[LIVRO 1 DA TRILOGIA PHOENIX LOVE]
Crystal Müller tinha a vida perfeita. Corpo perfeito, família perfeita, namorado perfeito, beleza, popularidade e inteligência. Até que uma traição da pessoa mais inesperada a transforma em uma vadia fria, sem cora...
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DAVID
Mais uma semana. Já fazem dez dias que eu estou aqui em Boston tentando arrumar um jeito de resolver a minha vida. Estou hospedado na casa de Jared todo esse tempo como ele havia sugerido, ou melhor, praticamente exigido e, pela primeira vez, presencio de perto a realidade da casa dele, que não é muito diferente da minha para falar a verdade. Se tivesse uma competição de qual pai é mais frio e distante, o meu pai e o sr. Campbell disputariam o pódio com força total. Isso me faz lembrar que no domingo passado meu pai realmente veio até Boston só para terminar de me humilhar mais um pouco e me bater tanto que ainda estou dolorido até hoje. Ah, o amor paternal.
Mantive um pequeno contato com Amanda esses dias, estritamente por educação, já que ela é a mãe do meu filho, me limitando apenas às frases "oi", "tudo bem?" e "estou aqui para qualquer coisa que você precisar", cortando-a toda vez que ela tentava iniciar um assunto comigo. Sei que posso parecer rude, mas não quero dar qualquer esperança a ela sobre uma reconciliação, até porque eu fiquei extremamente magoado ao saber que tudo isso foi planejado, porém estou aprendendo a lidar melhor com essa situação toda, inclusive amanhã irei com ela para a primeira consulta de pré-natal. Ainda não estou completamente confortável com isso, mas, ao menos, não estou mais tão desesperado quanto nos primeiros dias. Na verdade, estou até um pouco ansioso sobre isso, será que já vai dar para ouvir as batidas do coração? Deve ser emocionante ver o seu bebê na tela de um computador, saber que você foi um dos responsáveis por dar vida a um novo ser humano. Eu sempre quis ter filhos, obviamente não com essa idade, no entanto isso continua sendo tocante para mim, apesar das circunstâncias. Mesmo que eu não esteja com Amanda, espero ser para essa criança o pai que eu gostaria de ter tido e dar a ela todo o amor, cuidado, carinho e proteção que ela quiser e precisar. Jamais me permitiria cometer o mesmo erro do meu pai, pelo menos essa culpa eu não quero carregar comigo.
***
Levanto cedo, como de costume, e faço uma caminhada por alguns quarteirões para tentar me acalmar, já que eu acordei bem agitado por conta da consulta de Amanda mais tarde. Não imaginei que estaria tão nervoso por conta de uma simples consulta, entretanto minha ansiedade resolveu dar as caras hoje, derrubando totalmente a tranquilidade que eu tentei construir ao longo de todos esses dias. Não tem como isso ser terrível, não é? Eu não tenho com o que me preocupar.
Volto para a casa de Jared, tomo um banho rápido e me arrumo para sair. Pego um táxi, em vez do carro dele, apesar de ter feito questão de me emprestar, pois não estou me sentindo bem o suficiente para dirigir, e peço para o motorista me levar ao consultório. Respiro fundo assim que chego. Estou com uma sensação esquisita, da qual eu não consigo me livrar, mas continuo ignorando-a e desço do veículo.
Quando passo pela recepção, logo vejo Amanda sentada em uma das poltronas brancas, apreensiva. Ela se levanta e vem ao meu encontro no mesmo instante em que me vê, me abraçando quando me alcança, e eu, por algum motivo que eu nem sei dizer, permito; abraço-a de volta e dou um beijo no topo da sua cabeça.
