11.2

172 35 66
                                    

Nos painéis transparentes dos corredores da espaçonave mineradora a mensagem "Akimura em Alerta" se repetia com dados resumidos da missão.

Pessoas corriam nos corredores, alguns carregando painéis transparentes, outros carregavam hurricanes.

No batalhão de infantaria, dividiram as tropas Maia, Esparta e Viking, os 36 fuzileiros tritonianos entraram em forma 12 em cada pelotão que já contavam com 15 fuzileiros humanos com armaduras de combate completas. Os líderes a frente da tropa, Nairo Kaezar, Helton Krisp, Masoto e o líder trinoniano Mhatt'Ell.

– Atenção tropa, estamos em alerta, ao sinal todos embarcarão nos transportadores. – O comandante Helton Krisp chegava a cuspir enquanto gritava – Os malucos dos Sabres vão furar aquela nave Borck e como o infante é mais maluco ainda, vamos entrar pelos buracos e furá-los de dentro pra fora!

Urraram todos dos fuzileiros juntos.

– Você confia nesses tritonianos? – Discretamente Masoto chamou Nairo Kaezar no canto. – Estão entrando com espadas, tridentes e fuzis com munição de projéteis, podemos confiar num bando de primitivos lutando ao nosso lado?

– Você precisava escutar a imperatriz deles falando Masoto, era de arrepiar. Confie no líder deles, eles são honrados, lutam por amor a ela e ao planeta deles.

– Ouvi falar que podem influenciar pessoas com uso de feromônios. Cuidado, preste atenção se algum soldado se comportar de forma estranha. Eu não me sinto bem lutando a guerra dos outros, muito menos se for sobre influência química.

– Não é a guerra dos tritonianos, é a guerra de todos nós. É nosso dever pacificar a galáxia, se esses Borck realmente exterminaram a raça humana eles são o nosso pior inimigo.

– Como você tem certeza que eles eliminaram a raça humana? Como sabe que esse Seth é mesmo uma criação humana? E se esse for um interesse daquela inteligência artificial e eles estão nos guiando em direção à guerra? Estamos seguindo as trilhas formadas por migalhas deixadas por uma máquina, tudo parece muito real e utópico ao mesmo tempo. Preste atenção Kaezar, talvez estejamos sendo influenciados.

Nairo Kaezar sempre considerava extremistas as ideias do Capitão Masoto, mas não podia negar que ele estava certo, nada daquilo parecia concreto, os humanos estavam progredindo no espaço guiados por uma esperança e fé em uma máquina que sabia exatamente como eles pensavam.

– Venceremos a batalha agora meu companheiro e discutiremos os próximos passos depois. – Falou Nairo dando um soco no ombro de Masoto – levaremos nossas preocupações para o comando após queimarmos essa nave Borck.

– Concordo, vamos explodir esses desgraçados. – Apesar de odiar as decisões do conselho, Masoto tinha sede de sangue e esperava ansioso o momento que poderia puxar o gatilho de seu fuzil hurricane de novo. Questões políticas poderiam esperar.

...

Rick Gonzalez, o líder sabre da esquadrilha flecha, era um piloto gigante, usava uma barba que dava a ele feições de um lenhador, cabelos grisalhos, possuía tatuagens que cobriam os ombros e braços, com cenários de guerras espaciais, sabres e caveiras. Apagou o charuto que fumava sempre antes de uma grande batalha no cinzeiro sobre o braço da poltrona, se levantou e tropeçou na mesa de centro da sala quebrando a superfície de vidro, no susto esbarrou no cinzeiro espalhando as cinzas do charuto pelo chão.

– Porra, quem botou esse centro aqui!? – Ficou visivelmente irritado, mas ele sabia que o centro estava ali a meses. Ele costumava não calcular bem seus movimentos – Onde está o meu capacete porra!?

Gonzalez não comandava bem o seu corpo, mas dentro de um Sabre ele se movia como ninguém. É como se o Sabre fosse seu corpo real e ao sair dele estava pilotando um humano.

– Senhor, está na cabine do seu sabre, o senhor deixou lá. – Respondeu o sargento que o acompanhava.

– Certo os outros pilotos já estão prontos?

– Sim senhor, dentro dos Sabres e prontos para fatiar!

...

– Seja bem-vinda a cúpula de comando – Falava Umada fazendo uma larga reverência à embaixatriz Alih'Ell.

– Saudações a todos. Obrigado por me receberem.

Todos os oficiais da cúpula se levantaram e reverenciaram a embaixatriz assim que ela entrou no convés.

Mais uma vez Shitiro sentia que um grande perigo se aproximava, ele detestava aquela sensação, um vazio e um aperto dentro do peito começava a sufoca-lo e ele sabia que aquilo tendia a piorar. Suas mãos começaram a suar.

– Sinto uma tensão no senhor comandante, algo está errado? – Falou a embaixatriz encarando o Comandante.

Shitiro segurou as mãos para que não começassem a tremer.

– Me perdoe Alih'Ell, preciso fazer uma oração antes da batalha, com sua licença irei aos meus aposentos e retorno em seguida.

– Fique à vontade Comandante.

Shitiro Umada se dirigiu para seus aposentos ao fundo, trancou a porta e caiu sobre ela. Uma lagrima escorria dos seus olhos. Ele sabia que quanto mais usasse mais frequentemente seu corpo iria pedir, não sabia quanto tempo iria aguentar, o sentimento de desespero, o vazio. Ele precisava voltar para Onix, sabia que precisava de reabilitação, mas a sua filha precisava dele ali, a humanidade precisava dele ali.

Levou a mão tremula sobre os olhos, enxugou as lágrimas e se pôs de pé. Olhou pelo observatório do seu quarto com a iluminação apagada podia ver todo um firmamento estrelado. Puxou a maleta de baixo de sua cama, preparou a areia de fogo e inalou. Por alguns segundos sua visão ficara turva, tudo rodopiava e ele sentia seus pulmões arderem em chamas. Seguiu-se um relaxamento segundos depois. Seus pulmões se expandiam mais do que antes, seu raciocínio voltou ao normal. Era um novo homem, até tudo desmoronar novamente.

O monitor do seu aposento se iluminou e a frase que surgiu disparou o seu coração.

"Akimura em Alerta"

– Comandante! Contato confirmado! – Ele ouviu a voz de Gabriel Kaezar.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora