[LIVRO 1 DA TRILOGIA PHOENIX LOVE]
Crystal Müller tinha a vida perfeita. Corpo perfeito, família perfeita, namorado perfeito, beleza, popularidade e inteligência. Até que uma traição da pessoa mais inesperada a transforma em uma vadia fria, sem cora...
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CRYSTAL
As duas horas e meia do voo de Boston de volta para Chicago são as mais longas da minha vida. Tentei dormir durante o caminho para esquecer pelo menos por um tempo o que aconteceu nas últimas horas, mas deixei os meus antigos remédios para dormir em casa, já que pensei que não precisaria deles, como não estava precisando há um bom tempo. Sem contar a dor de cabeça infernal que me atormentou e fez parecer que meu crânio iria explodir a qualquer momento.
Ao chegar no aeroporto, pego logo as minhas malas e chamo um táxi para me levar até em casa. Não pedi para a minha mãe vir me buscar pois ela faria mil perguntas e eu não estou afim de responder nenhuma; Liam ainda está viajando com Anneliese, então meu irmão realmente não é uma opção, e Jasmine mora longe pra cacete daqui, portanto até ela vir me buscar, eu já morri de impaciência.
Quando chego em casa, deixo as minhas malas no hall de entrada mesmo e subo pelas escadas em direção ao meu quarto correndo, o que me arrependo logo em seguida, pois os saltos finos das minhas botas pretas fazem um baita barulho e com certeza vão vir me verificar, visto que eu nem mesmo avisei que estava voltando.
Deito na minha cama com as pernas encolhidas, mesmo com os sapatos, e volto a chorar incessantemente, ainda escondida atrás dos óculos escuros. O meu choro é alto e contorço o meu corpo cada vez mais à medida que a dor vai me penetrando mais profundamente.
Estou tão fechada dentro da minha bolha de agonia e sofrimento que nem percebo quando outro ser das trevas entra no meu quarto e se senta perto de mim, e só noto sua presença quando ela decide abrir a boca para falar.
- Crystal?! Crystal, o que você já está fazendo de volta? Achei que você só voltaria de viagem daqui a dois dias. O que aconteceu? Por que parece que você acabou de sair de um velório? – ela questiona parecendo realmente preocupada, mas não dou a mínima.
- Por quê? Só você pode andar toda de preto, Medusa? – rebato.
- Não, não é isso... você está mal, Crystal, eu estou vendo. Você... você está chorando? – ela indaga tirando os cabelos do meu rosto e afagando minha bochecha molhada, mas logo eu afasto sua mão de mim.
- Estou, estou chorando sim, porra. Eu sou capaz de chorar, caso você não saiba. – respondo ríspida para ver se ela se toca e sai daqui logo.
- Por quê, Belle? Você e o David brigaram? Conta para mim. – ela pede cautelosamente, sem se importar com a minha grosseria. E, caralho, garota, já cansei de te falar que não é para você me chamar assim!
Solto uma risada de deboche porque nem acredito que vou desabafar com essa cabeça de polvo. Que situação deplorável.
- Se a gente tivesse só brigado, eu estaria feliz, corvo fêmea. – respondo levantando meu corpo para me sentar. – O que aconteceu é algo muito maior e muito mais grave. – finalmente tiro os meus óculos de sol e a trevosa se assusta ao ver meus olhos inchados e minhas olheiras terríveis, ainda mais por ela não estar acostumada a me ver com a expressão tão horrível. – Isso afeta até você também, sabia? Eu sei que você continua apaixonada pelo David.
