6.1 - Paz nas estrelas

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Os anos se passavam e os treinos se tornavam menos frequentes, parecia que não tinham mais missões para fazer, todos os pilotos do esquadrão atingiam pontuação máxima em quase todas as missões, alguns tinham uma ou outra dificuldade, porém já tinham praticamente dominado todos os cenários. Daniele apesar de sempre ter medo de ter visões de seu acidente de novo, aquilo nunca mais tinha acontecido. Treinavam no espaço defendendo a Akimura, treinavam em Raven orbitando o planeta, defendiam as estações energéticas em órbita da estrela Aires. Foram convidados para missões conjuntas com as outras esquadrilhas da Akimura e com esquadrões de Raven, treinavam inclusive orbitando os planetas do sistema Nexus.

Com o tempo tudo aquilo parecia um tédio e Daniele resolveu liberar os pilotos para folgas em Raven com mais frequência, pedia que voltassem periodicamente para algumas missões, deste modo, não perderiam a prática.

Um dia, no aniversário de 2 anos de missão, a maior parte dos oficiais militares se reuniram num bar no subúrbio de Onix. Daniele Hunter tentava ignorar a presença da linda Cameron.

A neuronet recriava os avatares a partir de informações do DNA, construindo da forma mais perfeita que poderia estar. Cameron Lima, uma oficial, contudo deveria ser modelo, 1,78 metros de altura, cabelos loiros e compridos, olhos verde claros, um rosto afilado, nariz um pouco maior do que o normal, porém nada que comprometa a beleza de seu rosto. Ela sorria enquanto bebia com seus companheiros da cúpula de comando, e sua namorada Tenente Martinez, fuzileira Viking recém-formada na academia da Aliança. Provavelmente foi convencida por Cameron a embarcar na Akimura, como ela também fora influenciada por aqueles olhos, sorriso e belas palavras.

Daniele fingia divertir-se com seus companheiros de esquadrão, rindo das piadas de Mowren, e das trapalhadas de Ramalho e Gonzalez.

– Dani, você está muito retraída, que tal uma rodada de tequila por conta do Rama?

– Você não vai conseguir me embebedar hoje Magro! – Ela ria, já tinha passado por comemorações demais com aquela turma e sabia o que aconteceria depois da tequila.

– Senta ai Magro! Última vez a gente teve que te carregar! – Gonzalez, o mais velho da turma, ria do amigo.

– Ninguém carrega o Rama. O garçom tequila pra todo mundo da mesa!

– Putz! – Protestava, entretanto não era relutante, aniversario de missão era uma data especial.

A tequila tinha o mesmo sabor na simulação, era como fogo descendo pela goela, todos faziam careta e colocavam sal e limão para amenizar o sofrimento do primeiro gole. Depois a sensação era de que tudo rodopiava por alguns segundos, então logo tudo se tornava mais engraçado e os movimentos ficavam mais leves.

– Mijar! – Se levantou de uma vez e quase tropeçou.

– Opa! – Mowren segurou ela. – Nossa líder não pode cair com uma tequila só!

– Obrigada Vinícius.

Ela andava para o banheiro, passou perto dos oficiais da cúpula, e lá estava Yuri, por coincidência aquele médico mais velho que havia conversado com ela ao embarcar na Akimura estava no mesmo bar. E estava diferente, tinha cortado o cabelo, ajeitado a barba, continuava grisalha, porém mais acertada. Se tinha algo que atraia a jovem Daniele eram homens com barbas e cabelos grisalhos, e somado ao álcool então, aquela situação poderia facilmente sair do controle. Ela sentiu um pequeno desconforto que a fez contrair as pernas quando ele demonstrou que a tinha notado. Ele sorriu acenando com a cabeça. Ela sorriu de volta e levantou o copo de cerveja.

Aquela noite realmente tinha tudo para sair do controle.

– Oi, Yuri, quanto tempo. – Ela resolveu se aproximar já que ele não tomou a iniciativa, talvez a bebida tenha incentivado.

– Olá Dani. – Falou Yuri com um largo sorriso. – Soube que quebrou todos os recordes dos pilotos Sabre de todo o sistema Aires. E de salto alto!

– As pessoas exageram, eu usei um coturno, porém poderia fazer melhor e com mais elegância de salto alto se a programação dos simuladores permitisse. – Ela riu da própria prepotência fingida.

Cameron pegou Martinez pelo braço quando viu os dois juntos novamente e se afastaram para o outro lado do bar, talvez a presença de Daniele incomodava Cameron da mesma forma.

– A senhorita é muito convencida. De certo modo com razão, realmente fica muito elegante de salto alto. – Falou olhando para suas pernas. – Me diga, como tem passado? Nunca mais nos vimos.

– Bem muito bem. Dr. Akimura – ela enfatizava o "doutor" e sentou-se ao seu lado – que tal um brinde?

– Aos 2 anos que vi seu sorriso.

– Aos 2 anos que trocamos olhares e 2 anos de missão – ela levantou o copo– E a um reencontro. – Ele brindou.

A noite saiu do controle. Decidiu que seria um caso isolado, porém o modo como se desenrolou não saia da cabeça de Daniele.

O modo como ele começou, lentamente, porém a pegando com força na parede do quarto antes mesmo de fechar a porta. O beijo era envolvente, o quarto estava iluminado só com a luz de um luar, ele beijava ela apertando sua cintura contra a dele, colocou a mão por entre suas coxas e subiu lentamente enquanto a beijava, sua barba roçou no rosto de Daniele.

– Vamos pro quarto. – Sussurrou, ele a conduzia e ela adorava isso.

Levou ela para a cama, ao entrar uma música já começou a tocar, tirou a roupa dela e ela ajudou a tirar a dele, foi a primeira vez que ela fez amor na neuronet, por esse motivo ela não sabia dizer se a sensação de prazer simulado era mais intensa ou se Yuri era tão bom no que fazia.

Um ano após aquela noite, há 3 anos que a E.M. Akimura partiu, quase toda a tripulação permanecia em criogenia. Três anos de silêncio nos corredores da nave, apenas as equipes de plantão e sobreaviso se mantinham alternando os turnos de trabalho na espaçonave.

Neste último ano Daniele se lembrara daquela noite, se segurava para não o procurar, entretanto eles ainda se encontraram por cerca de quatro ou cinco vezes, tinham que matar aquela saudade, e sempre era tão bom quanto da primeira vez. Contudo uma dúvida gerava medo na garota, como seria quando voltassem para a realidade da Akimura?

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora