[LIVRO 1 DA TRILOGIA PHOENIX LOVE]
Crystal Müller tinha a vida perfeita. Corpo perfeito, família perfeita, namorado perfeito, beleza, popularidade e inteligência. Até que uma traição da pessoa mais inesperada a transforma em uma vadia fria, sem cora...
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CRYSTAL
Passo o dia todo pensando mais preocupada no meu relacionamento com David do que meu trabalho. Sei que estamos muito bem, melhor do que nunca, mas depois de tê-lo visto tão empolgado em ir visitar criancinhas doentes, eu não consigo parar de me sentir culpada e indigna de ser sua namorada. Ele é generoso, enquanto eu sou egoísta, egoísta ao ponto de não abrir mão da minhas convicções, nem mesmo por ele. Eu não posso lhe dar o sonho mais básico da maioria das pessoas: ter uma família. E ele realmente merece uma família grande, feliz e carinhosa que lhe dê todo o amor que deixou de receber. Eu jamais conseguiria. Detesto crianças, não gostava nem quando eu era uma.
Fico pensando que eu deveria ser altruísta pelo menos uma vez na vida e deixa-lo ir para ser feliz com outra pessoa, alguém que lhe seja capaz de proporcionar tudo que ele merece. Mas não consigo. Eu ainda sou egoísta em querê-lo para mim, pois sei que nunca ninguém vai me amar o tanto que ele me ama, um tanto que eu nem mereço.
É isso. Eu tenho que me provar digna do seu amor. Não para ele, porque David já me disse incontáveis vezes que me ama e me quer do jeito que eu sou, mas para mim mesma, para sentir que valho a pena um amor tão grande. Eu preciso compensar todos os buracos que causo, preenchendo-os com amor, todo o meu amor, demonstrando o que sinto com toda a intensidade. Ainda é um pouco difícil para mim, mas é algo muito mais tangível do que os títulos de esposa e mãe do ano.
***
Faz três dias que eu e David não nos encontramos pessoalmente, então vou aproveitar que hoje é sábado e saio mais cedo do estágio para passar o restante do dia com ele em sua casa. Ainda prefiro ficar lá do que na minha por conta da privacidade: o crápula do pai dele é praticamente uma visita, e Anneliese tem amigas, namorado e outras coisas para se ocupar. Não é que nem a minha casa que está cheia de gente o tempo todo, ou pelo menos, quase nunca vazia.
Nos três dias anteriores, eu e David conversamos mais por telefone, seja por mensagem ou chamada, e eu fiquei encantada com o brilho em seus olhos e a alegria que estava depois que ele saiu do hospital no dia do aniversário de sua mãe. Ele realmente herdou dela o dom com as crianças, acho que o admiro ainda mais por isso, por não ser esse tipo de pessoa. As fotos dele com as crianças e Anneliese ficaram adoráveis, os dois pintando o rosto delas com tintas, contando histórias, brincando e dançando... É esse tipo de realização que eu espero que ele sinta todos os dias, por isso torço tanto para que ele escolha a psicologia no fim das contas, pois é o que ele merece, se sentir bem ajudando as outras pessoas a se sentirem bem também.
No dia seguinte, quase mandei uma nude pela primeira vez, porém a minha vergonha falou mais alto e eu acabei desistindo, apenas fiquei atiçando meu namorado com a ideia. Sou ousada, mas ainda não nesse nível de intimidade, pelo menos por enquanto. E ontem, como dois idiotas que somos, ficamos tentando nos comunicar apenas usando emojis, o que foi muito engraçado, minhas risadas foram tão altas que até o meu pai veio ver do que eu tanto ria e ficou quase desacreditado de que era de uma coisa tão boba, mas foi bom para ele ver o quanto o nosso amor é puro, genuíno e simples. Nada de um relacionamento abusivo, tóxico ou manipulador com um cara babaca que me vê apenas como um objeto sexual como ele pensa que é, por acordar só agora e achar que eu ainda estou na fase rebelde dos meus quinze anos, que foi quando ele parou no tempo comigo.
