22.1 - Um novo deus

104 30 24
                                    

"Detecto assinaturas nucleares diversas, naves Borck estão surgindo nesse quadrante utilizando os portais THPE recém ativados. Sistemas de defesa Seth não podem ser ativados remotamente, será necessário a ativação e operação manual".

"Comandante detecto 4 naves Borck no sistema Pegasi se aproximando." - Cameron informou em tom de urgência.

– Falta quanto para energizarmos a perfuratriz?

"5 Minutos!"

...

Yuri carregava Daniele até o Sabre de Umada com ajuda do enfermeiro de campo Adson enquanto Mhatt'Ell correu para abrir a comporta de carga.

Yuri acomodou Daniele entre suas pernas e sentou no assento do piloto. Ativou os sistemas do Sabre, a poltrona tinha cheiro de algum animal morto, mas ele não percebeu o odor, estava preocupado com sua garota. Ativou os motores e fechou o canopi quase ao mesmo tempo, manobrou o Sabre desajeitado, acelerou para fora de Leviatã.

"Senhor Yuri Akimura, esta unidade pode salvar a senhorita Hunter mas precisarei do controle da sua aeronave". – Seth falava na fonia do Sabre.

– Seth, o que vai fazer? Preciso ir pra ala aeromédica, preciso colocar o corpo de Daniele em criogênese!

"Calculo uma chance de sucesso de 9% para seu plano, contra uma chance de 19% caso me autorize o controle de sua espaçonave".

– O que irá fazer Seth?

"A unidade de ressurreição Seth poderá integrar a senhorita Daniele Hunter ao sistema. O coletivo precisa de um comandante para as defesas de Olimpus, não temos pessoal qualificado para comandar a partir da estação militar Athena, mas a senhorita Hunter não teria outra escolha, se for entregue a unidade Ressurreição-Seth ela fará parte do coletivo, terá total controle de meu sistema, por ser uma piloto habilidosa, uma líder militar e visto que sua situação de saúde está crítica, ela se torna a melhor opção para essa posição".

– Mas não teremos como recuperar seu corpo, ela teria de viver na estação para sempre.

"Se ela for ligada aos aparelhos médicos da unidade Ressurreição–Seth ela só sobreviverá lá, quanto mais tempo a decisão demorar para ser tomada as chances diminuem".

– Seth. – Yuri não acreditava nas suas únicas opções, lágrimas já corriam em seu rosto a muito tempo, estava desesperado. – Guie-nos mais uma vez.

Yuri via tudo ocorrer a volta do canopi do Sabre, mas o mundo parou para ele, o tempo naquele momento havia congelado, ele sentia as respirações curtas de Daniele dificultadas pela debilidade de seu organismo, a cada respiração os pulmões dela enchiam-se de mais sangue. O sistema de sucção ativa dos drenos de tórax enchia-se aos poucos. Ele já tinha corrido 4 bolsas de fluidos através do acesso intraósseo. A morte de sua mulher era eminente, ele conhecia todos os riscos, ele pedia a todos os deuses que conhecia para não levarem Daniele, mas sua respiração ficava cada vez mais curta, seus lábios e dedos eram gelados e roxos. Cianose era um dos últimos sinais de morte próxima.

Um raio rompeu o espaço ao seu lado, era gigante, emergindo do centro da Akimura, um dos braços da espaçonave mineradora estava rompido e flutuava no espaço, corpos humanos flutuavam próximos a ela, Yuri não tinha percebido quando aquele dano tinha ocorrido, mas ela disparou sua perfuratriz como se fosse a primeira vez, o raio atingiu o centro de Leviatã e atravessou seu corpo, a nave contorceu-se.

Cameron gritava dentro da cabine do encouraçado, ela recrutava todo seu esforço naquele disparo, mas Yuri não estava lá para ouvir as vozes de seus companheiros. Para ele não existia o mundo fora daquele sabre, o seu mundo estava desmoronando dentro daquela cabine, lá fora o mundo congelou. Acontecia o que falavam sobre o tempo ser relativo, a nossa atenção e memória em situações de estresse registra cada segundo, o que torna o tempo aparente lento, diferente daquela noite na cabana, quando não queriam que a noite acabasse e tudo pareceu terminar tão rápido.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora