1.2

836 86 137
                                    

– Continuando

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

– Continuando... um homem, viajante espacial, se exposto ao ambiente de vácuo sem proteção de um traje apropriado pode sofrer descompressão súbita, também conhecida como doença descompressiva, mal de descompressão, ou como era chamado na era não espacial, doença dos mergulhadores, pois já era descrita em pessoas que retornavam de mergulhos profundos imediatamente para a superfície sem um devido preparo antes de emergir.

– Segundo a já conhecida lei de Henry. Gases como o oxigênio, dissolvidos na corrente sanguínea, voltam ao seu estado gasoso por ação da pressão negativa fora do corpo. Gerando microbolhas que atuam rompendo vasos, causando embolias e enfisema subcutâneo. Gases remanescentes dos bronquíolos podem causar barotrauma por descompressão. Além disso as baixas temperaturas e evaporação rápida da transpiração causaria um congelamento da superfície corporal e raios cósmicos provenientes de uma estrela próxima poderiam matar por efeito da radiação, dependendo do nível de exposição. Claro que o viajante morreria de descompressão mais rapidamente do que por outros motivos.

– Esses sinais seriam percebidos em uma exposição ao vácuo de poucos segundos. Sendo raro os casos em que teríamos a chance de tratar de um trauma desse tipo. Entretanto, após o surgimento dos nanobots, já existiram casos de pessoas que sobreviveram mesmo após 20 minutos de exposição ao espaço. Os nanobots podem manter um viajante vivo dando suporte ativo dentro da corrente sanguínea, reduzindo quimicamente eventuais microbolhas gasosas, dando suporte a traumas pulmonares e em outros órgãos alvos.

– Professor – Levantou o braço um dos alunos.

– Sim Doutor. Fale. – Ele franziu a testa, odiava interrupções dos alunos no meio de uma explicação, contudo odiava mais ainda quando estava tocando naquele assunto. Porque sabia do que se tratava a pergunta que viria a seguir.

– O senhor pode nos falar mais sobre suas pesquisas com nanobots?

Essa pergunta sempre deixava o Professor Yuri Akimura desconfortável. Porém não adiantava fugir, era um assunto muito mais interessante do que sua disciplina de medicina aeroespacial.

A medicina evoluiu em ritmo acelerado desde o fim da Guerra das Colônias. Juntamente com a nano robótica produziram os primeiros nanobots – robôs em escala atômica auto replicantes, que realizavam renovação celular, curavam doenças antes dos primeiros sintomas aparecerem. A expectativa de vida do ser humano dobrou com a chegada da era androide, passando de cerca de 85 anos para quase 200 anos. Os modelos mais recentes já se auto transmitem de mãe para feto, ou através do sêmem por via sexual, de forma que as crianças da nova geração não terão necessidade de implante de nanobots.

Ele sempre procurou não comentar, abandonou a pesquisa e a disciplina que lecionava sobre o assunto há 4 anos, desde a infeliz tragédia. Yuri pesquisava junto de sua esposa a também médica Dra. Beatrice na Escola de Medicina da Universidade de Onix, o uso de nanobots na área militar, aprimorando reflexos, força e agilidade de soldados. O projeto foi abandonado quando os nano robôs modificados de sua falecida esposa entraram em pane e atacaram o seu útero quando identificaram células com DNA diferente como potenciais células invasoras.

– Há 4 anos atrás perdi minha mulher e um filho que não sabíamos existir num acidente científico fatal. Talvez a mais triste tragédia que essa universidade já viu. Aprendi uma lição. Um humano não pode brincar de ser Deus.

O sinal de término do tempo de aula tocou e uma mensagem pairava no quadro, "Término de aula".

Yuri deu as costas para a turma.

– Inventário. – Seu inventário abriu, uma janela pairava ao seu ponto de vista, selecionou os teleportes e clicou sobre eles.

– Dark Star Pub.

Viu um flash que ofuscou a vista por 1 segundo e materializou seu avatar em um pub onde uma banda estava tocando música de antigas bandas de rock. Yuri se aproximou do bar.

– Scotch por favor. Double.

– Sim senhor. – O barman pegou uma garrafa atrás do balcão e serviu um copo com duas doses de Whisky, pairou no ar a mensagem "–20 Ncréditos".

Yuri não estava lidando muito bem com a morte de sua esposa, há 4 anos vinha aumentando o consumo de bebidas alcoólicas, frequência em bares e machucados causados por brigas no fim de algumas noites onde acabava perdendo o controle da diversão. E a frequência desses fatos vinha aumentando a cada fim de semana.

Tomou a dose dupla em 3 goles, bateu o copo na mesa.

– Mais duas, garçom.

– É pra já. – Disse o barman, e preparou outra dose dupla deixando sobre a mesa.

Yuri olhou por cima do copo por todo o salão, pessoas se divertiam, consumiam drogas virtuais e bebidas. Séculos atrás esse tipo de estabelecimento seria inimaginável, aquele era o melhor pub do subúrbio da simulação Onix na neuronet. No mundo virtual o álcool e certas drogas causavam euforia e efeitos alucinógenos tão eficazes quanto drogas químicas no mundo real, a simulação era quase perfeita, podia sentir o sabor, textura e cheiro das coisas, tudo chegava ao seu corpo através de estímulos elétricos disparados por um complexo sistema de eletrodos em locais específicos de sua cabeça e pescoço e implantes sintetizados em seu sistema nervoso por nanobots presentes em seu sangue. Claro que aquelas drogas mais pesadas não eram autorizadas pela Aliança, hackers conseguiam contrabandear códigos maliciosos em forma de itens consumíveis comuns, como maçãs e vendiam por uma fortuna de Ncréditos.

Notou uma jovem no outro lado do bar americano, o garçom servia seu copo com o mesmo Whisky que ele bebia. Ela transparecia a mesma decepção com o mundo, tão cabisbaixa quanto Yuri aquela noite, entretanto não deixava de transparecer sua beleza. Era alta, branca dos cabelos negros levemente ondulados, olhos expressivos, castanhos, cor de mel. Usava um vestido longo e negro, colado no corpo.

Quando terminou o segundo drink, olhou novamente e a jovem não estava mais lá. Perdeu a chance de aproximar-se, no entanto ele não se importava. "Tudo bem, o destino sabe o que faz, não estava escrito nas estrelas dessa vez". Aquele dia era sobre ele e seus pensamentos.

Ele realmente acreditava num destino traçado. Decidiu nos últimos meses que iria colocar seu estado psicológico nos trilhos novamente ou morreria de vez. Após inúmeros convites de seu antigo comandante Shitiro Umada ele alistou-se na Akimura, não em busca de aventuras como a maioria dos jovens, ou por exílio judicial. Alistou-se por redenção, em busca de um recomeço.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora