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"Diazepam, 1cc, endovenoso".

"Alguém segure ela, ela está debatendo".

"Essa é a líder grifo?"

"Dizem que serviu na guerra e sofria de depressão".

"Está acordando".

– O que houve?

– Olá senhora Hunter, me chamo Adson Johnson, sou enfermeiro de campo. A senhorita teve uma crise de pânico. Foi encontrada por estes senhores em estado de pavor, sente-se bem?

– Sim. – Ela sentia-se tonta e incomodada com o número de pessoas em volta. Ainda estava na mesma sala sendo atendida por uma equipe móvel de emergência.

– Toma alguma medicação? Tem alguma doença?

– Fiz uma cirurgia ortopédica e uma laparotomia há alguns meses, faço uso apenas de analgésicos. – Mentiu, ela não podia comentar sobre os remédios para dormir.

– Lembra o que aconteceu?

– Sim. Eu... acho que algo me fez lembrar meu acidente e eu desmaiei.

– Ok. – O garoto anotava tudo numa prancheta. – Está sentindo algo? Tipo dor, tontura, calafrios, náuseas?

– Não, acho que... agora estou bem.

– É recomendável que a senhora procure um médico ou um psicólogo nos próximos dias. Pode ser de grande ajuda. Devido a sua função nessa missão serei obrigado a reportar a sua condição clínica ao oficial de defesa e provavelmente será necessário uma atenção maior à sua saúde.

– Obrigado Adson, mas acho que estou bem agora. Não será necessário tanta atenção assim, eu vou ficar bem.

– Só preciso que coloque seu polegar aqui para terminarmos nosso atendimento. – Ele estendeu uma prancheta, ela colocou o polegar e o sistema identificou sua digital, assinando digitalmente o documento. – Obrigado senhorita Hunter, tenha um bom dia e melhoras.

Daniele levantou-se, metade dos curiosos tinham se dispersado quando observaram que não havia nada mais de interessante.

– Líder, a senhora está mesmo bem? – Perguntou Mowren que chegara correndo quando soube do ocorrido.

– Sim, acho que pode ter sido culpa da bebida de ontem, ainda estou de ressaca. – Mentiu de novo – Vou me aprontar para começarmos os treinamentos.

Ela deixou o piloto sozinho sem dar margem para mais conversa e apressou o passo para entrar na criogenia, queria logo começar os treinamentos com o esquadrão. Talvez enfrentar aqueles medos de frente fosse a solução.

No passado os pilotos treinavam desde pilotagem básica, a formações de ataque, e resolução de panes, tudo tendo que organizar escalas de voo, dependendo sempre da disponibilidade de aeronaves, queimando combustíveis caros e gastando a vida útil daquelas máquinas. Gastava-se fortunas de dinheiro na formação de um piloto de caça espacial, esse mesmo dinheiro poderia formar mais de 100 médicos, ou construir um hospital ou até 5 escolas fundamentais. Hoje em dia com advento da realidade virtual, tudo era perfeitamente simulado por computador, inclusive as escolas fundamentais. Era como estar vivo num mundo igual ao seu, porém onde você não pode morrer.

Claro que isso tinha suas desvantagens. Por mais que parecesse aquele não era o mundo real, e se você olhasse de perto poderia notar os detalhes, como objetos mal renderizados, ou locais do planeta virtual onde a física funcionava de maneira estranha. Pilotos mais velhos – os chamados respeitosamente pelos mais novos de old Eagles – criticavam os mais novos "formados em videogames", como referiam-se a nova geração. Não tinham a experiência do terror do campo de batalha.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora