19.3

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A Aliança fez valer seus acordos de paz e cooperação militar no sistema Antares, solicitou reforços de caças Falcon e tropas de fuzileiros tritonianos para localizar a estação de pesquisa criminosa proveniente de Nexus e capturar os bandidos incluindo o ex-comandante da Akimura Contra-Almirante Shitiro Umada.

Os modernizados fuzileiros tritonianos desembarcaram 1 dia depois do pedido de cooperação no planeta congelado Godra, o sexto planeta do sistema, longe dos radares tritonianos. Naves Falcon também completamente modernizadas com tecnologia da Aliança sobrevoavam o espaço de Godra prevenindo qualquer perigo.

Desembarcaram num deserto congelado, no gélido planeta cerca de 50 km da localização exata da base inimiga, as tropas saiam em 2 carros preparados para infiltração em qualquer terreno.

– Quanto tempo para interceptação? – O Tritão Azag'All comandava a tropa pessoalmente, era uma honra para o velho guerreiro atender um pedido humano depois de tudo que fizeram por sua raça.

– Trinta minutos senhor! – Respondeu um dos fuzileiros tritonianos, erguendo a voz para ser ouvido devido ao barulho do motor do carro rover.

– Fuzis em punho soldados. Não sabemos o que nos espera.

Os rovers venciam facilmente aqueles terrenos e montanhas congeladas daquele planeta, tinham motores com propulsores traseiros caso necessitasse de um empuxo numa subida, tração nas 6 rodas, flutuação para avanço por água e claro uma metralhadora blaster nos fundos. Era o veículo militar perfeito, corria a 100 km por hora nas dunas de gelo branco azuladas do planeta, a estrela vermelha Antares aparecia ao longe, diminuta no céu desprovido de atmosfera de Godra.

Os radares do rover detectaram uma construção artificial emitindo sinais de calor a pouca distância, por trás das próximas dunas. Os tritonianos pararam os rovers a poucos metros e avançavam a pé até o topo da duna que se erguia a frente. Ativaram zoom óptico dos fuzis e observaram a construção sem janelas que se erguia no vale. Não parecia ser protegida por nenhum sistema de vigilância, nem mesmo soldados do lado de fora, não era iluminada.

– Muito estranho, humanos não trabalhariam na escuridão. Não são adaptados como os tritonianos a luz de Antares. – Falou o jovem fuzileiro tritoniano a frente.

De fato, Tritonianos tinham grandes olhos, suas pupilas na escuridão quase total se abriam completamente e sua retina era adaptada para captar mínimas emissões luminosas tanto nas profundezas dos oceanos de Atlas quanto sob a luz vermelha de Antares, dessa forma aquela falta de luz não era problema para eles.

– Vamos avançar, sejam cautelosos. – Ordenou Azag'All iniciando seu fuzil.

O grupo avançou até a construção sem problemas, procuraram a porta de entrada, abriram e adentraram a antessala de descompressão. Um comando e a sala foi infundida com ar. Estavam em ambiente respirável, mas era protocolo não retirarem as máscaras e respiradores das guelras, o ar podia ser contaminado. Avançaram por um corredor que descia, estranhamente os corredores tinham pouca iluminação igual ao lado de fora. Papeis estavam jogados no chão, vidraçaria de laboratório quebrados, computadores estavam ligados, outros desconectados das tomadas, o lugar havia sido evacuado às pressas.

Vasculharam as salas até um salão onde as paredes eram vermelhas, o Tritão Azag'All escutava uma pulsação ao fundo, parecia que alguém estava vivo naquele lugar. Ele fez sinal de silencio para três soldados que o seguiam de perto, pediu para que o acompanhassem e avançou a pequenos passos em direção a uma sala mais vermelha escura.

Tocou aquela parede, era viscosa, quente, a pulsação ficava mais forte à medida que avançavam. Abriram a última porta do corredor.

– Parado, mãos ao alto. – Gritou Azag'All mirando seu fuzil para um tritoniano que operava uma espécie de painel.

O tritoniano não parou de teclar comandos, como se não tivesse o escutado.

– Vire-se devagar, é uma ordem. – Azag'All se aproximou e olhou para o painel, não era nada do que ele já tivesse visto antes, mas parecia comandos de uma espaçonave. O tritoniano escrevia numa língua completamente desconhecida.

– D'estrelas longínquas o manto vermelho recobre o espaço outrora vazio, liberta-nos da carne as almas vazias. Rubro sangra Koboro Borck... – Repetia o verso na língua tritoniana.

Ele notou a presença do Tritão apontando o fuzil ameaçadoramente para ele, por algum instinto o tritoniano tentou agarrar o comandante Azag'All assim que o olhou nos olhos, porém não durou muito, uma coronhada o derrubou inconsciente.

– Atenção Tritões, presença de tritonianos hostis a bordo.

– Comandante olhe acima. Isso definitivamente não é uma edificação construída em Godra.

Azag'All iluminou o teto da sala em que estavam, vários casulos com tritonianos imersos estavam suspensos por material orgânico e sintético, como os vistos no interior da nave Borck. Os monitores também suspensos mostravam uma trajetória recentemente completada.

– Essa não é uma instalação humana, estamos dentro de uma estação espacial Borck!

O grupo avançou para a próxima sala, o ritmo de pulso vinha dali. Um enorme coração pulsava, casulos com crianças humanas estavam suspensos, dormindo imersas em um liquido avermelhado, translúcido. Azag'All abriu um com uma faca derramando o liquido pelo chão da sala, puxou uma garota de dentro do casulo e a libertou dos fios e sondas feitas de algum material biológico. A garota engasgava-se, vomitou o líquido vermelho que havia engolido.

– Quem é você? – Perguntou a pequena garota caucasiana, aparentava ter 7 ou 8 anos de idade, possuía olhos castanhos, sem pelos na cabeça nem mesmo cílios ou sobrancelhas. – Onde estou?

– Sou o comandante Azag'All, sou um tritoniano, você estava presa em um casulo criogênico Borck. – Seu capacete traduzia o idioma tritoniano para o humano automaticamente.

– Eu estava no hospital, e de repente estou aqui. Quem é você o que quer de mim. Onde eu estou? – A garota chorava desesperada.

– Tenha calma garota, estamos aqui para salva-la. Você estava sob influência alienígena Borck, iremos leva-la de volta à sua família.

– Me largue! Rubro sangra Koboro Borck! – Falou com o timbre de sua voz estranhamente metálico, ela empurrava os braços do Tritão na tentativa de livrar-se, olhou para cima e gritou o máximo que pode, os tritões taparam os ouvidos atordoados.

O coração no centro da sala parou de bater como se reagisse ao grito da garota, e num instante os vasos explodiram, o coração jorrou sangue por todos os lados, gases pegaram fogo na sala, os tritonianos foram jogados com o impacto de uma explosão do centro da sala para as laterais. Dois fuzileiros que estavam mais próximos ao centro da explosão estavam ao chão com pedaços faltantes em seus corpos.

Azag'All levantou-se ouvindo um zumbido por consequência da explosão, olhou em volta e várias crianças estavam desacordadas. Alguém gritava mas ele não conseguia escutar, sangue escorria de seu pavilhão auricular, provavelmente tinha perfurado o tímpano.

Viu o corpo da garota no chão, checou seus sinais vitais, ela ainda estava viva, poes-se de pé.

– Comandante a base vai explodir! – Gritava um dos fuzileiros que colocou uma criança humana e uma tritoniana nos ombros. – Ajude quem puder temos que fugir daqui.

Azag'All concordou com a cabeça, pegou a garota que antes gritara em um ombro, jogou outra no outro ombro e correu. Vasos sanguíneos das paredes explodiam em sangue e fogo por onde eles passavam, aquela garota ativou algum sistema de defesa do complexo. Quando atingiram o fim dos corredores os 3 fuzileiros e Azag'All escaparam com 6 crianças nos braços, mas o laboratório deu lugar a uma bola de fogo radioativo.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora