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Durante o translado de 9 anos os tripulantes ocupavam criopods individuais na seção de criogenia. A invenção dos criopods foi um dos avanços mais significativos para a expansão espacial, a primeira viagem para Nexus durou pouco mais de 37 anos devido à rudimentares propulsores de fusão nuclear, hoje já tinham mais que quadruplicado a velocidade dos motores, além de trocarem os materiais mais pesados por ligas metálicas ultraleves e resistentes, elásticas, diminuindo o volume de peças da mecânica, computadorizando e automatizando todos os sistemas das espaçonaves.

A criogenia veio ao mundo como um desejo de fugir da morte. Injetavam um fluido crio ativo que modificava o plasma sanguíneo de forma que reduzia seu ponto de fusão para -180º Célsius, o maior problema era a energia gasta para o congelamento, por isso os criopods funcionavam melhor no espaço, onde a temperatura já era muito baixa, atingindo cerca de -270º Célsius, ou próximo ao zero absoluto, os criopods apenas utilizavam menos os sistemas aquecedores da espaçonave.

Com o corpo na iminência do congelamento todos os sistemas orgânicos diminuíam sua atividade para quase zero fisiologicamente, drogas anestésicas mantinham o coma, porém o sistema nervoso ainda atuava, era aí que a neuronet entrava em ação.

Com toda certeza, depois dos propulsores, e da criogenia, outro grande salto foi a união da criogenia e da neuronet. As pessoas que tinham mais créditos sobrando entravam em criogenia em estações espaciais conhecidas como Graveyards, quando sentiam que estavam próximos da morte, e passavam a viver na neuronet, um paraíso onde seriam jovens para sempre, ou até seus sistemas nervosos sucumbirem no espaço, o que demorava cerca de 300 anos.

Essa união representou um avanço significativo para viagens espaciais. As pessoas não passavam mais o tempo de viagem em hibernação, poderiam viver no ambiente virtual, trabalhar, interagir com os sistemas online da nave e visitar seus parentes em solo, tudo através do ambiente virtual sem envelhecer seu corpo que mantinha-se dentro de um criopod. Mas mesmo com todo esse avanço sempre existiam aqueles que preferiam dormir.

No dia seguinte ela acordou ressacada, estava familiarizada com aquela sensação desagradável. A esquerda da visão de Daniele surgiu a mensagem de notificação "Novo cargo atribuído, Líder Sabre, Esquadrilha Grifo".

A direita da visão de Daniele o quadro de tarefas surgiu:

"Quest log: 1. Conhecer os membros da Esquadrilha Grifo. 2. Criar a escala de pilotos de alerta e submeter ao Oficial de Defesa. 3. Conselho operacional de defesa em 20 dias".

Ela pensara em fazer uma refeição, mas as náuseas a impediam de pensar direito. Preferiu ir direto ao trabalho após a ducha.

– Me mostre a direção para o esquadrão de caça.

Daniele seguiu as orientações até chegar numa porta próximo ao convés de carga, estava ansiosa ao mesmo tempo que crescia seu terror. Adquiriu o pavor ao voo depois do acidente, não poderia acreditar na função recém atribuída, ela acreditava que não era digna de ser líder de coisa alguma.

Ao adentrar, um imenso espaço porto estava a sua frente, com diversos mecânicos trabalhando e nada menos do que 12 caças Sabre em posição, pareciam nunca ter sido usados, todos pretos, invisíveis no espaço. Foi a visão mais deslumbrante que Daniele teve nos últimos anos, achara por um momento que nunca mais veria um caça Sabre de perto, e ali estava ela, líder de uma esquadrilha e perfeitamente equipada.

Ela correu pelo salão olhando os caças de perto e enquanto passava os mecânicos assumiam posição de sentido e prestavam-lhe continências. Era incrível, saira de Raven sem esperanças de um futuro melhor e se deparava com um pátio familiar ali dentro da Akimura.

– Sargento, tem ideia de quando vamos poder pilotar essas belezinhas? – Daniele perguntou tentando demonstrar entusiasmo, estava feliz e aterrorizada ao mesmo tempo.

– Não senhora, esses caças só podem ser ativados remotamente, ou seja, tem de ser atribuída uma missão pelo Oficial de Defesa. Mas por enquanto acredito que os senhores pilotos irão fazer missões de treinamento virtual na neuronet, os sistemas desses Sabre foram todos atualizados, os aviônicos são muito modernos.

– A virtualização de missões nunca vai ser a mesma coisa de uma missão real. Obrigado Sargento. – Daniele respondeu a continência do mecânico, compreendia que apesar da necessidade de formar pilotos em ambiente virtual, ela mesmo não esteve preparada para o terror que passou na guerra. Deu meia volta e saiu para sua sala no primeiro andar do convés.

– Quem é o piloto mais antigo atribuído ao Grifo? – Perguntou ao assistente pessoal.

"A senhora Daniele Hunter".

– Eu quero dizer depois de mim idiota.

"Desculpe senhora, sou apenas um assistente pessoal. O Piloto mais antigo após a senhora é o Capitão Victor Mowren".

– Ligue me com ele.

Uma janela apareceu flutuando em seu ponto de vista com o rosto de um rapaz caucasiano, com músculos que apareciam sob o uniforme, com muito poucos cabelos ele exibia um sorriso no rosto e encontrava-se aos pulos em frente a um caça Sabre.

– Desculpe Líder Daniele – o rapaz se colocou em sentido e prestou continência – não notei que era a senhora, estava vibrando com essa descoberta, eu não sabia que tínhamos caças Sabre a bordo. – Gritou com empolgação, era contagiante a vibração do capitão Mowren.

– Sei muito bem do que o senhor está falando Capitão, dispense as formalidades comigo. Também estou animada. Estou te cantando uma missão, o senhor será o escalante. Faça uma escala de pilotos de alerta e submeta ao Oficial de Defesa.

– Sim senhora! – Ser o escalante era uma das piores tarefas de um esquadrão, mas o jovem piloto parecia estranhamente animado demais quando a vídeo conferência se fechou.

"Notificação: Tarefa 'Criar a escala de pilotos de alerta e submeter ao Oficial de Defesa' Delegada para terceiros".

Ela olhava pela janela daquela pequena sala, via uma lâmina sabre sendo transportada e vários rapazes da mecânica comandando o guincho que a prendia. O balançar daquela lâmina no ar ativou sua memória como um flash, ela olhava seu corpo e estava coberto em sangue, no espaço em volta via gotículas de sangue flutuando, sua perna não estava lá. Sentia dificuldades para respirar, tossiu e o vidro do capacete tingiu de vermelho. Olhava em volta e via pedaços de corpos de crianças flutuando no espaço, outro sabre destruído e um corpo usando armaduras de batalha, em sua visão piscava"Cap. Donavan. Sem sinais vitais".

A garota gritou desesperada, mal conseguia respirar, estava em pânico.

– Rápido! Chamem a aeromédica! – Um mecânico gritou.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang