a sua resposta. – Se virou para o neto, suspirando.

– Vó... eu... – Carter gaguejou, e toda a cor do seu rosto parecia ter se esvaído; Eleanor tinha certeza de que ele tinha parado de respirar. – Eu não sei do que...

– Perdoe essa senhora por não aceitar que o filho dela simplesmente decidiu mandar o filho dele para um acampamento... "religioso"... e deixou eles cortarem todo o cabelo dele, além de forçar o garoto a trabalhar... – Cruzou os braços em frente ao próprio corpo. – Tudo isso me parece muito estranho. Você não acha, Eleanor? – Virou a cabeça na direção de Eleanor.

– Se você acha, senhora... – Deu de ombros, mantendo sua cabeça baixa. Se Carter não queria dizer nada, certamente não seria ela quem faria isso.

– Acho que minhas intenções não ficaram claras, para os dois, já que vocês continuam escondendo algo de mim... – Nana suspirou. – Mas, acho que devo admirar a determinação de vocês.

Eleanor permaneceu em silêncio, inabalável, mas estava claro no rosto de Carter que ele estava em uma batalha interna, debatendo se queria ou não dizer alguma coisa. Percebendo isso, ela apoiou uma mão nas costas dele, e, automaticamente, o garoto pareceu mais calmo. Como se fosse um lembrete de, mesmo que dissesse o que realmente aconteceu, e Nana não o acolhesse... não estaria sozinho.

Enquanto Eleanor estivesse ali, ele nunca mais precisaria saber a sensação da solidão.

– Eu... – Ele cortou o silêncio, erguendo o queixo e engolindo em seco, e Nana ergueu uma sobrancelha, o encorajando a perseguir. – ...gosto de garotos. – Confessou, muito rápido.

Eleanor levantou a cabeça, o encarando, de olhos arregalados, surpresa com a atitude, mas Nana apenas fez careta, confusa.

– Repita? – A mulher pediu. – Você falou rápido demais...

– Eu disse... que sou gay, Nana. – Repetiu, com a respiração descompassada. – Por isso, meu pai cortou meu cabelo, me mandou pro acampamento, e está me forçando a trabalhar...

Por mais que tivesse permanecido em silêncio, Nana parecia muito pensativa, mexendo no próprio colar, enquanto continuava olhando Carter nos olhos.

– Você tinha os cachos mais lindos, sabia... – Relembrou, nostálgica. – Seu pai, Carter... ele sempre foi um homem...

“Babaca?”, Eleanor completou, mentalmente.

– ...complicado. – Carter finalizou, abaixando a cabeça.

“Não seria a palavra que eu usaria...”

– Você não parece muito surpresa com isso, Eleanor... – Martha a olhou. – Presumo que já sabia?

𝐂𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓𝐄𝐃↠Draco Malfoy (ATUALIZAÇÕES LENTAS)Where stories live. Discover now