[✓]𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐞𝐦 𝐂𝐡𝐚𝐦𝐚𝐬| ᶜᵃˢˢᶦᵃⁿ

Capítulo 1

❦┊ATHENA

Bati três vezes na madeira desgastada da porta e esperei pacientemente até ouvir um entre abafado. Ao abrir a porta, encarei Wilmot por alguns segundos antes de entrar.

— Onde você estava? — Wilmot perguntou.

— Na minha casa...? — Respondi arqueando uma sobrancelha como se fosse óbvio.

— Você tem um trabalho, Athena — Ele me lembrou, me encarando seriamente.

— Eu sei. Como esqueceria? — Perguntei sem evitar o sarcasmo e ele se levantou.

— Você tem um novo alvo — Disse ignorando minha fala anterior e me entregou os papéis — Uma fêmea veio aqui atrás de seus serviços, ela quer que você mate o macho que a estuprou.

— Aqui diz que ele estuprou sete fêmeas e as matou em seguida — Murmurei sentindo a raiva consumir meu corpo — E três delas eram apenas crianças.

— Idiota. Nem pra fazer isso serve — Wilmot murmurou fingindo estar chateado — Se ele quisesse estuprar alguém, deveria fazer direito.

Fechei os olhos contando mentalmente até dez para não perder o controle e tentar matar esse imbecil.

— Quanto tempo eu tenho? — Perguntei o encarando sem nenhum tipo de emoção.

— Quatro dias — Respondeu se sentando novamente — Mas você fará em menos tempo.

— Trago a cabeça dele em doze horas — Falei me virando e saindo do escritório.

Eu me chamo Athena e sou uma assassina.

Bem sutil, eu sei.

Wilmot é um feiticeiro velho e poderoso, ele é aquele tipo de pessoa que tem tudo e pode dar tudo para todo mundo. O conheci quando tinha seis anos, ele foi até minha casa cobrar uma dívida com minha mãe e ela não tinha como pagar.

E adivinhem... Sobrou tudo pra mim.

Ela me deu a Wilmot como forma de pagamento e assim que ele botou os olhos em mim, eu soube que ele sabia o que eu era. E a partir daquele momento, minha vida se tornou um inferno.

— Oi, docinho! — Damon falou aparecendo do meu lado e colocando o braço ao redor do meu pescoço. Arqueei uma sobrancelha o encarando e ele se afastou com as mãos levantadas em sinal de rendição com um sorrisinho nos lábios — Está estressada?

— Tudo me estressa, Damon — Murmurei franzindo o nariz.

Conheci Damon quando cheguei aqui, ele é dez anos mais velho que eu e entrou pra essa vida por ter sido expulso de casa pelo próprio pai quando assumiu sua preferência por machos. Ele não tinha para onde ir, então pediu ajuda a Wilmot e também se tornou um assassino.

Ele é meu melhor amigo, Damon era uma das poucas pessoas que não tinha medo de mim. Seu jeito animado melhorava minimamente meu dia, mesmo nós dois estando no fim do poço.

— Tem algo para fazer mais tarde? — Perguntou se encostando na parede.

— Irei matar um estuprador de merda — Resmunguei lhe mostrando os papéis — Ele já vai para o inferno mesmo, só irei acelerar o processo.

— Quando você voltar, passa lá no meu quarto — Ele falou após soltar uma risadinha — Preciso te contar sobre a noite fantástica que eu tive.

— Claro — Concordei com a cabeça abrindo um pequeno sorriso e ele me abraçou alegre deixando um beijo estalado em minha bochecha.

Fiz um careta lhe dando um tapa fraco e ele se afastou.

— Até mais tarde, Athena, minha deusa! — Ele gritou e eu revirei os olhos acenando antes de voltar a caminhar pelo corredor em direção ao meu quarto.

Eu havia me acostumado com a presença de Damon, ele era o único do qual eu realmente confiava naquele lugar. Fui criada ao lado dele desde pequena, ele é como um irmão para mim e eu sei como ele se sente sozinho nesse lugar, então, sempre estou disposta a ouvi-lo tagarelar sobre suas incríveis noites e de como essa é a parte favorita de sua vida.

Assim que fechei a porta do meu quarto finalmente pude suspirar de satisfação ao abrir minhas asas.

Sim, eu tenho asas.

Minha mãe disse que eu as tinha por causa de meu pai, que era Illyriano, mas eu não tenho orelhas redondas iguais as dos outros guerreiros e minhas asas não tem nada a ver com as deles. Elas são grandes asas brancas bem delicadas e eu sei que elas são bem mais sensíveis do que as dos Illyrianos comuns. Minha mãe sempre dizia que eu era uma "raridade" e que eu não poderia mostrar minhas asas a ninguém, porque eles iriam querer arrancá-las de mim.

Eu acreditei nela. E nos meus 345 anos de vida, os únicos que as viram foram Damon e Wilmot.

Eu não morava na Corte Noturna, meus pais tinham uma cabana que ficava entre a Corte Diurna e a Crepuscular mas não era dentro de nenhuma das duas. Meu pai e minha mãe se separam quando ele descobriu que ela tinha me entregado a Wilmot e mesmo os dois sendo parceiros, meu pai começou a odiá-la e fez de tudo para conseguir me levar de volta para casa. Mas Wilmot não é alguém fácil de lidar e quando eu completei 16 anos ele matou meu pai, ele disse que ter afeto com parentes só me traria problemas e eu não conseguiria ser a assassina perfeita.

Eu não tinha família e não podia ter amigos. Nenhum amigo, além de Damon.

Comecei a tirar minha roupa enquanto andava em direção ao banheiro, eu encontraria aquele idiota o mais rápido possível e o faria sofrer por cada vida que ele tirou antes de matá-lo.

Depois de tomar um banho demorado vesti meu uniforme, ele era de couro preto com uma capa e capuz. Eu usava uma máscara para que ninguém visse meu rosto e visse apenas meus olhos, que sempre ficavam pretos quando eu usava minha magia, da qual eu não também não tenho muito conhecimento. Não sei o motivo de ter essa magia, mesmo procurando algo coerente a anos, nunca encontrava nada e provavelmente não encontraria.

Me olhei uma última vez no espelho e dei um pequeno sorriso antes de tampar o rosto e pular a janela.

Está na hora de pegar um ratinho.

Primeiro capítulo e eu já estou bem animada. Eu realmente espero que vocês gostem! Amanhã irei postar o segundo capítulo, beijinhos ✨