Capítulo 44

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⚔┊CASSIAN

Acariciei levemente as costas de Athena e observei ela fazer círculos imaginários em meu peito. Depois de todo aquele agradecimento que ela me deu, eu a puxei para sua cama e fiz com que ela se deitasse ao meu lado. Por um momento fiquei esperando ela recuar, dizer que não queria aquilo e então sair do quarto, mas fiquei surpreso quando ela não se afastou ou demonstrou que não queria ficar assim comigo e depois se aconchegou em meus braços.

Sua cabeça estava em meu peito e as pernas entrelaçadas nas minhas enquanto eu revezava em acariciar seu cabelo, braços e costas. Momentos assim com Athena me deixam feliz, toda vez que algo do tipo acontece, eu volto para casa e fico relembrando a cena diversas e diversas vezes.

Me pergunto se ela faz o mesmo ou se nem se lembra de coisas assim. Talvez sejam insignificantes demais para ela.

— O que foi? — Perguntou baixinho ganhando minha atenção — Seu coração está acelerado.

— Não é nada — Murmurei encarando o teto, Athena levantou a cabeça e apoiou o queixo na mão me encarando.

— Está mentindo — Acusou e eu continuei encarando o teto.

— Ah é? Como sabe?

— Você não está me olhando nos olhos — Respondeu simples e eu segurei um suspiro — Você sempre me olha nos olhos quando está falando comigo e agora não está fazendo.

— Isso não significa nada — Retruquei e ela ficou em silêncio, me encarando.

— Me diga o que te incomoda — Pediu-me tocando minha bochecha — Cassian…

Fechei os olhos levemente e suspirei.

Ela fica tão linda dizendo meu nome.

— Eu posso te contar o que me incomoda — Comecei tirando uma mecha de cabelo do seu rosto — Se você me contar o que aconteceu antes de eu vim para cá.

— Ah! — Athena girou o corpo se afastando de mim e eu quase me soquei por ter tocado no assunto — Não foi nada demais.

— Está mentindo — Repeti sua fala e ela fechou a cara cruzando os braços. Suspirei me arrastando em sua direção e puxei sua cintura para que Athena ficasse cara a cara comigo — Você sabe que pode confiar em mim, princesa.

Sua garganta oscilou antes que ela suspirasse e encolhesse os ombros.

— Eu li parte do que Amren traduziu do livro — Começou baixando o olhar — Eu não tinha certeza se estava pronta para descobrir o que sou capaz de fazer e de onde veio minha magia, mas era algo inevitável… Você conhece a história do demônio Trigon, não é?

— Boa parte — Respondi.

— Então você sabe que ele tem sete filhos e um deles é desconhecido — Continuou e eu concordei lentamente, um sorriso frio apareceu em seu rosto e ela deu de ombros — Você é parceiro da sétima filha dele, General.

Encarei Athena em silêncio por longos segundos processando a informação, eu estou chocado e ao mesmo tempo incrivelmente curioso. Não é algo que é muito comentado, mas todos sabem sobre a história dos setes filhos de Trigon que vivem em outras realidades espalhadas por aí e agora, eu sei que minha parceira é filha de um dos demônios mais poderosos do universo.

Mais uma vez Athena conseguiu me deixar sem palavras.

— Eu estou…

— Surpreso? Eu também fiquei — Me interrompeu soltando uma risada amarga — Depois que descobri, eu surtei. Então fui atrás da minha mãe para obrigá-la a contar o porquê de ter escondido isso de mim e quando eu cheguei lá, percebi que ela estava tendo uma vida incrível sem mim. Ela tem uma casa legal, não vive com medo de aparecer alguém na porta dela pronta para matá-la e tem o filho que sempre quis ter — Athena falou tudo em um fôlego só e respirou fundo — E ela ainda colocou o nome do meu pai nele.

— Trigon? — Franzi o cenho confuso e ela bufou.

— Não, do meu outro pai que não é meu pai — Explicou gesticulando — Ela teve essa audácia, você acredita? Depois de ter machucado o coração dele e não ter se importado quando Wilmot o matou, ela vai lá e coloca o nome do filho dela de Jasper?

— Mas isso…

— Eu sei que é um nome comum, mas ela com certeza teve outras intenções — Athena me interrompeu e se virou ficando de barriga pra cima — Eu estou agindo como uma criança, não estou?

— Não está, Athena — Acariciei sua cintura e ela me olhou de soslaio — É normal ficar com raiva. Você descobriu algo que achou ser verdade por séculos, você tem todo o direito de ficar brava.

— E tá tudo bem.

— Não tá não — Falei e suspirei tocando sua mão — Você está agindo como se isso não tivesse afetado você.

— Não afetou.

— Afetou sim e mais do que você quer admitir — Retruquei a deixando em silêncio. Umedeci os lábios me sentando e encostando as costas na cabeceira da cama, encarei Athena e a puxei delicadamente para que ela se encostasse em meu peito — Sei que está com muita raiva da sua mãe e sei também que nada do que ela disser vai mudar isso mas… Você já tentou descobrir o que realmente aconteceu para que ela tomasse aquela decisão?

— Está defendendo ela? Você nem a conhece — A indignação em sua voz me fez querer rir — Inacreditável.

— Eu não estou defendendo ela — Falei o óbvio — Mas todas as histórias têm dois lados.

— Isso não tem muita importância agora — Athena falou se afastando e se ajoelhando no colchão para me encarar — Agora é sua vez.

— Minha vez…?

— De me dizer o que te incomoda — Respondeu abrindo um sorrisinho — Vamos lá, General.

— São só coisas banais — Dei uma desculpa esfarrapada e ela me encarou desconfiada.

— Não me importo de ouvir — Falou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Eu… — Parei de falar pressionando os lábios. Como direi a ela que estou me apaixonando e estou inseguro pois não quero amar por dois?

— Você — Incentivou movendo as mãos.

— Nestha tem me provocado bastante nos últimos dias — Falei vendo suas expressões mudarem drasticamente — Ela só faz questão de lembrar que você nunca vai… Você sabe… Me aceitar.

Isso não é totalmente uma mentira.

— E você acredita nela? — Perguntou e eu me vi encurralado. Sinceramente, só estou piorando a situação.

— Eu não… Não sei, exatamente — Murmurei e Athena desviou o olhar — Ela não sabe das coisas que fazemos… Ou de como tudo está indo bem — Expliquei da melhor forma que conseguia — E ninguém pode dizer se você irá me aceitar ou não, é uma decisão completamente sua e eu não me importo de esperar.

— Por que quer me esperar? — Perguntou baixinho e eu sorri acariciando o dorso da sua mão.

— Porque eu quero te mostrar que você vale a pena — Respondi e ela me encarou atentamente. A garganta de Athena oscilou e um rubor se espalhou por suas bochechas, soltei uma risada fraca vendo-a encarar todos os cantos do quarto — Não precisa sentir vergonha, princesa.

— Não se ache por isso, é algo natural — Murmurou se jogando ao meu lado na cama, ri novamente quando ela escondeu o rosto no travesseiro — Me sinto tão cansada, boa noite.

— Eu já estou indo — Falei me levantando da cama, Athena ergueu a cabeça me encarando com o cenho franzido.

— Porque? — Perguntou e eu arquei a sobrancelha, Athena abriu e fechou a boca diversas vezes e as bochechas coraram novamente quando ela continuou: — Quero dizer… Você não precisa ir… Se não quiser… Você pode ficar… Não que eu me importe… Digo… Eu…

— Eu entendi — A interrompi abrindo um sorriso — Eu posso ficar aqui e te fazer companhia.

Deslizei pelos lençóis me deitando na cama e segurei seu pulso para que se aproximasse, Athena se deitou em meu peito tomando cuidado com minhas asas e se aconchegou abraçando minha cintura.

— Boa noite, General — Murmurou e eu sorri.

— Boa noite, princesa.

[✓]𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐞𝐦 𝐂𝐡𝐚𝐦𝐚𝐬| ᶜᵃˢˢᶦᵃⁿWhere stories live. Discover now