Prólogo: Confiança

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30 de junho de 1997,
Hogwarts

Severus Snape e os outros Comensais corriam para os limites da propriedade da escola, tomados por uma enorme adrenalina; Albus Dumbledore estava morto. A vitória do Lorde das Trevas estava cada vez mais próxima... quase conseguiam sentir o gosto dela.

Como se algo sussurrasse em seu ouvido, Snape sentiu uma presença atrás deles. Virou-se para trás, vendo que Harry Potter e Eleanor Sparks corriam atrás deles, quase os alcançando; a garota parecia capaz de lançar feitiços com os próprios olhos. Ele sabia o que isso significava. Já havia visto aquele olhar antes, há muitos anos, e sabia exatamente o que ela queria ali. E não tinha nada a ver com ele.

Ao seu lado, Draco havia parado de andar e também olhava para as duas figuras que vinham na direção deles. O menino parecia estar aterrorizado, e envergonhado, tudo ao mesmo tempo.

– Continue andando! – Snape ordenou, mas, antes que Draco pudesse ter qualquer reação, uma enorme luz emergiu de trás deles. Severus se virou, saltando com o susto, vendo as silhuetas de Bellatrix e dos outros comensais contra as chamas: haviam colocado fogo na toca de Hagrid. Eleanor soltou um grito agudo e desesperado, mas, antes que ela pudesse correr até a cabana, Harry a puxou pelos braços; Malfoy continuava paralisado.

– EU MANDEI VOCÊ IR! – Gritou, novamente, o tirando do transe, e ele voltou a andar, com as pernas cambaleando, em direção aos outros, que nem pareceram perceber a presença dos outros garotos atrás deles, e continuavam correndo, quase como se esquecessem dos dois que ficaram para trás.

Correndo, Harry se inclinou para a frente, com a varinha em mãos e, em seus olhos, era possível enxergar apenas a pura sede de vingança que sentia. Alguns metros à frente, Snape permanecia parado, inabalável, com a mesma postura de sempre, e as chamas iluminando sua silhueta obscura. Viu o garoto erguer sua varinha, ejetando um raio vermelho. O homem não precisou de muito esforço para se defender, apenas deixando o raio passar por cima de sua cabeça, fazendo alguns de seus fios de cabelo se moverem. Potter estava afobado demais, não conseguiria o atingir, enquanto continuasse assim.

Enquanto isso acontecia, percebeu que Eleanor havia sumido de vista. A garota se separou do amigo, e correu em direção à Draco, que, nem por um segundo, parou de correr e olhar para trás, se apressando mais e mais, temendo encontrar com o olhar raivoso dela.

– Não ouse correr de mim ou eu quebro suas pernas! – Ela gritou, com a voz trêmula, e, como se fosse mágica, o menino parou de correr, quase perdendo o equilíbrio. Ainda de costas, escutou os passos apressados dela contra a grama dos terrenos da escola.

Seus ombros tremiam, e ele sentia seu estômago sambar dentro de seu corpo, mas, ainda assim, não ousava se virar e olhar nos olhos dela. "Não ela...qualquer um,, menos ela", ele pensava, fechando os olhos com força, desejando que tudo aquilo fosse só um pesadelo. Um pesadelo muito ruim...

Sentiu algo gelado contra sua nuca, assim que os passos pararam.

– Ao menos vire e me olhe nos olhos, pra contar o que você fez, seu covarde. – Eleanor apertava sua varinha contra ele. Suas mãos tremiam e as lágrimas ousavam escapar de seus olhos, mas, ela manteve o queixo erguido.

Como se tudo estivesse em câmera lenta, Draco virou-se para ela. Apenas naquele momento, tudo se tornou muito real. Talvez, no fundo, ainda alimentasse esperanças de que tudo era um grande desentendimento, e que, aquele menino loiro, que havia acabado de se revelar um Comensal da Morte, e quase matou Dumbledore, na verdade, não era Draco e sim, apenas alguém muito parecido com ele.

Mas Eleanor soube, no momento em que viu aqueles malditos olhos azuis olhando para ela, que era tudo real. Que havia confiado na pessoa errada, e, por causa desse erro tão incrivelmente estúpido, havia sido traída.

𝐂𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓𝐄𝐃↠Draco Malfoy (ATUALIZAÇÕES LENTAS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora