A Consequência

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13 de julho de 1995
Bloomsbury
10:18

– Você têm tido mais pesadelos? – Perguntou a Dra. Penelope, observando Eleanor com atenção.

– Não. – Negou com a cabeça, desviando o olhar.

– E você tem dormido, não é? – Arqueou uma sobrancelha. Sem resposta. – Eleanor, há quanto tempo você não dorme?

– ...2 dias. – Murmurou, arranhando o couro do sofá sem perceber.

– Nós conversamos sobre isso. – A olhou por cima dos óculos, séria.

Eleanor bufou e encostou a cabeça no sofá, olhando para o teto para alguns segundos. Era sua terceira consulta com a psiquiatra que Carter recomendou, e havia gostado dela. Mas não gostava nem um pouco de precisar dar satisfação sobre tudo que fazia.

Dra. Penelope Chapman aparentava estar nos seus 40 anos, tinha os cabelos castanhos-claros na altura do ombro e os olhos azuis e gentis. Estava tentando o seu máximo para ajudar, mas Eleanor suspeitava que não fosse ajudar muito, já que sequer podia contar tudo que aconteceu pra ela. Precisou manter a história que contou para Carter: se acidentou durante uma gincana da escola, mas dava para notar que a mulher sabia que ela estava escondendo algo.

– Eu tive outro pesadelo. – Contou, erguendo a cabeça mais uma vez. – Minha mãe ficou do meu lado... de novo.

– Isso é ótimo. – Penelope sorriu fraco. – Seus pais se importam muito com você.

– Eu sei. – Suspirou. – Depois, eu saí do quarto pra ir lavar o rosto... escutei ela chorando...

– E você não dormiu desde então? – Indagou e ela assentiu. – Você não está se ajudando, sabe disso, não é? Ficar sem dormir não vão fazer os pesadelos irem embora.

– Até agora, têm funcionado muito bem. – Deu de ombros.

– Uma das coisas que acontecem quando se passa um período muito longo sem dormir são as alucinações. – Explicou. – A pessoa começa á sonhar enquanto está acordada.

Eleanor engoliu em seco e se encolheu no sofá. Agora iria sonhar acordada também? O que deveria esperar? Ver Lucius Malfoy andando por Bloomsbury?

– Eleanor. – Penelope chamou a atenção dela. – Eu posso ver o seu braço? – Olhava para o braço dela, e ela reparou que estava se beliscando. De novo.

– Eu não sei por quê fico fazendo isso... – Bufou e estendeu o braço pra ela, mostrando as marcas.

Penelope analisou as marcas atentamente e anotou algo em sua prancheta. Eleanor observou enquanto ela fazia isso, curiosa, resistindo á vontade de perguntar o que havia escrito.

– Você têm costume de se beliscar quando acha que está sonhando? – Perguntou, se ajustando em sua cadeira. Eleanor assentiu. – Está explicado, então.

– Não entendi...

– É uma reação involuntária. – Retirou os óculos do rosto e os repousou na mesinha ao lado de sua poltrona. – No estresse pós-traumático, é normal o paciente perder o senso de realidade de vez em quando. Como seu subconsciente não sabe se você está acordada ou se está sonhando, ele reage dessa forma. – Apontou com a cabeça para o braço dela.

– Como se eu estivesse tentando me acordar? – Franziu o cenho, pensativa, e a mulher murmurou em confirmação. – Acho que faz sentido.

– Ainda vou te passar alguns remédios... – Murmurou, anotando mais algumas coisas em sua prancheta. – Antes que o caso piore e... bem... não queremos que piore, não é?

𝐂𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓𝐄𝐃↠Draco Malfoy (ATUALIZAÇÕES LENTAS)Where stories live. Discover now