12.2

146 31 23
                                    


O homem acordou com o alarme da nave soando, aquilo só podia significar uma coisa, era um ataque. Olhou em volta sua esposa não tinha voltado do turno de alerta ainda, se levantou em um pulo e vestiu o uniforme da aliança.

Ao abrir a porta do dormitório, congelou com a cena, era um pandemônio. Pessoas andavam pelos corredores ensanguentadas, ele escutava explosões e tiros ao longe. Correu em direção ao esquadrão de caça.

- O que está acontecendo? - Perguntou mais de uma vez aos militares que com ele cruzavam correndo e não lhe davam atenção, ou estavam feridos demais para preocuparem-se com os outros.

- Tenente Umada, precisam de mais pilotos no esquadrão! - Falou o mecânico que esbarrou com ele no corredor, Sargento Maia.

- O que está acontecendo Maia?

- Piratas! Vieram saquear o urânio!

Era mesmo esperado, todos os treinamentos anti terrorismo eram simulações de ataques piratas. Mas aquelas usinas da aliança eram muito bem protegidas, pelo menos eles acreditavam que eram.

Mais uma explosão perto deles e um rompimento no casco de cerca de 1 metro sugou duas pessoas da sala ao lado para o espaço. Shitiro e Maia se seguraram nas estruturas por 15 segundos até a sala violada ser selada pela porta automática.

- Onde está a Tenente Júlia? - Perguntou o jovem Umada preocupado enquanto ajudava Maia a se erguer.

- Sua esposa estava em alerta, foi a primeira a decolar no Sabre. Não sei o que ocorreu depois.

Shitiro largou o sargento ali e voltou a correr. O esquadrão ficava a dois corredores daquele local. Os Sabres estavam todos no espaço, visualizou o radar, podia ver várias espaçonaves em ação, a da sua esposa ainda batalhava próximo dali. Olhou pelos observatórios e identificou a espaçonave, estava sendo perseguida por um caça pirata, claramente uma sucata de guerras passadas que foi restaurado, mas o piloto era muito habilidoso, o que compensava as limitações daquela máquina.

Por um minuto achou que ela atingiria seu oponente, mas aconteceu mais rápido do que ele conseguia acompanhar. O caça inimigo fez uma manobra brusca e Júlia não teve tempo de desviar, colidiram no espaço. A piloto foi ejetada automaticamente, estava à deriva.

Shitiro correu para o convés de vácuo, vestiu um traje espacial, uma armadura de combate com jatos, pegou uma hurricane e apertou o botão de despressurização e abertura de comportas. Um zumbido alto e ele foi ejetado no espaço, procurou através do visor do capacete o cursor indicando "Ten. Júlia". Ativou os jatos e aumentou sua velocidade em direção à militar.

Os jatos guiavam a armadura para o ponto demarcado como destino no assistente pessoal de Umada, ele rezava baixinho pedindo ajuda divina pela vida de sua esposa. Em sua visão contava os metros para o destino, sua ansiedade aumentava e sua frequência cardíaca subia.

- Tenente Júlia você me escuta? - Falou na fonia. - Tenente Júlia, responda! - Gritou mais alto.

O corpo de Júlia não se mexia, continuava descrevendo um movimento de rotação à deriva após a ejeção. Alcançou o corpo, Umada pegou-a pelos braços, seu capacete trincado, seus lábios congelaram, pele pálida e uma mensagem no visor dela "Atenção, usuário sem sinais vitais, necessita de cuidados médicos imediatos". Umada comandou o destino a comporta por onde se lançou ao espaço e ativou os propulsores da armadura, voltou para a nave o mais rápido que pode.

- Solicito equipe de emergência, piloto ferida no convés de despressurização! - Repetia a mensagem no canal de emergência gritando desesperado.

A equipe estava a postos assim que pressurizou o convés, removeram a piloto Júlia numa maca para a seção Aeromédica. Iniciaram os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar, fecharam as cortinas, Umada desabou, não podia mais ver nada, apenas rezar.

- O que aconteceu? O que houve com minha esposa? - Umada perguntou aos prantos ao enfermeiro de campo que saiu da sala de emergência 1 hora depois que ela entrou.

- Senhor, ela apresentou diversos focos de hemorragia, foi o que a levou a um choque hipovolêmico, acontece quando perdemos muito sangue. Isso aconteceu imediatamente após o impacto, além disso a despressurização do traje levou à perda de oxigênio e queda brusca de temperatura. Infelizmente sua esposa não resistiu, nem mesmo os nanobots conseguiriam mantê-la viva por tanto tempo à deriva no espaço nessas condições.

Através do espelho do corredor ele podia ver o corpo de sua mulher numa cama, monitores ilustravam diversos gráficos e dados de saúde indicando sua morte.

Umada se segurou na parede, via o mundo girar e novamente se pós a chorar, soluçava. O enfermeiro segurou seu ombro.

- Entretanto ainda tenho uma boa notícia. Conseguimos realizar o parto. Sua filha está viva.

- Filha!?

Num suspiro profundo e repentino Shitiro acordou. Se levantou na sala vazia onde só via luz e a frase "Faça Logon". A entrada na neuronet para ele ultimamente tem sido cada dia mais traumática, não é como se antes fosse tranquila, mas a experiência não tem sido das melhores. Falou sua frase de acesso e a sala se desmaterializou.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora