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– Comandante no Convés!

Shitiro Umada entrara na cúpula de comando, olhou cada um dos oficiais que ali ocupavam seus assentos novamente, era visível a mudança nos rostos de cada um deles após verem a morte perto. Ele sabia o que deveria falar.

– Por favor Reinaldo, abra a fonia da nave.

Reinaldo ativou os alto falantes da Akimura, em todos os monitores a mensagem "Alerta, Comandante falando" aparecia em destaque.

– O espaço contém belezas inigualáveis, escondidas sob a luz de estrelas distantes, em uma dessas estrelas nasceu a nossa civilização. A missão da Akimura é descobrir a nossa história. Nós viemos de uma estrela desconhecida, e para lá queremos voltar, essa é nossa principal missão. Contudo, sob a luz de Antares também aprendemos que o espaço esconde a morte, o espaço é perigoso, é feroz, quem quer conhecer as belezas do mundo deve enfrentar os perigos da vida, os perigos do espaço. A Akimura agora tem uma nova missão, proteger não só a história da raça humana, mas proteger toda uma galáxia. Nossa jornada continua, conheceremos mais mundos como Atlas e mais povos como os tritonianos. Os guerreiros que aqui nos defenderam e morreram ficarão em nossos corações, nos encherão de bravura, nos darão forças. Encontraremos novamente os Borck, e da próxima vez, os varreremos da galáxia.

– Espaçonave Mineradora Akimura. Para os tritonianos, Encouraçado Tritão Akimura. Preparem-se para a aceleração, lançamento em breve para a estrela Sírius.

A mensagem de alerta sumiu dos monitores. Shitiro se sentou em sua poltrona, ativou os cintos de segurança.

– Curso traçado para o túnel de hiperpropulsao espacial Antares-Sírius, tempo estimado, 2 horas. – Falou a Oficial de Navegação Cameron Lima.

Metade da tripulação estava na Cúpula de observação, a estrela gigante vermelha Antares podia ser vista eclipsado pelo planeta Atlas e suas duas luas, até as sombras dos planetas sumirem ao olho nu. Antares era tão massiva que mesmo após as 2 horas de aceleração e 6 bilhões de quilômetros do planeta Atlas ela ainda aparecia majestosa tingindo de vermelho o casco da Akimura.

A espaçonave mineradora rotacionava de frente para um portal de hiperpropulsão que se ativou assim que detectou a presença da nave. Era 3 vezes maior em diâmetro, uma gigantesca estação espacial em forma de túnel. Para o observador externo não era possível enxergar o final, a escuridão do espaço simplesmente engolia o fundo do túnel.

– Seth, inicie a ativação do hiperpropulsor. – Ordenou Honoldo.

Luzes e raios começaram a ser emitidos das bordas do túnel, o fundo do túnel desaparecia numa crescente escuridão que corria até sua abertura à medida que os anéis que o formavam iniciavam rotação. A nave Akimura vibrou toda sua estrutura e começou a ser aos poucos sugada. Seth acionou os propulsores reversos.

"O portal está ativado, os códigos de ativação funcionaram perfeitamente. O portal engole toda a matéria e energia que se aproxima, inclusive a luz, o efeito buraco de minhoca deve nos direcionar para o quadrante 8 horas, Caprica, no sistema estelar Sírius. Como esse é um sistema diferente de propulsão, a força gravitacional gerada é tão massiva que a dobra espacial gerada transporta qualquer corpo para outros pontos da galáxia em algumas semanas".

– Cameron, inicie a aproximação.

A espaçonave tremia toda sua estrutura, iniciou o movimento em direção ao THPE. Quando a ponta da nave entrou no túnel as estruturas estranhamente se alongavam e puxavam as estruturas do fundo da Akimura, a espaçonave adentrou completa instantaneamente. Através do observatório via-se um manto de luzes coloridas sobre as superfícies translúcidas da espaçonave, os tripulantes se libertavam dos cintos de segurança e observavam atônitos o show energético da viagem mais rápida que a luz.

Daniele lembrou a primeira vez que viajou nessa velocidade, dentro da Semeadora-Seth. Mowren estava ao seu lado, com seu jeito brincalhão, seu otimismo. Ela havia mudado após seu primeiro acidente, era incapaz de chorar a perda de outro colega de esquadrão depois de Donavan, podia lembrar do rosto do colega à deriva no espaço.

Mesmo assim ficava profundamente triste, a morte era uma entidade que convivia ao seu lado a muito tempo, mas quem não viu a morte de perto que atire a primeira pedra, todos temos uma história para contar. O problema é que ela tinha muitas. Temia ficar depressiva.

Ela caminhou em direção ao seu dormitório. Precisava de um banho, quando iniciou o caminhar notou que sua perna doía, não a sua perna de verdade, mas sim aquela que não existia mais. Lembrou que não tomava seu analgésico a alguns dias.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora